quarta-feira, 6 de setembro de 2017

Para o Estadão, Janot deveria se demitir

                                                  

          O Estado de São Paulo, no seu principal editorial de hoje, afirma que "Janot deveria se demitir".  Para o Estadão,  o procurador-geral, Rodrigo Janot deveria ter renunciado ontem (5 de setembro) ao cargo, sem esperar a data regulamentar de 17 de setembro.
           Qual seria a razão para tal gesto intempestivo? "Com esse gesto, Janot demonstraria que afinal lhe restou alguma prudência, depois de ter-se comportado  de maneira tão descuidada - para dizer o mínimo - em todo o lamentável episódio envolvendo a delação premiada do empresário Joesley Batista.
             "Janot veio a público anteontem para informar que Joesley deliberadamente omitira da Procuradoria-Geral informações cruciais em sua delação, especialmente o fato de que o empresário contou com a orientação ilegal de um auxiliar de Janot, o procurador Marcelo Miller, para produzir a bombástica delação contra o presidente Michel Temer e conseguir o precioso  acordo que lhe garantiu imunidade total. No mesmo instante, o procurador-geral  tinha por obrigação  reconhecer que foi feito de bobo por um criminoso confesso e que não está à altura do cargo que ocupa".
              O editorialista assinala que, pela sua imprudência, Janot desconsiderou as suspeitas que recaíam  sobre o procurador  Marcelo Miller, que teria ajudado Joesley a preparar delação contra Temer. Na época, ele achou que nada havia contra o antigo auxiliar, a despeito de haver pedido exoneração do cargo para trabalhar no escritório de advocacia  que negociava o acordo de leniência da empresa de Joesley, a JBS.
               Assim, quando Janot apresentou a denúncia contra Temer, ficou claro que ela nada tinha além de ilações.  Malgrado a fraqueza da denúncia, Janot chegou a reiterar que "faria tudo de novo", i.e., daria imunidade total a Joesley em troca de que o empresário dissesse contra Temer.  
               Não era à toa - segundo frisa o editorial - que Joesley se sentisse tão à vontade. Cuidados básicos foram negligenciados pela Procuradoria-Geral, com o aval do ministro Edson Fachin, antes que a denúncia contra Temer fosse apresentada. Nem mesmo perícia foi feita nas declarações que supostamente incriminavam o presidente.  Quando se evidenciou que as armações de Joesley não produziram as provas que Janot tanto alardeou,  passados já dois meses do escândalo,  o STF concedeu mais sessenta dias para que o empresário entregasse os prometidos anexos.
                Como assinala o Estadão, tudo ficou ainda mais confuso  quando se soube que Joesley tinha mais 40 horas de gravações que havia apagado do aparelho que entregara para perícia da Polícia Federal.  Quando tal informação veio a público, Joesley correu a entregar os áudios que faltavam.
                Diante disso, como refere o Estadão, qualquer observador de bom senso questionaria as intenções de Joesley Batista. E a competência de Rodrigo Janot. No entender do editorialista, faltou ao Procurador-geral tino profissional e bom senso. E ainda de nada adianta vir agora a dizer que tudo foi feito de "boa fé".               


 ( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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