domingo, 17 de setembro de 2017

Escaldado o STF ?

                               
         Tendo presente o blog anterior  - A Segunda Denúncia de Janot -  o seu prometido grand finale, nas lapidares palavras do editorial do Estadão de hoje, na verdade a peça acusatória apresentada ao STF na passada quinta-feira, ela não acrescenta qualquer tipo de mérito  ao currículo de seu autor.
          Assim, na interpretação do jornalista, tamanha seria a sua fragilidade que o ministro Edson Fachin, relator da Lava-Jato na Suprema Corte, preferiu fazer malabarismo verbal para não ter de enviar, monocraticamente (por si próprio), a peça à Câmara dos Deputados.
          Dessarte, como assinala o jornal, o Ministro Fachin  sublinha que "diante da ausência de efeito suspensivo da questão de ordem, a prática de ato de impulso processual subsequente ao oferecimento da denúncia, sem embargo da relevante questão jurídica, não dependeria, em tese, de solução por parte do Pleno."
            Nesse ponto, o Ministro Fachin faz referência à questão de ordem previamente apresentada pelo Presidente Temer, com o objetivo de sustar o encaminhamento da denúncia à Câmara, tendo em vista a possibilidade de revisão ou rescisão do acordo de delação premiada com integrantes da JBS. Assim, segundo o Ministro-relator, seria possível enviar desde já a denúncia à Câmara, mas preferiu não fazê-lo.
              Na verdade, segundo sinaliza o editorialista do Estadão, a prudência de aguardar o julgamento da questão de ordem e de remeter ao plenário do STF a decisão sobre o encaminhamento da denúncia - quando tudo podia ser feito ex-officio, de forma monocrática - diz bastante sobre as muitas dúvidas que pairam sobre a peça acusatória.
               Pois, é forçoso reconhecer que a segunda denúncia  é tão insustentável que suas mais de duzentas páginas não trouxeram qualquer novidade probatória, nem sequer produziram abalo de monta no ambiente político, o que muito se poderia esperar em se tratando de  acusação formal contra o presidente da República. Ao reputar "razoável e recomendável aguardar o julgamento da citada questão de ordem,prevista para o dia 20 de setembro próximo, conforme sessão de 13.9.2017", nessas palavras do relator Edson Fachin se vislumbra, como aponta o editorialista, um STF escaldado  pelas ações de Rodrigo Janot.
                Levando mais adiante a sua argumentação, sublinha o editorialista do Estadão: "Talvez os eventos das duas últimas semanas possam ter contribuído para a Suprema Corte dar-se conta do risco que é por a mão no fogo  pelo procurador-geral da República."
                 Diante das confusões aprontadas por Janot, como soa a seguinte conclusão do editorialista? "Após os veementes votos dos ministros, proferidos em fins de junho, a respeito da competência do Ministério Público para firmar acordos de delação premiada - discutia-se a validade dos termos do acordo com Joesley Batista - não deve ter sido fácil aos integrantes do SFT tomar conhecimento da confusão e das possíveis ilegalidades envolvendo as tratativas dessa delação com a Procuradoria Geral da República." (meu o grifo)
                 Como frisa o Estadão, em seu editorial de hoje, "agora, o procurador-geral da República deixa o cargo, mas antes de ir cria um novo imbroglio, que exige do STF medidas excepcionais de prudência. Diante da miríade de absurdos que o País tem sido obrigado a assistir, é ao menos animador saber do esforço que integrantes da mais alta Corte do Judiciário fazem para conter os danos de atuação tão desastrada."



( Fonte: O Estado de S. Paulo ) 

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