quarta-feira, 27 de setembro de 2017

O novo decreto de Trump e a Venezuela

                     
      Ser incluída nos regimes suspeitos no novo decálogo do Presidente Trump - que, na essência, é a versão revista da tentativa anterior  de por no index os muçulmanos e os países árabes, versão esta que a resistência das cortes americanas muito contribuíu para diluir e conter o respectivo viés xenófobo  - a par de não surpreender ( alguma reação deve haver contra a ditadura de Maduro ),  Caracas não pode aspirar a que os Estados Unidos possam considerá-la como um regime similar às demais democracias en Latino America, quando basta um exame perfunctório para que se tenha ideia de que estamos diante de ditadura, que não respeita os direitos mais comezinhos da população.
        Por isso, que se aplique ao governo venezuelano e seus representantes um tratamento diferenciado é uma reação natural, eis que o regime instalado em Caracas não é democrático, e o governo só persiste no poder pelo reiterado recurso a procedimentos inconstitucionais, seja no desrespeito ao direito de interromper o mandato executivo, seja na convocação inconstitucional de Constituinte reunida na 'marra', e sem qualquer sombra de respeito à universalidade na respectiva consulta ao Povo venezuelano.
         Tampouco se respeita a autonomia dos órgãos judiciais. Assim como com os órgãos policiais - que são instrumentos da ditadura de Maduro - não há sombra de respeito pelos direitos humanos, o que caracteriza o regime ditatorial venezuelano é o inverso da defesa da Justiça na democracia. Os serviços de segurança não passam de instrumentos do poder executivo, é este quem designa os eventuais 'inimigos' ou pessoas a serem trancafiadas nos calabouços e nos cárceres do poder instaurado.
          Por isso, não deve despertar mossa que representantes de um regime corrupto e ditatorial sejam barrados em suas eventuais tentativas de visitar os Estados Unidos.
     Entretanto, os nacionais venezuelanos que comprovem o seu apreço pela democracia e não sejam funcionários ou simpatizantes da ditadura de Maduro, não podem ser vitimizados pelo fato de viverem em um país hoje anti-democrático. De acordo com a sua vocação democrática, os Estados Unidos precisa distinguir entre os seus visitantes, os que têm apreço pela democracia, e aqueles cujo mister é perseguir os partidários da democracia.


( Fonte: Folha de S. Paulo )

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