terça-feira, 16 de maio de 2017

Outra gafe de Trump ?

                                 
      Não é agradável que o restrito clube ocidental de intercâmbio de informações sigilosas seja sacudido de repente pela notícia de que um dos elos da cadeia não é confiável.
      No reino da inteligência, a reserva é o tempero indispensável  não só para preservar a eventual qualidade da informação, mas também, e sobretudo, para garantir-lhe utilização eficaz.
      Em termos de informação, não se trata de egoísmo preservá-la de que a ela possam ter acesso entidades fora do clube exclusivo.
     Reportando-se à questão de forma genérica, o segredo - também nesse campo - pode ser a alma do negócio.
      Assim, quando veio à tona que o novel presidente Donald Trump se mostrara estômago frio em termos de informações desse gênero, ele contribuíu de forma irresponsável para quebrar a confiança nesse campo.
      Como se sabe, e mais ainda no delicado setor do intercâmbio da inteligência, passá-la adiante é procedimento complicado, eis que levantando o pano assume a responsabilidade pelos eventuais efeitos da sua disponibilização a uma parte que está fora do circuito.
      Porquê a Federação Russa de Vladimir Putin não recebe - ou não recebia - esse tipo de informação, se deve simplesmente à circunstância de que as suas alianças são outras. A Rússia - e tal constitui verdade inegável - é uma adversária da aliança ocidental e do sistema sob a coordenação estadunidense.
      Compreende-se, assim, desde já, porque gospodin Vladimir Putin pôs quase todas as suas fichas para derrotar Hillary Clinton - e não só por ter um velho ressentimento contra ela -, mas sobretudo pelos irretorquíveis elos de Mr Trump com Moscou, a ponto de que para não poucos dos amigos de Tio Sam ele seja visto como virtual risco de segurança. Daí, a pronta reação do atual morador da Casa Branca em afastar James Comey do FBI,quando este último falou sério sobre investigar a influência russa no capítulo.
       Todo o empenho da Rússia em atrapalhar a eleição americana - ou melhor, tudo fazer para que o "seu" candidato vencesse -já é um elemento para lá de intranquilizador no quadro. Se o 45º presidente dá o bilhete azul para Comey, tão logo este anuncie que vai empenhar-se em apurar a verdade (muito se poderá dizer da falta de contenção política - em termos eleitorais - do então chefe do FBI, mas nunca de pouco empenho profissional), não pude senão lembrar-me da advertência do colunista do New York Times Paul Krugman, quanto ao risco de segurança que representa Trump na sua aparentemente estreita relação de amizade com gospodin Putin, esse seu velho conhecido, formado pelo KGB e que um Boris Ieltsin já nas últimas chamara para assumir a primeira ministrança e em seguida a presidência.   


( Fontes: The New York Times, Karen Dawisha - Putin 's Kleptocracy )

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