domingo, 21 de maio de 2017

A crise da presidência Temer

                                       

            Temer, acuado, parte para o ataque contra o algoz Joesley. Fez ontem, do Planalto, o seu segundo pronunciamento à Nação em três dias.
            Temer não é mau orador, mas está encostado na parede.
            Temer impugna de fraudulento o áudio e pede ao STF a suspensão do inquérito até que seja comprovada a integridade da gravação de sua "conversa".
              Temer chamou de pífia a acusação de corrupção pela qual é investigado no STF, e ataca Joesley Batista:"O autor do grampo está livre e solto, passeando pelas ruas de Nova York. (...) Não foi preso, não foi julgado, não foi punido e, pelo jeito, não será."

               Entrementes, a base parlamentar da presidência Temer se esvai em vagarosas gotas.  Horas antes do pronunciamento, foi a vez do PSB anunciar a saída da base aliada.

               Em nota divulgada neste último sábado, a Associação Nacional dos Peritos Criminais Federais considerou "inaceitável" que a Procuradoria Geral da República tenha anexado o áudio da conversa mantida entre Michel Temer e Joesley Batista sem uma perícia técnica por peritos federais.
               A referida Associação recomendou "o envio imediato" do áudio e do equipamento usado na gravação para uma perícia completa no Instituto Nacional de Criminalística.  E acrescentou: "Inaceitável que, tendo à disposição a perícia oficial da União, que possui os melhores especialistas forenses em evidências multimídia do país, não  se tenha solicitado a necessária  análise técnica no material divulgado, permitindo que um evento de grande importância criminal para o país venha a ser apresenta-  do sem a qualificada comprovação científica", diz a APCF.
                Essa associação diz a respeito que "ao se ouvir o áudio, percebe-se a presença de eventos acústicos que precisam passar por análise técnica, especializada e aprofundada, sem a qual não é possível emitir qualquer conclusão da autenticidade da gravação."

                 A propósito - e isso não é nota de pé-de-página - a explicação dada pela Procuradoria-Geral-da-República à reportagem da Folha é um tanto estranha: assim a PGR considerou que essa era uma etapa posterior na investigação, depois de aberto o inquérito, e que eventuais dúvidas poderiam (ser) dirimidas ao longo da apuração. E na sexta-feira, a PGR afirmou em nota que a autenticidade da gravação "poderia ser verificada no processo".

                   Com a devida vênia, tal atitude semelha demasiado permissiva, eis que se trata de um Presidente da República, e de sua destituição ou não. Se a gravação é básica para tal determinação, a sua autenticidade é fundamental, porque não é cabível acusar um Presidente da República e depois verificar se a acusação é verdadeira ou falsa.   


(  Fonte:  Folha de S. Paulo  )                              

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