quinta-feira, 4 de maio de 2017

Maduro x Procuradora-Geral

                            

            Em contraponto com a Procuradora-Geral Luisa Ortega, Maduro afirmou ontem que sua súbita decisão de convocar uma Assembleia Consti-tuinte era a oportunidade  de "reverter a derrota" sofrida nas eleições parla- mentares de dezembro de 2015.
            Por sua vez, a Procuradora-Geral  fez críticas contundentes ao go-verno. Em entrevista ao Wall Street Journal, ela condenou a violência do Estado contra os manifestantes, acusou as autoridades de não agirem de acordo com a Lei, e elogiou a atual Constituição, que, segundo ela, não pode ser melhorada.
            "Não podemos exigir comportamente pacífico e legal dos cidadãos se o Estado toma decisões que não de conformidade com a lei", disse Ortega.
              Maduro revelou, por sua vez, ter ordenado operações de busca de grupos armados opositores, que, segundo ele, estariam por trás da violência dos últimos protestos. As perturbações começaram com a malograda tenta-tiva, há um mês atrás, do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) de assumir os poderes da AN, voltando atrás logo após, forçado pela reação internacional, pelo menos 34 pessoas morreram, e cinco desde a madrugada de ontem.Por outro lado, centenas foram feridas em manifestações que se apossaram do país.
              Entregando à presidente do Conselho Nacional Eleitoral, Tibisay Lucena, o projeto de criação da Constituinte, Maduro aditou: "O novo pro- cesso irá consolidar a República e trazer à nação a paz que ela merece."
               Maduro reuniu-se  com os ditos representantes eleitorais, adian-tando que a votação será  para compor assembleia com quinhentos membros.
               Continuando com os protestos, quem apoia a oposição ocupou ruas de Caracas para protestar contra a Constituinte, que na prática é mais uma manobra para evitar a provável contundente derrota do governo.
                Antes de serem bloqueados, milhares de venezuelanos se reuniram de forma pacífica. Houve confronto com os jovens mascarados que se postaram na dianteira da marcha. Em seguida apedrejaram a Guarda Nacional, a que a polícia respondeu com gás lacrimogêneo. Nos confrontos, dois deputados ficaram feridos: Julio Montoya e o vice-presidente da AN, Freddy Guevara.  No Twitter, Guevara declarou: "Senhor Nicolas Maduro, anuncio que estou firme e vou seguir em frente. Uma ferida de sua ditadura é uma medalha de honra."
                      Ontem a Chancelaria mexicana se uniu a países da região que condenaram a medida, como Estados Unidos e Brasil: "Qualquer iniciativa para alterar o sistema constitucional deve ser feita por um órgão constituído por meio de voto livre, secreto, eficaz e universal".


( Fonte:  O Globo )

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