terça-feira, 9 de maio de 2017

O depoimento de Sally Yates

                              


              Sally Yates, democrata, exercera as funções de Procuradora-Geral interina, durante curtíssimo período  e foi demitida por recusar-se a cumprir a ordem do Presidente Trump de não admitir a entrada de imigrantes muçulmanos. Como se sabe, essa saraivada de decretos mal-fundamentados foi posteriormente derrubada por uma série de juízes federais, para honra dos Estados Unidos.
              A convocação de Sally Yates ao Senado Federal se deveu sobretudo a questões de segurança nacional levantadas pela nomeação por Trump de Michael T. Flynn.
               Elegante e articulada, Sally Yates não tergiversou nas suas respostas à Comissão. 
               Ciente a respeito de importante questão de segurança nacional, Ms. Yates não tergiversou, por saber que o assessor de segurança nacional, Michael T. Flynn, mentira para o Vice-Presidente acerca dos seus contatos com agentes russos. O silêncio de Flynn nessa matéria em geral criava para Moscou a oportunidade de chantageá-lo no futuro, o que não era do óbvio interesse da nova Administração.  O próprio Presidente Obama alertara a seu sucessor sobre a inconveniência de designar Michael T. Flynn para o posto.
                 Sem embargo, a despeito de sua mentira ao Vice, e a respectiva suscetibilidade à chantagem, ambas de pleno conhecimento de parte do Presidente Donald Trump,  Flynn continuaria no seu relevante posto por mais dezoito dias, com o que concordou Ms. Yates quanto ao que essa preocupante demora significa em termos de segurança nacional.
                 Essa falha da nova Administração - sublinhada por Ms. Yates - também foi corroborada por Mr. James R. Clapper Jr., ex-diretor da agência nacional de informações (intelligence). Como disse Ms. Yates, os serviços estrangeiros de inteligência estão sempre à cata de meios de obter informações delicadas de funcionários do país junto ao qual atuam. Assim, se Flynn mentia para os seus chefes em matéria de contatos com agentes russos, e se estes viessem a sabê-lo, tal seria usado contra ele, no que os russos repetiriam o que antes faziam os soviéticos.

( Fonte:  The New York Times )  

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