quinta-feira, 25 de maio de 2017

A Luta da Procuradora Ortega

                    
             Continua a Procuradora-Geral da República a atuar como uma espécie de coro na tragédia grega da insurreição popular venezuelana. Como nos antigos espetáculos de tragédia e comédias, encenadas nos teatros populares  da antiga Hellas, a função do coro era a de sinalizar erros e outras faltas dos personagens do espetáculo. Também a exemplo do coro grego, ela tem liberdade para criticar e apontar erros, mas o poder de
corrigi-los.
              Não tem sido outro o papel da Senhora Luisa Ortega Díaz, que vem agindo como crítica do presidente Nicolás Maduro e das forças de segurança, assinalando a respectiva inaceitável  violência na resposta às manifestações populares.  A Procuradora-Geral tem criticado reiteradamente em suas comunicações essa violência como essência da resposta de Maduro aos protestos.
               A Senhora Ortega Díaz atribui essa tentativa de repressão a incompreensão  das verdadeiras causas que carregam as pessoas para as ruas e espaços públicos da Venezuela.
               Em seu relatório, divulgado nesta 4ª feira dia 24 de maio,  em 54 dias de manifestações contra Maduro 55 pessoas morreram, mil ficaram feridas e 2.644 foram detidas.
               Na sua apresentação do balanço sobre a crise na Venezuela,  a senhora Ortega Díaz declarou que a crise se resolve "reconhecendo que existe o problema."
                Para a Procuradora-Geral,  "o descontentamento social é o resultado da severa crise (que) leva ao desabastecimento de alimentos, remédios e à insegurança que existe."
                 Ainda no que tange ao desabastecimento,  Ortega Díaz fez  apelo pelo fim  dos saques que, no seu entender,  alimentam a escassez. E condenou a guerra de versões sobre as mortes e os boatos por atrapalharem as investigações.
                 Desde março de 2017, a Procuradora-Geral se distancia do governo Maduro. Nesse sentido, ela considerou uma ruptura constitucional a sentença que dava ao Judiciário as funções do Legislativo, que foi de resto derrubada dias depois, não só pela reação da oposição, mas também pela resposta internacional a este rematado absurdo da administração Maduro.
                    Na última 4ª feira, mantendo a postura caricata de tribunal a serviço da ditadura, o Tribunal Supremo de Justiça (que foi superlotado por chavistas nos primeiros meses do governo Maduro) ameaçou prender  oito prefeitos opositores se eles não impedirem o fechamento das ruas e as barricadas nos protestos.


( Fonte:  Folha de S. Paulo )

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