terça-feira, 9 de maio de 2017

Lula tenta adiar audiência

                    
        Dentro dos movimentos e contramovimentos relacionados com a audiência de amanhã, em Curitiba, da testemunha Luiz Inácio Lula da Silva com o Juiz Sérgio Moro, os advogados do ex-presidente recorreram ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), pedindo que a ação penal seja suspensa por noventa dias.
        De acordo com o pedido da defesa - integrada pelos advogados Cristiano Zanin Martins e Roberto Teixeira -  se encarece "seja concedido prazo razoável para a análise dos documentos, além da apresentação da íntegra da relação antes requerida e deferida pelo Juízo".  Segundo o pedido da defesa, o prazo maior seria necessário para que os advogados possam analisar os 5,42 gigabytes - equivalentes a cem mil páginas - de documentos que a Petrobrás anexou aos autos do processo no qual Lula é réu por corrupção e lavagem de dinheiro.

         Ainda consoante o requerimento dos dois advogados acima citados, os documentos da Petrobrás foram solicitados desde dez de outubro de 2016, mas "foram levados - em parte - ao processo somente nos dias 28 de abril e 2 de maio de 2017, por meio digital". Nesse contexto, os advogados Zanin Martins e Roberto Teixeira citam decisão recente do ministro Gilmar Mendes, do STF, que no dia 26 de abril suspendeu depoimento do Senador Aécio Neves (PSDB-MG), para que a defesa de Aécio pudesse ter acesso aos autos.
           Interpreta-se o pedido de suspensão do processo como parte da guerra de nervos travada entre Lula e seus aliados, de uma parte, e o Juiz Sérgio Mouro, de outra, às vésperas da oitiva. Ainda ontem, o juiz federal negou pedido da defesa de Lula para gravar em vídeo o encontro.

            Moro argumentou que o escopo de Lula e seus advogados não é fazer uso processual das imagens, mas usar as gravações com objetivos políticos. "Não se ignora que o acusado Luiz Inácio Lula da Silva e sua defesa pretendem transformar um ato normal do processo penal, o interrogatório, oportunidade que o acusado tem para se defender, em um evento político-partidário, tendo, por exemplo, convocado militantes partidários para manifestações de apoio ao ex-presidente na referida data e nessa cidade, como se algo além do interrogatório fosse acontecer," afirma o Juiz Sérgio Moro.

             Por outro lado, a agenda do ex-presidente na capital paranaense vem sendo tratada como se fosse segredo de Estado. A assessoria de Lula não  divulga horário de voo nem onde o petista vá hospedar-se em Curitiba, alegando motivos de segurança.
              Era esperada pelos petistas a presença de Lula na reunião da Executiva Nacional do Partido, hoje, a realizar-se na capital paranaense.  O ex-Presidente, no entanto, não vai participar de nenhum dos atos em sua defesa marcados por apoiadores, nos próximos dois dias.
             Tudo fica, portanto, pendente da grande audiência em que o Juiz Moro fará as perguntas e  o Réu, Lula da  Silva, deverá ou não respondê-las.


( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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