sábado, 18 de março de 2017

Reunião Merkel - Trump

                    
       Angela Merkel - que está onze anos no poder - lidou com a costumeira calma as imprevisibilidades do novel presidente estadunidense - que está cerca de um mês e meio no governo.
       Como notado pelo Times, a reunião entre Donald Trump e a Primeira Ministra Theresa May foi muito mais cordial, do que o encontro de ontem. A britânica terá, no entanto, mais afinidades com o presidente americano, porque ela também objetiva a dissolução da União Européia. Embora não se possa exagerá-lo - dadas as características de Trump - ela está muito mais próxima do atual presidente americano porque acredita no Brexit, com o que parece esquecer a longa luta do Reino Unido em ingressar na organização de Bruxelas. Contribui, igualmente, para a afinidade, o peso mais leve da atual liderança britânica (aí computado David Cameron, que pelos seus confusos cálculos políticos facilitou deveras o advento do brexit).
        Sendo necessariamente lábeis as relações com Trump, o clima entre Londres e Washington agora está mais enfarruscado, com as suas imputações de grampos ao serviço secreto inglês.
        Pelo que se pôde entrever no iceberg das conversações Trump-Merkel, a Chanceler terá mantido a custo o equilíbrio nas diversas reuniões. Referindo-se às expressões provocadoras do presidente a seu respeito, Frau Merkel assinalou que é preferível conversar entre si, e não falar um (mal) a respeito do outro.
          Lidar com temperamento tão errático quanto o do atual ocupante do gabinete oval não deve ser tarefa fácil. Por outro lado, tampouco será para Angela Merkel, que se esforçou em não apresentar-se como a adversária de Trump. Chegou por isso a ficar com a mão estendida no ar, porque terá talvez presumido que restasse a Trump um pouco de cavalheirismo.
          Com a larga experiência que tem - inclusive com outros impetuosos líderes, de que alguns desses já são história - Kanzler Merkel soube manter a expressão indefinida em que o próprio povo vê mais determinação e firmeza. Produto de eleições complicadas, Donald John Trump por ora é fulgurante cometa, de que se deve evitar excessiva cercania.
       
           Há velha, milenar superstição, do tempo em que o domínio cognitivo sobre a cena celeste era ainda obscuro, de que os cometas fossem mensageiros dos deuses, em missões de más notícias.
        Como não poderiam parecer dessa maneira, surgindo do fundo breu da ignorância, e após partilharem do olhar atônito dos povos, deixarem no azul profundo do firmamento o lancinante brilho brevíssimo do risco ambíguo e ambivalente, acenando com mensagens tão incompreensíveis  quanto de intuir-se, quiçá saber-se possam!


( Fontes: The New York Times; Rede Globo )     

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