sábado, 25 de março de 2017

Recuo na Previdência

                              
        As aparentes disparidades no regime da Previdência,  indicadas pela resistência no Congresso a uma verdadeira reforma, e o consequente recuo do Governo Temer - que anunciou a retirada dos servidores municipais e estaduais  do projeto federal de reforma - mandam uma mensagem de fraqueza do Governo Temer e a possível consolidação de confusão sistêmica na Previdência.
        A administração de Michel Temer parece não lograr assumir a própria condição de ser permanente. A circunstância de constituir fruto de uma conjunção para ela feliz de fatores que independeu da respectiva vontade não a exime de adotar  posição abrangente e coerente para encaminhar a solução séria do desafio da Previdência.
        Render-se às blandícias do oportunismo, só faz empurrar com a barriga a anti-solução, que é a de fingir que tal anoso problema não lhe concerne, enquanto municipal e estadual. Depois da passagem do irresponsável e incompetente segundo Governo Dilma Rousseff - que logrou, para desgraça do Brasil, exceder-se ainda mais nos infelizes atributos acima  - não  poderá, mantendo junto às narinas o fino lenço de cambraia, enjeitar qualquer responsabilidade quanto às questões previdenciárias  a solução a ser tomada por um governo que seja de verdade e não de fancaria.
          O problema é decerto grande,  mas não será o próprio tamanho que deva assustar a presidência Temer. Agindo dessa maneira, estaria tacitamente coonestando os hoje enfraquecidos Fora Temer ! que era o slogan de grupos políticos e dos energúmenos de plantão, que pareciam, a tomar pelas gargantas respectivas, energizados com o descalabro então vigente, nas esferas ética, financeira e governamental em geral.
            Se não espanta deveras, que para tal problema,  não se depare ao Governo Temer um mar de almirante, não será através de recuos que se crêem muito espertos, venha a ser a solução própria para o Brasil a fastidiosa escolha dentre as flores que pareçam oferecer menos espinhos.
            O sucesso fácil de enjeitar a arrumação das casas municipal e estadual,  julgando mostra de habilidade a timorata atitude de pôr ordem apenas na casa federal, é um falso sucesso que perde a oportunidade de estabelecer um sistema orgânico para todo o país.
            Como assinala, com muita oportunidade, o  Globo em primeira página, "com a retirada de servidores municipais e estaduais da reforma da Previdência, os professores , categoria que reúne mais de dois milhões de profissionais no país, poderão conviver com ao menos três regimes diferentes para a aposentadoria".
             Não será através dessas falsas reformas, que se limitam à escolha  multidúplice entre as flores daquelas que pareçam oferecer-lhe menos espinhos.
              Os servidores estaduais e municipais já sofrem hoje das hábeis espertezas do passado, que jogaram muitas administrações estaduais em crise permanente - como as do Rio Grande do Sul e a do Estado do Rio - por motivos vários, muitos inconfessáveis, e que se traduzem em pagamentos atrasados, em parcelamentos abusivos, e na consequente penúria dos aposentados.
                Nas ocasiões e nos respectivos desafios, não será através de espertezas ad hoc que se resolverá o problema.
                 Soluções de fachada não interessam nem aos professores, nem ao funcionalismo estadual.  Os governos mostram a própria qualidade na coragem e na retidão de evitar as solução de fancaria, e tomar a oportunidade de resolvê-los dentro de um prazo que não lhes envergonhe, nem aprofunde a atual crise de tantas administrações estaduais, que enjeitam o caminho de seriedade e honestidade sinalizado pelo governo estadual do Espírito Santo.


( Fonte:  O Globo )   

Nenhum comentário: