quarta-feira, 29 de março de 2017

O Processo Bomba

                              
         O Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ministro Gilmar Mendes, após informar que o julgamento da ação começará na 3ª feira, quatro de abril, reservando-se quatro sessões, na primeira semana do mês.
         Após essa seção extraordinária, mais três sessões nesta semana do mês de abril. Provocou certa espécie a pressa denotada pelo relator, Herman Benjamin, pressa esta  que se prenderia ao desejo de possibilitar que o Ministro Henrique Neves possa votar no processo. De qualquer forma, o seu tempo de TSE finda a dezesseis de abril.
          O Presidente Gilmar Mendes também comunicou aos colegas que instaurou sindicância interna  para apurar a origem  da divulgação dos depoimentos de ex-executivos da Odebrecht à Justiça Eleitoral, diante de seu caráter sigiloso.
           Para os auxiliares do Presidente Michel Temer, é tido como certo que o relator Ministro Herman Benjamin peça pela cassação da chapa Dilma - Temer.  No mesmo sentido parece fora de dúvida que o relator venha a recusar o pedido da defesa de Michel Temer para separar as contas da campanha.
           De qualquer forma, desde algum tempo, o Ministro Herman Benjamin tem evidenciado particular empenho em apressar o processo - no que se insere a ultimação do respectivo voto.
           Também tem Herman Benjamin se esforçado, dentro de suas possibilidades, de apressar o tempo da apreciação pela Corte do processo.  Para tal, abre maiores possibilidades de que ao Ministro Henrique Neves  sobre tempo (a data da sua saída é dezesseis de abril). Outra participante, que também votaria contra Temer, é a Ministra Luciana Lossio, representante dos advogados e que deixa o tribunal a cinco de maio.
            Não é segredo para aqueles que se especializam em prognosticar para onde soprarão os ventos de que a trinca dos Ministros Herman Benjamin, Henrique Neves e Luciana Lóssio pende pela condenação da chapa.
            Em um colégio de sete ministros, se há de convir que se tal  esquema se realizar, a perspectiva da condenação dependeria de um único voto, colhido eventualmente dentre os quatro que restariam: o presidente Gilmar Mendes, os ministros Luiz Fux e Rosa Weber (os três do Supremo) e mais o Ministro Napoleão Maia Filho.
             De qualquer forma, se o Ministro Herman Benjamin já parece haver dado bons motivos para que se acredite provável o seu parecer pela condenação da chapa,  nem tudo está decidido.  Ao Ministro-presidente Gilmar Mendes não faltam possibilidades concretas de influir no resultado final, e tal não só por seu eventual voto em favor do Presidente Temer.
              Há outra possibilidade que não parece suscetível de não ser eventualmente utilizada de forma a garantir o resultado favorável para o sentir das partes.
               Dentre os modos de influir no resultado - há dois ministros com o respectivo relógio de participação já com tempo assaz curto - está o nosso velho conhecido do "pedido de vista do processo", que pode ou ser encarado como um lídimo procedimento de esclarecer pontos essenciais no processo contra a chapa, ou simplesmente para ganhar tempo e criar condições para o colimado escopo.
                Além disso, há outros mecanismos - a solicitação pelo TSE da junção de mais provas, ou o recurso das Partes envolvidas, ou diretamente ao TSE, ou mesmo ao Supremo, seja para dirimir pontos específicos, seja para obter orientação determinada.  
                 Há outras considerações que poderiam pesar na decisão do TSE: o desastre político que representaria a cassação da chapa Dilma - Temer, se aceita a tese de que não caberia a separação, conforme alvitrada; a força dos fatores em jogo, um deles no exercício da presidência, em um momento particularmente delicado do quadro político brasileiro, e a outra parte, além de haver sido a cabeça de chave e, por conseguinte, não só predominante mas também tendente a fazer presumir que a outra parte (Michel Temer) tenha no caso exercido a influência que os vices geralmente têm em tais circunstâncias...
                  São, no entanto, apenas elocubrações de um velho bacharel formado no vetusto edifício da Moncorvo Filho...


( Fonte:  Estado de S. Paulo )

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