domingo, 26 de março de 2017

E agora, Obama ?

                                     

      Segundo noticia o Washington Post, o 44º Presidente, ao contrário de muitos de seus antecessores, não pretende deleitar-se,  quer em merecido descanso (depois do torvelinho presidencial),  quer em posição prestigiosa, mas afastada da política.
      Não poderia estar mais de acordo com a opção que seria a de Barack H. Obama. Para reforçar a presença da política, que ele vê meio afastada da população,  o ex-presidente divulgou declaração em que exorta o GOP a não desmantelar de forma unilateral o principal legado de sua Administração.
       Colaboraram com tal desejo - não exatamente por vontade própria dos indigitados - o presidente Donald Trump, a incompetência política do Speaker Paul Ryan, a oposição da linha dura republicana, e a qualidade do instrumento que pretendiam estripar.
       Os Obama permanecem, por ora, em Washington - sobretudo para esperar o término do curso ginasial da filha mais jovem,  mas também pela compulsão da Administração Trump de colocá-los sob as luzes da atualidade.
        Obama prepara a própria sequência existencial, o que é sempre um desafio para os ex-mandatários americanos, eis que lhe está fechado o grande portão do retorno à Casa Branca.
        Como seria de esperar, uma relação diga-se cordial - próxima, por conta das respectivas diferenças de intelecto e posição política estaria decerto nos impossíveis da velha coluna de Ripley - parece rapidamente encaminhar-se para o brejo das almas, diante das fantasias do 45º presidente, como a acusação de que Obama o grampeara durante a eleição.
          Em termos de Partido Democrata, Obama semelha favorecer o surgimento de novas gerações. Se as suas relações com a candidata Hillary Clinton sempre estiveram na senda do correto, e nunca foram demasiado calorosas, o mais provável é que Barack H. Obama não faça demasiado esforço em viabilizar uma nova confrontação com Trump.
           O seu olhar - pelo que conta em termos de apoio um ex-presidente - irá em busca de novos valores.
           O que interessa sobremodo neste momento é a sua disposição de dedicar-se ao redistritamento. Nesse contexto, o Washington Post indica que Obama pretende dedicar à especializada (wonky) e altamente partidária questão do redistritamento. O escopo precípuo seria o "de reverter os declínios eleitorais que os Democratas experimentaram durante os seus dois mandatos".
            Ao reportar a suposta direção do esforço do ex-Presidente, o Washington Post não poderia evitar a extrema prudência com que o establishment político tende a tratar de um fenômeno específico, que não é outro senão o gerrymandering.   Se o novo instituto de Obama lograr tal objetivo, que é o de desfazer o extenso gerrymandering estabelecido pelo GOP em estados de governo republicano, em que a 'instituição' desse peculiar sistema (essencialmente comprimir nos distritos democratas o maior número de eleitores com essa tendência, e traçando distritos do GOP em que a' maioria' esteja garantida para o Partido Republicano, temos a formação dessa contrafação eleitoral, em que fica assegurada a vitória de um maior número de deputados do GOP para a Câmara de representantes do que de democratas). Nesse contexto, a maneira mais simples de verificar que existe o gerrymander será através da votação geral no Estado (v.g., Ohio) em que senador e governador (que são eleitos por todo o Estado) costumam ter votação geral mais alta para o Partido Democrata, enquanto os representantes das Câmaras (tanto a estadual, quanto a federal) registrarão a vitória nos cômputos dos distritos respecti- vos para o Partido Republicano...



( Fontes: Washington Post, The New York Review )

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