quarta-feira, 8 de março de 2017

O trágico legado de Dilma

                                         

        Não é sem razão que, para assuntos econômicos e financeiros, busco abeberar-me na coluna de Míriam Leitão. Faz dias que os jornalões falam de atravessarmos a pior crise da História, em termos de nossas economias e finanças.
        É interessante, por muitas vezes, a leitura dos grandes jornais (na verdade, eis vezo de um velho leitor da imprensa carioca. Antes dominava a pluralidade; hoje, no Rio de Janeiro, há um virtual monopólio, se nos ativermos às tiragens respectivas).
         Os jornalões estão parcialmente corretos. O único problema é que - malgrado não ser grande amador dos romances policiais - os erros, delitos e crimes têm, em geral, autores conhecidos ou demasiado prováveis. As infrações - e a respectiva gravidade - não surgem por geração espontânea. Seja qual for a coloração política do analista, o seu compromisso com a verdade - e os sofismas aqui se desfazem com a celeridade do orvalho nas mádidas folhas das plantas sob o sol da manhã - é indeclinável. Se falta com ela ou a desfigura, como a própria credibilidade lá se vai também a própria plaqueta.
           De uns dias para cá, os jornais nos falam da pior crise da história econômica do Brasil. O PIB recuou 3,6% em 2016. Na maior recessão da História brasileira, a economia sofreu queda de 9%. O desemprego - a face mais injusta e perversa desse fenômeno econômico (porque atinge notadamente os mais jovens e os mais velhos, escolhendo com capricho maldoso aqueles que mais dependem para o pão de cada dia de baixos, sofridos salários) - chegará a treze por cento neste ano da graça de 2017 - e seja dito de paso que os italianos vêem no treze e no dezessete os números do azar...
             O passar dos anos nos ensina que não há males sem causa. Só na igreja dos cortesãos eles são bichos-papões que do nada surgiram. Ou então, quando o subujismo atinge graus preocupantes, a culpada será sempre a tinhosa oposição...
              Mas continuemos o nosso percurso, cercados ainda pela esturricada paisagem da seca econômico-financeira trazida pela dílmica crise.
               Na verdade, há uma relativa injustiça nessa atribuição. Porque há dois outros responsáveis. PrimoLuiz Inácio Lula da Silva, porque se lixou do interesse do Brasil, e só pensou - e com extremo egoísmo - no próprio, e por isso designou para o Povão como sua sucessora Dilma Rousseff, a quem apresentou como capaz de lidar com o magno desafio, como se ela fosse chefe do gabinete ministerial. Em realidade, o seu voo e experiência eram bem mais curtos, como os meses e os anos da presidência de Dilma não tardariam em demonstrá-lo.
                Por motivos desconhecidos, Dilma pensou que seria bom experimentar de novo com a inflação, como se a nossa trágica experiência com o dragão não houvera sido suficiente. A incompetência associada à húbris produz, como nós todos verificamos, efeitos mais do que desastrosos, eis que sinistros.
                     A sua provada incompetência foi premiada com mais um mandato;  tudo - pelo menos por enquanto - é possível em Pindorama.
                   Mas nesse segundo governo, ela primo mostraria que a sua incapacidade ultrapassava de longe a qualidade - que alguns governantes, apesar de medíocres, retêm - de distinguir que o destino lhe lança uma corda salvadora.
                      O leitor está certo:  Joaquim Levy lhe foi trazido e entregue de mão beijada para salvar o Dilma II (eis que o Dilma I já era história)
                      Ai de nós todos, porém, que faltava à desenvolvimentista Rousseff uma das aptidões mais comuns na natureza: a capacidade de distinguir a sua última oportunidade e o bom senso de curvar-se à realidade.
                       Nos alvores do Dilma II - quando J. Levy ainda julgava que a situação econômico-financeira podia ser salva - ela cuidou de publicamente desmoralizar o novel Ministro do Planejamento, Nelson Barbosa.
                      Este último, fiado na lógica, pensava ainda que quem ditava as normas agora era Joaquim Levy. E por isso, tratava de preparar a atualização do salário mínimo dentro de normas compatíveis com a realidade econômica prevalente.
                      Tal não era o que pensava a Rousseff. E por isso tornou públicos dois fatos inquietantes: primo, ela continuava a mandar, como se viu nas estultas determinações de manter inflacionário o incremento anual do salário mínimo; e secondo, cuidava de publicamente desmoralizar esse Ministro Levy, mostrando a seu companheiro Barbosa quem continuava a dar as ordens no gabinete.
                        Quando repercorremos o passado, as verdades repontam com as suas cores agressivas. Por algum tempo, ainda, apesar da manifesta e contrária disposição,  Joaquim Levy pensou possível continuar a acreditar na eficácia de sua presença ministerial.
                          Dilma tinha características, no entanto, que desafiavam qualquer tentativa de salvação, mesmo aquelas in extremis.
                           Foi o que infelizmente ocorreu.  Joaquim Levy não tinha espaço no governo Dilma II. A crise, que já repontava, a ela pertencia. Mas seria demasiado injusto de parte dessa testemunha, decerto modesta porém honesta, da História, que me animasse a repassar-lhe toda a culpa nessa triste faccenda[1].
                          Pois, no meu entender, a responsabilidade cabe a quem a indicou nessa peculiar democracia brasileira, como sua eventual sucessora. Luiz Inácio Lula da Silva, ao perfilhá-la como candidata, preteriu a vários nomes no PT que seriam mais capazes de enfrentar o desafio. Achou melhor indicá-la, pensando ter condições de reassumir no quadriênio seguinte. Apesar da demonstrada incapacidade - trazendo de volta a inflação y otras cositas más - Dilma conseguiria, no entanto, reeleger-se.
                           E eis porque o impeachment, proposto por um nome histórico do PT, Hélio Bicudo  viria cortar o ciclo petista de incompetência e corrupção, como os tribunais até o presente continuam a demonstrá-lo.
                           A pior crise da História brasileira resultaria desses governos do PT, marcados que foram pela incompetência e corrupção. A retomada econômica dessa crise - fruto maligno de um governo desastroso - ainda tarda, eis que por ora prognosticam apenas um débil avanço do PIB de 0,8%.
                            A trágica ironia está em quem paga o pato dessa crise com tal origem - a corrupção e a incompetência dando-se as mãos - mas aqueles na faixa do bolsa-família e a multidão dos anônimos desempregados.
                              Se não fosse trágica a motivação, dá vontade até de rir das ofensas e contumélias contra o atual governo do Brasil de parte de Delcy Rodriguez, a atual chanceler do pior governante das Américas, o Presidente da Venezuela, Nicolás Maduro.

( Fontes: O Globo,Miriam Leitão, Folha de S. Paulo e internet )



[1] negócio, cousa a ser feita (italiano) (subst. fem.)

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