sexta-feira, 31 de março de 2017

O Brexit e sua herança maldita

                              
         Fala-se muito na Inglaterra no chamado Brexit, como se fosse um tema objeto de longa consideração nacional. Essa palavra inventada, misto de slogan e de neologismo - a saída da Inglaterra (Britain exit) - sequer menciona a União Europeia.
        Sem embargo, se alguém procura um estadista que depois de longa campanha tenha afinal convencido os respectivos compatriotas a afrontarem o desafio, perderá tempo, pois esse senhor não existe. Para a expansão do Brexit, os britânicos (e as demais nações que compõem o Reino Unido) agiram com o voluntarismo e a superficialidade que tem sido, de resto, uma característica nacional se olharmos para os seus últimos chefes de governo.
        Como surgiu a idéia de realizar um plebiscito sobre a eventual saída do Reino Unido? Foi decorrência de longo debate nacional, em que as opções foram cuidadosamente avaliadas e discutidas nas sedes dos principais partidos?
        Vamos por partes. O Reino Unido já fizera uma consulta nacional, no tempo do Primeiro Ministro Tony Blair. O processo de implementação do plebiscito fora rápido e ao cabo a população optara por continuar na União Européia. Ao contrário de agora, não foi luta acirrada e Tony Blair tratara da matéria com a displicência de quem crê como favas contadas a continuação da Inglaterra na organização de Bruxelas. Parecia até que o ingresso da Grã-Bretanha na Comunidade houvesse sido um passeio, quando não o foi, havendo inclusive o pleito inglês sido barrado pelo general de Gaulle, em famosa conferência de imprensa, nos anos sessenta.
        Mas a liderança inglesa mostraria a persistência e a seriedade de quem encarou como compulsória escolha nacional o ingresso na Comunidade Européia, a princípio um sonho de velhos líderes como Konrad Adenauer, na RFA, e de Robert Schuman na França, que partiram com determinação e firmeza para a construção da Comunidade Econômica Européia, um dos primeiros avatares desse grande sonho de calejados políticos, cansados das brutais guerras do século XX, de que a Velha Álbion a princípio se dissociaria. Seis países formaram o núcleo duro desse grande projeto: Alemanha, França, Itália, Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo.
          Não é o desígnio deste  estudo fazer uma avaliação demasiado detalhada no que respeita à evolução de o que, a princípio, era um sonho de nacionalidades provadas e cansadas pelas lutas intestinas no jogo das então grandes potências, que tiveram um aprendizado demasiado doloroso, marcado pelos ódios de povos vizinhos e as consequentes catástrofes nacionais de que o século XX seria o teatro dessa louca corrida, que traria para as nações envolvidas sangue, suor e lágrimas, de que partilhariam com o bom senso de um bando de lemingues na sua bela corrida para o abismo.
           Os britânicos, no imediato pós-guerra, felizes na própria insularidade, embora saudassem com emoção a reconciliação de Alemanha e França, julgaram a princípio que lhes bastaria a aliança atlântica com a antiga colônia, ora transformada em superpotência, para garantir-lhes a progressão e a respectiva singularidade, que tão alto prezavam.
          Já na segunda metade do século XX, a progressão e o claro êxito da Comunidade Econômica Europeia - na prática, o primeiro avatar de o que constituiria a União Européia - mostraram aos líderes ingleses o manifesto interesse de participar desse organismo, então marcadamente econômico. O primeiro intento inglês de associação à organização de Bruxelas não progrediria pelo rotundo não do general Charles de Gaulle, então presidente da França. Com a sua hierática postura e notável memória - trazia na cabeça as suas mensagens ao mundo europeu e, incidentalmente, aos Estados Unidos, com a ponderada arrogância de quem transformava as suas conferências de imprensa em longos, mas nunca monótonos  discursos, feitos com a certeza de que não só o gabinete ministerial, formado por atentas cadeiras que lembravam a postura de silentes e atentos estudantes, a par dos embaixadores e seus afortunados representantes, todos à espera da enésima surpresa daquela tarde nos salões do Elysée, expectativa esta que de Gaulle fazia questão de atender, como quem não ignorava levar consigo toda a atenção que se reserva àquele dignitário que transcende aos pequenos políticos que, como escolares, assistiam as suas conferências de imprensa.
          Como todos os soberanos, de Gaulle também cairia. A face desgrenhada do povo surgiu no chienlit [1] e com a desenvoltura de outro diverso protagonista da História, levaria de roldão a empáfia e as construções da personalidade que jamais perdera a noção da própria grandeza. Se o seu fim seria abrupto em termos de dilacerar-lhe a dominante presença por mãos e gestos revolucionários,como tantos nacionais seus terão oportunamente vivenciado, enquanto viajavam em torno do próprio quarto[2].     (a continuar)




[1] essa palavra, do francês arcaico, seria escolhida por ele próprio, para designar os acontecimentos que lhe determinariam a queda. Não muito tempo depois, como profeta meio-esquecido, faleceria na sua casa de Colombey-les deux Églises.
[2] Xavier de Maitre,  Voyage autour de ma chambre.

O desafio da desordem nas contas públicas

                         

         A coluna de Miriam Leitão nos dá ideia de como são difíceis os ajustes das contas.   O impasse do Governo era o de fechar a conta de onde tirar R$ 58 bilhões. As condições para tanto eram: a ordem de Temer de não aumentar impostos, a Advocacia Geral da União desaconselhava o uso do dinheiro dos precatórios, a Receita Federal era contra a oneração do setor da construção civil, e a lei mandava fechar tudo para enviar ao Diário Oficial.
         Tratava-se de uma dramática corrida para cobrir um déficit extra só ilustra - e não pela primeira vez - o estado de desorganização das contas públicas.
          Note-se que o esforço adicional é para reduzir em R$ 58 bilhões o buraco que o Brasil terá este ano em suas contas primárias, isto é, sem contar os juros da dívida. Feitas as contas dos débitos e dos créditos, há um rombo de R$ 197 bilhões. No entanto, o Tesouro está autorizado a ficar no vermelho em R$ 139 bilhões, como determina o Orçamento.
           A Fazenda divulgou nota em que explica o desafio das  contas públicas.  O Brasil tem uma despesa de R$ 1,3 tri. E tem uma receita líquida de R$ 1,19 tri.  O país precisa cortar esses R$ 197 bilhões. E até mesmo cobrir os R$ 58,2 bi foi uma operação em que a equipe econômica se viu empenhada durante vários dias.
            O principal problema é o conhecido engessamento do Orçamento. Dinheiro há, mas não se pode mexer em nada. Os principais blocos da receita estão comprometidos com despesas que tem de ser feitas, como Previdência (R$ 560 bi), pessoal e encargos (R$ 284,5 bi). Retiradas todas as despesas obrigatórias, restam R$ 274 bi.
             Na verdade, sobrariam. Há outros gastos que não podem deixar de ser feitos: as emendas de parlamentares, água e luz de hospitais e universidades. Feitas todas as contas, sobram R$ 90 bi. E mesmo nesse total, é difícil encontrar espaço de corte.
            Feitas todas as contas, o Governo pôde afinal anunciar um corte de R$ 42,1 bilhões, com mais R$ 16,1 bi de aumentos de receitas com o fim da desoneração da folha de pagamentos de vários setores, aumento do IOF para cooperativas de crédito e concessão de hidrelétricas.
            Como assinala Míriam Leitão na sua coluna, ao longo do dia, cada vez que uma fonte de receita se tornava duvidosa, o conselho da Secretaria de Orçamento Federal (SOF) era que se contingenciasse os R$ 58 bi, porque a opção  de não concluir ontem não existia. A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) manda que a cada dois meses se apresente o balanço de receitas e despesas, e no final do mês subsequente se especifique como fazer para  corrigir a rota em relação à meta. E é isso que o governo perseguiu nos últimos dias para cumprir exatamente o que determinou o  TCU. O Governo Dilma tentou contornar essa obrigação, mudando a meta na reta final do ano.
              A grande dúvida que surgiu na quarta-feira, à tarde, em relação ao planejado foi sobre os precatórios. Os ministros Henrique Meirelles e Dyogo Oliveira tiveram longa reunião com a ministra Grace Mendonça, da AGU. Para ela, não havia segurança jurídica do uso desse recurso, eis que é dinheiro depositado pelo Governo, mas em nome de particulares. De qualquer forma, os ministros julgaram mais prudente consultar a presidente do Supremo, Cármen Lúcia e, ao cabo, decidiram não utilizar essa receita.
             Ao cabo de seu artigo, Miriam Leitão escreve também sobre o escândalo do TCE, e as prisões e a condução coercitiva. Dada a situação do Estado, é forçoso concordar com a articulista: "E o pior é que, por mais inusitado que o fato seja, não surpreendeu. Talvez pela dimensão, mas não o fato em si de haver corrupção no TCE."      

( Fonte: artigo de Míriam Leitão (O Globo)         

Prisão domiciliar ?

                                      

        Há no ar sensação de desconforto. A concessão da prisão domiciliar, em segunda tentativa, a Adriana Anselmo, além dos protestos que originou - e não foram poucos - cria desconforto com a sensação desagradável e incômoda de deslavado, arrogante privilégio concedido às classes da primeira fila da Sociedade.

         Nesse contexto, o que dizer da ideia da ministra dos Direitos Humanos, Luislinda Santos, que pede à Ministra Cármen Lúcia, Presidente do Supremo Tribunal Federal  seja estendido o benefício da prisão domiciliar concedido a ex-primeira Dama do Estado do Rio a todas as detentas em situação semelhante à dela ? Se choca a concessão de privilégio a quem se valeu à tripa forra de uma riqueza fruto do privilégio e da mentalidade do artigo 171, o que fazer de transformá-la em chave-mestra para todas as detentas em situação similar à de Adriana Anselmo?

         Conduzida pela Polícia Federal, Adriana deixara anteontem o Complexo Penitenciário de Gericinó (Bangu), onde estava detida preventivamente desde 17 de dezembro, após a expedição de um alvará determinando que ela fosse levada para o seu apartamento pelo juiz da 7ª Vara Federal Criminal do Rio, Marcelo Bretas. A mulher do ex-governador Sérgio Cabral  responde por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa.

           No dia de ontem, 30 de março, motoristas que passavam em frente à portaria do prédio onde habita Adriana fizeram um "buzinaço", atendendo a cartazes que pediam: "Buzina, não adianta, ainda é detenta".  Um grupelho de dez pessoas, entre moradores e representantes da Associação SOS Bombeiros, se congregaram junto ao edifício no Leblon.  Os manifestantes gritavam palavras de ordem contra a concessão de tal benefício à ex-primeira dama do Estado.



(Fontes:  O  Estado de S. Paulo,  Rede Globo )

A desmoralização do Golpe

                              

         Não se fazem mais golpes de estado como antigamente.  Esta é a primeira conclusão a ser tirada da dita sentença do Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela. Outra inferência a ser tomada é a suposta originalidade da alegada iniciativa da Justiça venezuelana, arrogando-se também a competência da Assembleia Nacional.
          Na verdade, essa grotesca movimentação apenas sublinha um autogolpe do presidente Nicolás Maduro. Meses antes, a Excelência presidencial já providenciara de parte do dito Tribunal Supremo, através de sua superlotação por militantes chavistas, uma postura que se dizendo revolucionária, na verdade copiou o intervencionismo de antanho, eis que os cordéis do poder continua a puxá-los o Palácio Presidencial.
           É burlesco, é ridículo, é tristemente sul-americano. Há um elemento de inovação nesse invencionismo do grupelho de Maduro. Na tortuosa, complicada e por vezes lamentável história latino-americana, se nos depara essa alegada inovação. Pena que tal invencionismo seja  filho espúrio do velho golpe de estado, de que Latino America sempre foi pródiga.
          Antes, prevendo a maioria da oposição na Assembleia Nacional, o caminhoneiro Nicolas Maduro já providenciara a super-lotação dos quadros da dita Corte Suprema.
           De início, dentro de sua meta principal - chavismo  über alles - já o Presidente providenciara o "reforço" dos quadros do dito Tribunal, dessarte extrapolando no poder Judiciário. Poucos notaram na época que esse engajado Judiciário já tratara de suspender o número necessário de deputados para que os poderes da  Assembleia fossem manietados, em termos de providências contra as autoridades chavistas.
           O problema da ilegalidade é que ela não conhece limites, dentro do princípio da velha fábula de Esopo - se não foi seu pai, foi seu avô! - com que os que detêm a força bruta costumam atalhar anosas discussões quanto às eventuais responsabilidades.
          A situação venezuelana - dado o nível de Maduro e de seus partidários - terá igualmente uma conotação caribenha ou, se assim o querem, de opera buffa, em que poder é poder, e temos conversado.
           Desde muito, a OEA vem olhando para o outro lado, diante da série de medidas anti-democráticas do chavismo, desde os tempos do Coronel Hugo Chávez Frias. Como a antidemocracia não conhece limites,tampouco os terá essa gestão calamitosa da coisa pública venezuelana, que caracteriza o governo do sucessor Nicolás Maduro.
          O jurisdicismo dos opositores do regime chavista facilita as reações de um governo que há muito caíu na ilegalidade e na supressão das liberdades públicas. Por onde se examine a situação do governo de Caracas, a pergunta inevitável será a do Porquê um estado de coisas de tal ordem - em que todos os direitos são desrespeitados, a começar pela criação dos meios de uma existência digna - continua a perdurar, enquanto o chavismo se apega ao anti-direito, vale dizer, a sua integral liberdade de maltratar os próprios nacionais.
           A OEA, se continuar, na prática, a fazer de conta que o governo chavista tem direito a valer-se do direito de criar um inferno particular na Venezuela, sem o apoio da maioria da população, esse velho organismo das Américas, perderá toda a credibilidade que lhe resta (e não é muita), eis que as fórmulas jurídicas existem não para coonestar falsas realidades, mas para assegurar existência digna às populações que as respectivas Constituições consideram soberanas, de acordo com a norma da Primeira das grandes Revoluções.


( Fontes:  O Estado de S. Paulo; O Globo; Folha de S. Paulo              

quinta-feira, 30 de março de 2017

Requião critica Janot

                                        

        O relator do projeto de lei que regulamenta o abuso de autoridade, o Senador Roberto Requião (PMDB-PR) fez várias críticas ao projeto apresentado pelo Procurador-Geral da República, Rodrigo Janot.
        Ao ler o respectivo parecer, na Comissão de Constituição e Justiça, Requião adotou viés crítico e até irônico, no que tange ao projeto do Ministério Público. Comparou o texto de Janot à célebre frase  de Tomasi de Lampedusa - "muda tudo para manter tudo como está" - e assinalou: "Parece que o Ministério Público acordou para o problema". Em veia irônica, disse: "o Janot assume postura  de Tomasi di Lampedusa e sugere um  projeto que admite excessos de todos os agentes públicos e, admitindo os excessos, tenta um artifício legal descriminalizado. E diz o seguinte: se o excesso for fundamentado, deixa de ser crime."   
          Requião defende maior celeridade na apreciação de seu parecer. E fez a respeito, uma sugestão de compatibilizar dois instrumentos legais: "No plenário temos agora a discussão do fim do foro privilegiado , que transforma-se  em um instrumento muito razoável da visão republicana do direito principalmente se ele for acompanhado pela criminalização dos excessos das autoridades."

           Ontem, a CCJ  aprovou a inversão na pauta para a leitura do parecer de Requião.  (...) Na prática, a CCJ pode votar o texto na próxima quarta-feira. Na próxima segunda e terça-feira, o presidente do colegiado, Édison Lobão (PMDB-MA) se comprometeu a marcar audiências públicas para discutir o tema.

            Já para o Senador Randolfe Rodrigues (Rede- AP), que é contra a atual redação do projeto, defensores da proposta atuaram para acelerar-lhe a tramitação.  Randolfe considera que há uma aliança entre setores da oposição e do governo para "limitar a atuação de quem hoje faz a perseguição do crime".  "Está mais com cara de retaliação do que projeto de lei. Retaliação à atuação do Ministério Público e à atuação da Lava-Jato. Só isso justifica tanta pressa," dosse o senador Randolfe.
             Por sua vez, em outro assunto polêmico, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) encaminhou ontem ao presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), o pacote das dez medidas de combate à corrupção. Ontem, Janot cobrou celeridade na apreciação da proposta pelo Congresso.
  
              O reenvio do pacote anticorrupção ocorre após a devolução do projeto de iniciativa popular por determinação do ministro do STF, Luiz Fux. A Secretaria-Geral da Mesa conferiu a lista de apoios ao projeto e validou 1.741.721 assinaturas. Eunício informou que vai esperar o pacote chegar para decidir qual a sua tramitação, mas sinalizou que pode encaminhar para comissões e não direto ao plenário.


( Fonte:  O Estado de S. Paulo  

Doria, o novo Mario Covas?

                    

          O Estado de S. Paulo, em seu noticiário político, se ocupa do incidente havido durante  a entrega de unidades habitacionais no Grajaú, na zona sul de São Paulo, com um rapaz que apostrofou de 'golpistas' as autoridades presentes, entre elas, o governador Geraldo Alckmin (PSDB)  e o Ministro das Cidades, Bruno Araújo.
          O rapaz gritou por várias vezes 'golpistas'. Aos berros, acrescentou que aquela obra é da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) e do ex-prefeito Fernando Haddad (PT).  No palco, ao fim de seu discurso, João Dória (PSDB), prefeito de S. Paulo, respondeu exaltado  que golpista "é aquele que rouba dinheiro público". O prefeito afirmou, outrossim, que o manifestante estava "estragando a festa das famílias" e o mandou ir embora.
           "Vou dizer para você que veio aqui tentar estragar a festa destas famílias que aqui estão... Que estas famílias não estão de acordo com você, não. Golpista é aquele que rouba o dinheiro público. Golpista é quem rouba o povo. Pergunta para o povo o que eles acham. Vai embora procurar a sua turma.  Vai embora procurar a sua turma lá em Curitiba", disse o prefeito, que recebeu palmas em seguida.
            "O povo sabe quem é honesto e é decente. Sabe ou não sabe? Vai procurar a sua turma em Curitiba.  Pessoal, uma salva de palmas  para o Brasil", disse, finalizando a fala.  Famílias presentes no evento chegaram a bater boca com o manifestante, pedindo que fosse embora.
             Saindo do evento, Doria tirou selfies com participantes e disse que a manifestação foi "totalmente extemporânea". "Veio aqui falar de golpe. Golpe do quê? Golpe deu o Lula no Brasil, isso sim", afirmou o prefeito de S.Paulo.
              Depois da polêmica, Doria postou o vídeo do discurso nas redes sociais e voltou a criticar o manifestante.  Em caráter reservado, tucanos avaliaram que o episódio faz parte da estratégia do prefeito para se colocar como antítese do PT e se manter como opção para a disputa presidencial de 2018.
               Apesar de negar a intenção de concorrer  à presidência da república no ano próximo, inclusive proibindo assessores de falarem sobre o respectivo futuro, a movimentação de Doria e o seu discurso nacionalizado, atraíram fogo amigo no PSDB. Como lembra o Estadão, o estilo de Doria lembra o de Mario Covas, pelo espírito combativo e a disposição de confrontar o adversário em qualquer situação.
                Antes de partir, o prefeito paulistano respondeu ao ex-ministro Ciro Gomes, que recentemente o chamou de "farsante", durante a convenção nacional do PDT. "Ciro Gomes devia se preocupar é com o estado dele, primeiro o pessoal, de saúde mental, depois o Ceará, que é o Estado que ele representa."

 ( Fonte:  O Estado de S. Paulo )


Que resposta à crise venezuelana ?

                              

        O editorial de hoje do New York Times pode parecer satisfatório à primeira vista, dada a extensão da crise na Venezuela.
        No entanto, ao querer ser moderado, o jornalão de New York na verdade, sem o desejar, estaria contribuindo para ajudar e reforçar o governo de Nicolas Maduro.
        E aí está o ponto principal da questão. Esta crise não surgiu do nada. Ela é o resultado direto da profunda incompetência e incapacidade da Administração de Nicolás Maduro.
        O presidente e seu regime tentaram dar resposta autoritária à crise, mas tangidos por um misto de funda corrupção e descomunal incompetência, eles são, Maduro e sua coorte de cúmplices e apaniguados, a causa real do pandemônio econômico, social e político em que lograram transformar a Venezuela.
         Não se trata de simplesmente dar ajuda humanitária a esse pobre país vítima da galopante incapacidade do partido chavista e, em especial, de seu chefe, Nicolás Maduro.
         A situação só tem involuído na própria deterioração. Desde os dias de Hugo Chávez Frias, a descida venezuelana tem sido, a princípio lenta, mas sempre segura. Chávez, por cega ambição de liderança em ibero-América, financiou com a renda do petróleo venezuelano uma série de organizações com que pensara desenvolver a influência e o poder da Venezuela chavista.
          Apoiado nos tempos áureos da  cotação petrolífera, Chávez tomou o presente de então, com os altos níveis do ouro negro, como se estivera diante de um fundamento seguro para o empréstimo de dólares à fonds perdus para os países da região, que contava arregimentar em seu projeto de poder nacional e regional, no Caribe (inclusive e sobretudo Cuba,a quem financiou generosamente), além de uma série de outros países como Nicarágua, Honduras, Equador, Bolívia e alguns mais, chamados a integrar uma internacional chavista, que faria concorrência à OEA.
            O projeto megalômano de Hugo Chávez, quando a situação econômico-financeira principiou a mudar, teria de sofrer as inelutáveis e inevitáveis consequências, dado o desperdício de ativos para o desenvolvimento da Venezuela, que se perderam pelas previsíveis exigências de uma vasta região empobrecida e com muita fome de capitais.
             Com a sua morte e a passagem do governo para o sucessor indicado, Nicolás Maduro, o cenário da situação econômica não tardaria a mudar e radicalmente. Como na fábula, por ignorar a necessária limitação dos próprios recursos e a imperiosa conveniência de modernizar o ente nacional do Petróleo, de forma a otimizar essa fonte que é na prática a única riqueza da Venezuela, o que configura uma virtual monocultura, Hugo Chávez criaria as condições do presente drama  que vive o seu país.
               Mas Maduro piorou demasiado as coisas, partindo para um governo e regime muito mais autoritário do que no tempo de Chávez. A sua profunda, sólida incompetência e falta de qualquer visão econômica criou as condições da descomunal crise venezuelana.  A crise, na verdade, é quem governa a Venezuela, através da escassez da produção, da substituição de uma sombra de governo por profunda ditadura, que acredita manter-se no poder a ferro e fogo como as tiranias de antanho. Mas mesmo no negro passado, os autocratas sempre cuidaram, e por interesse próprio, de manter mínima situação em que as necessidades óbvias da população e o abastecimento fossem mantidos e efetivamente atendidos.
                  À parte da truculência da ditadura e de suas forças especiais, já há alguns anos o povo venezuelano não dispõe mais de abastecimento em artigos essenciais de consumo e alimentação. A economia, reduzida à monocultura do petróleo (cuja exploração é prejudicada pelo virtual sucateamento de o que seu ente nacional petrolífero carece não só para explorar o petróleo, mas também para explotá-lo em condições que lhe assegurem retirar os recursos necessários para maximizar os respectivos ganhos). Assolam atualmente a Venezuela, além da ditadura de Maduro e de sua corja, a hiperinflação (que reduziu a níveis alemães do pós-Primeira Guerra Mundial a moeda do país), o consequente desabastecimento do comércio, e um Estado que não mais respeita a Constituição, e que vive em condições de ditadura bruta, aterrorizando a população, e sistematicamente invalidando qualquer recurso a uma saída democrática pelo consenso.
                 Por isso, que me perdoem os editorialistas do New York Times, mas acreditar na serventia deste mirífico plano de salvá-la pela ajuda internacional, seria, na prática, desperdiçar toda e qualquer ajuda, que o governo Maduro não tem condições nem de distribuir equamente, nem de montar algum esquema assistencialista válido para a saída da crise.
                Não se pode convidar a quem criou tal situação a administrar a eventual ajuda internacional. O que o Povo Venezuelano carece é de uma eleição livre, que varreria da história este regime corrupto e sobretundo incompetente, que tanto tem prejudicado e mortificado um Povo que decerto não merece padecer tal situação.
               Em outras palavras, organizar a passagem ordeira do Poder da forma mais rápida, abrindo as fronteiras para que os integrantes desse Exército Brancaleone - que não se confunde com o cômico do filme de Vittorio Gassman - possam exilar-se nos países esquerdizantes que ainda estejam dispostos a acolhê-los, enquanto, sob controle internacional, o Povo venezuelano e a sua Oposição lançam as bases de administração que possa salvar a Venezuela e estabelecer condições para que não haja fome, nem os outros males que acompanham tais situações.
                 Não nos façamos ilusões, como o bem-intencionado editorial do New York Times. A Venezuela e sua população prescindem da ajuda e da presença dessa cáfila, que só tem contribuído para a miséria, a doença e a opressão do Povo venezuelano, que merece sorte bem diversa daquela que hoje lhe proporciona esse sinistro bando de Nicolas Maduro.             
                Qualquer solução que presuma a permanência do regime de Nicolás Maduro é uma antissolução. Maduro e os cabeças dessa sinistra e brancaleônica quadrilha devem ser afastados o quanto antes do governo da Venezuela. Eles, pela própria funda incompetência, desonestidade e criminosa associação, já perderam qualquer título de perdurarem à frente do poder.
               Enquanto a opinião pública internacional alimentar a ilusão de que eles possam ser parte da solução, estaríamos diante do escárnio que é o de considerar Nicolás Maduro e a sua corja como eventual parte da solução para a desgraça venezuelana.  
               Eles, na verdade, com Maduro à frente, são a própria expressão da desgraça na Venezuela.  Pensar que eles possam constituir parte da solução é tornar a situação irreversível.
             
                  Fora, Maduro e seu regime, corrupto e incompetente!

              
              Vamos dar o poder ao Povo venezuelano e não aos chavistas que levaram o esse país para a sua atual situação de miséria e abandono. 


Moro condena Cunha

                                   

           O  juiz Sérgio Moro acaba de condenar o ex-presidente da Câmara de Deputados  e ex-deputado, Eduardo Cunha.

            Cunha foi condenado a quinze anos e quatro meses de prisão firme por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e evasão fraudulenta de divisas.

             Eduardo Cunha, cuja condenação era esperada, deverá recorrer  da sentença do Juiz Moro ao tribunal de alçada.


( Fonte:  edição virtual de O Globo )

A Lava-Jato chega ao Rio de Janeiro

                              
        Há muito esperada, a operação Lava-Jato afinal chegou ao Rio de Janeiro. Não despertam surpresa os locais visitados pela Polícia Federal. Cinco dos sete conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e a detenção coercitiva para depor do Presidente da Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro, a famigerada Alerj, que é o deputado estadual Jorge Picciani (PMDB).
         Desde muito há comentários sobre a corrupção que grassa nesses dois órgãos estaduais.  Os detidos na operação são suspeitos de participarem de atos ilícitos ou de serem coniventes com supostos desvios  praticados em obras públicas na gestão do ex-governador Sérgio Cabral (PMDB), preso em Bangu.
         Trata-se da operação  O Quinto do Ouro, que é mais um desdobramento da Lava-Jato. Aprofunda-se, em consequência, a crise política no Rio de Janeiro e, como era de esperar, as denúncias de corrupção se expandiram  do Poder Executivo para o Legislativo (comandado este  por Picciani) e tendo a Corte de Contas como órgão auxiliar.
          A ação em tela se serviu de informações fornecidas pelo conselheiro do TCE Jonas Lopes e por seu filho, o advogado Jonas Lopes Neto, através de acordo de colaboração premiada.
          Dado o andor da carruagem, há expectativa de que novas acusações atinjam o Poder Judiciário no Rio de Janeiro.
         Com autorização do Ministro Felix Fischer,do Superior Tribunal de Justiça (STJ), foram presos em regime temporário o atual Presidente do TCE,  Aloysio Neves, o vice-Presidente Domingos Inácio Brazão, e os conselheiros José Gomes Graciosa, Marco Antonio Alencar e José Maurício Nolasco. O ex-conselheiro  Aluísio Gama também foi detido.
           É de assinalar-se que da atual composição  da corte de contas apenas a corregedora Marianna Montebello Willeman não foi alvo da operação da P.F.
            Como sublinha a notícia do Estado de S. Paulo,  o citado Aloysio Neves, atual presidente do TCE, foi chefe de gabinete de Cabral quando este último ocupava a presidência da Alerj (de 1995 a 2002). Os dois - Neves e Cabral - aparecem juntos em fotos de uma viagem a Paris. Assinale-se igualmente que Jorge Picciani, hoje detido em condução coercitiva, era o primeiro-secretário da Alerj na gestão de Sérgio Cabral.




( Fonte: O Estado de S. Paulo )

quarta-feira, 29 de março de 2017

O Processo Bomba

                              
         O Presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Ministro Gilmar Mendes, após informar que o julgamento da ação começará na 3ª feira, quatro de abril, reservando-se quatro sessões, na primeira semana do mês.
         Após essa seção extraordinária, mais três sessões nesta semana do mês de abril. Provocou certa espécie a pressa denotada pelo relator, Herman Benjamin, pressa esta  que se prenderia ao desejo de possibilitar que o Ministro Henrique Neves possa votar no processo. De qualquer forma, o seu tempo de TSE finda a dezesseis de abril.
          O Presidente Gilmar Mendes também comunicou aos colegas que instaurou sindicância interna  para apurar a origem  da divulgação dos depoimentos de ex-executivos da Odebrecht à Justiça Eleitoral, diante de seu caráter sigiloso.
           Para os auxiliares do Presidente Michel Temer, é tido como certo que o relator Ministro Herman Benjamin peça pela cassação da chapa Dilma - Temer.  No mesmo sentido parece fora de dúvida que o relator venha a recusar o pedido da defesa de Michel Temer para separar as contas da campanha.
           De qualquer forma, desde algum tempo, o Ministro Herman Benjamin tem evidenciado particular empenho em apressar o processo - no que se insere a ultimação do respectivo voto.
           Também tem Herman Benjamin se esforçado, dentro de suas possibilidades, de apressar o tempo da apreciação pela Corte do processo.  Para tal, abre maiores possibilidades de que ao Ministro Henrique Neves  sobre tempo (a data da sua saída é dezesseis de abril). Outra participante, que também votaria contra Temer, é a Ministra Luciana Lossio, representante dos advogados e que deixa o tribunal a cinco de maio.
            Não é segredo para aqueles que se especializam em prognosticar para onde soprarão os ventos de que a trinca dos Ministros Herman Benjamin, Henrique Neves e Luciana Lóssio pende pela condenação da chapa.
            Em um colégio de sete ministros, se há de convir que se tal  esquema se realizar, a perspectiva da condenação dependeria de um único voto, colhido eventualmente dentre os quatro que restariam: o presidente Gilmar Mendes, os ministros Luiz Fux e Rosa Weber (os três do Supremo) e mais o Ministro Napoleão Maia Filho.
             De qualquer forma, se o Ministro Herman Benjamin já parece haver dado bons motivos para que se acredite provável o seu parecer pela condenação da chapa,  nem tudo está decidido.  Ao Ministro-presidente Gilmar Mendes não faltam possibilidades concretas de influir no resultado final, e tal não só por seu eventual voto em favor do Presidente Temer.
              Há outra possibilidade que não parece suscetível de não ser eventualmente utilizada de forma a garantir o resultado favorável para o sentir das partes.
               Dentre os modos de influir no resultado - há dois ministros com o respectivo relógio de participação já com tempo assaz curto - está o nosso velho conhecido do "pedido de vista do processo", que pode ou ser encarado como um lídimo procedimento de esclarecer pontos essenciais no processo contra a chapa, ou simplesmente para ganhar tempo e criar condições para o colimado escopo.
                Além disso, há outros mecanismos - a solicitação pelo TSE da junção de mais provas, ou o recurso das Partes envolvidas, ou diretamente ao TSE, ou mesmo ao Supremo, seja para dirimir pontos específicos, seja para obter orientação determinada.  
                 Há outras considerações que poderiam pesar na decisão do TSE: o desastre político que representaria a cassação da chapa Dilma - Temer, se aceita a tese de que não caberia a separação, conforme alvitrada; a força dos fatores em jogo, um deles no exercício da presidência, em um momento particularmente delicado do quadro político brasileiro, e a outra parte, além de haver sido a cabeça de chave e, por conseguinte, não só predominante mas também tendente a fazer presumir que a outra parte (Michel Temer) tenha no caso exercido a influência que os vices geralmente têm em tais circunstâncias...
                  São, no entanto, apenas elocubrações de um velho bacharel formado no vetusto edifício da Moncorvo Filho...


( Fonte:  Estado de S. Paulo )

Até quando, Trump, abusarás da paciência americana?

                    

          Não só proclamar a própria visão,  mas também  atuar  com a determinação - em geral reservada às causas nobres - tem sido atitude comum do 45º Presidente,  Donald John Trump.
           Que um país do nível dos Estados Unidos tenha eleito esse senhor será talvez discutido por muitos anos  após tal triste retrocesso que foi dado a conhecer poucas horas depois da jornada das eleições americanas.
           Se muitos tiveram naquele infausto dia sensação de desconforto e de perplexidade, que uma pessoa, enjeitada pela direção do próprio Partido Republicano,  haja logrado vencer pela votação indireta prescrita pela Constituição setecentista alguém incomparavelmente mais preparada e com atuação  que a transportara das bancas da Universidade, e dos prêmios reservados aos melhores estudantes até o Departamento de Estado, com longa trajetória política, assinalada pelo comprometimento pelas boas causas, e a promoção dos extratos mais necessitados.
          Ao deparar hoje a conduta do sucessor de Obama, o único consolo que resta ao eleitor é a ciência de que, em qualquer lugar do mundo,Hillary venceria a Trump, como venceu por três milhões de votos no cômputo numérico, seria hoje a primeira Madam President. Já é mais do que tempo de abandonar esse obsoleto, caprichoso sistema que costuma decretar a derrota dos candidatos que têm a maioria na votação numérica.
          Erasmo, o humanista, escreveu o Elogio à Loucura.  Se na pátria de Lincoln houvesse alguém à sua altura escreveria talvez a propósito o Elogio do bobo da Corte.
           Porque este senhor se empenha em desfazer o bom, como a legislação ambiental de Barack Obama? Trazer de volta o carvão e todas as demais pragas anti-ambientais, depõe não só contra a ciência, mas sobretudo contra a saúde.
  
          São três coisas inconciliáveis: não se pode ser ao mesmo tempo pessoa inteligente, honesta e opositor da teoria ambientalista. Assim, se alguém execra o ambientalismo, pode ser honesto mas não é inteligente. Tampouco será honesto se descrê da teoria ambientalista, e tendo poder, se empenha em  destruir-lhe os efeitos benéficos, como no caso do carvão.
  
          Na gilded age, escritor americano satirizava - que é a arma da inteligência - as necedades dos novos ricos. Os chamados barões ladrões - de onde saíram muitas grandes famílias - pelo menos tinham conquistado a riqueza, e contribuído a elevar a opulência do jovem Estados Unidos.
            O que dizer desse senhor, que cultiva a gente pobre do Cinturão da Ferrugem,e lhes acena com promessas que um con man do Oeste não ousaria fazer ?
            Hillary pensa que a intervenção russa na eleição americana terá sido vingança de Putin, por ela haver exposto, há algum tempo, as manipulações nesse campo eleitoral de gospodin Presidente. Quem sabe? Mas a ajuda ao amigo terá sido movida pelo consequente enfraquecimento ou, quem sabe?, sua impetuosa ajuda ao chamado declínio americano ?     

            Quem poderia dar visão mais depreciativa de o que abanar-se com esse triste arremedo de leque, qual juntar-se aos ignorantões que negam o óbvio, ou o que é ainda pior, colaborar em jogar os Estados Unidos ou no pântano do retrocesso, ou no deserto do atraso e do ridículo internacional ?


( Fontes: Apud Cicero - discurso contra Catilina;Mark Twain, The New York Times)



BRASIL 3 X PARAGUAI 0

                    

        O 'professor' Tite, pelo seu afinco, seriedade e competência transformou a seleção canarinho da antiga confusão técnica e tática que reinava sob o antecessor Dunga, em "a seleção", como o escrete canarinho era antigamente conhecido no futebol mundial.

       É um grande prazer ver um time com a qualidade técnica  do atual scratch brasileiro. Feio o futebol paraguaio, com o seu recurso à violência.

        Por outro lado, além de assinalar a superioridade brasileira e a aliança entre classe individual e futebol de conjunto, se o embate a princípio não parecia fácil, a manutenção do esquema, a classe individual e coletiva da equipe, e o controle do técnico Tite, que vai destruindo mitos como o do Estádio Centenário, em Montevidéu, nos fazem esperar por presença afirmativa do Brasil na Copa da Rússia.



( Fontes: Rede Globo e O Globo )

terça-feira, 28 de março de 2017

TSE: Relatório de Herman Benjamin

           

       O Ministro Herman Benjamin, relator do processo (que pede a cassação da chapa Dilma - Temer) pediu ao Ministro Gilmar Mendes,  presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE),  que marque o julgamento, que pode ocorrer já no decurso da próxima semana.
      Ontem, segunda-feira, 27 de março de 2017, o relator Herman Benjamin, enviou o relatório final para os demais integrantes do tribunal, e pediu para incluir o processo na pauta de julgamentos no plenário.
       Também neste sentido, o Ministro Benjamin telefonou para o Presidente da Corte, Ministro Gilmar Mendes, e dele ouviu a promessa de que convocaria sessões extraordinárias para a realização do julgamento. Nesse sentido, há a possibilidade de o citado julgamento acontecer na próxima semana. As bancas de advogados da ex-presidente Dilma Rousseff e do presidente Michel Temer reclamaram da 'pressa' em concluir logo  o processo. 
        No Palácio do Planalto, o suposto atendimento por Gilmar  do pedido de Benjamin causou preocupação. A expectativa era que o início do julgamento demorasse ainda mais um pouco. Nesse contexto, o Governo Temer tenta evitar  que ao menos o ministro Henrique Neves vote,  por ser alegadamente favorável à condenação da chapa (ele sai do TSE a dezesseis de  abril). A inquietude do Planalto também se estende à ministra Luciana Lóssio (deixa o TSE a quinze de maio), eis que também tenderia à cassação da chapa.
          Por outro lado, a avaliação do governo Temer é que o voto do Ministro-relator, Herman Benjamin, pela condenação da chapa será "muito duro". Ora, se acompanhado  pela dupla de Neves e Luciana, o placar do juízo já estaria em três votos pela condenação,  num colegiado de sete ministros.
          No sentido da Lei Complementar  64 - que define os prazos para esse gênero de processo - quando o relatório for liberado para julgamento, depois de três dias é feito pedido de inclusão do caso "para julgamento na primeira sessão subsequente".  O Ministro Benjamin se baseou nessa regra, no seu ofício ao Presidente do TSE.
            A chapa Dilma-Temer  é acusada de ter cometido abuso de poder político e econômico na campanha de 2014.  O PSDB abriu o processo no TSE - a candidatura Aécio Neves  fora então derrotada.  Se houver condenação , o presidente da República poderá perder o cargo. Se comprovado que Dilma e Temer  sabiam das ilegalidades supostamente praticadas, ambos podem ficar inelegíveis pelo prazo de oito anos. A chapa é acusada de haver cometido abuso de poder político e econômico na campanha de 2014.
              Dessarte, se houver condenação - tanto de Dilma, quanto de Temer - o Presidente da República poderá perder o cargo. 
               Na semana passada, Benjamin  enviara relatório parcial aos colegas. Agora, ele elaborou  nova versão, com dados enviados por alega- ções finais pelo PMDB, PT e PSDB.  O processo tem 1086 páginas e está sob sigilo. O Ministério Público tem prazo até amanhã  para se manifestar no processo.
                O encerramento do processo nessa fase de instrução indicava aos ministros do TSE que não poderia por ora realizar-se  com data de abril pela iniciativa do Relator de incluir no processo depoimento de dez delato-res da Odebrecht, com fatos relativos à investigações da Lava-Jato.  No conjunto, cerca de cinquenta testemunhas foram ouvidas durante o processo. Igualmente, foram realizadas diligências e perícias - em especial, para apurar se as gráficas que prestaram serviço para a campanha seriam de fachada.
                  A defesa do Presidente Michel Temer pediu que a prestação de contas dele seja separada daquela de Dilma Rousseff.  Com isso, os seus advogados querem colocar apenas do lado da petista as supostas ilegalida-des cometidas. Tal tese deverá ser analisada pelo plenário do Tribunal Superior Eleitoral durante o curso do julgamento.
                  O causídico Gustavo Guedes, que defende o presidente Temer, questionou o calendário do julgamento: "Não há razão para observância estrita da lei, se o relator não observou outros prazos estabelecidos. Não é razoável que um processo com tantas peculiaridades  e da importância deste tenha de ser julgado neste prazo."
                  A defesa de Dilma também criticou a pressa do Ministro Benjamin em pautar o caso. Na avaliação do advogado Flávio Caetano, o processo ainda não está maduro para ser julgado, uma vez que não teria sido garantido o direito à ampla defesa. 
                  Se o processo for levado a julgamento em tais condições, o Dr. Caetano pretende levantar essa questão na sustentação oral, durante o julgamento: "Se o ministro não se sensibilizar com os argumentos e levar a julgamento, vamos sustentar isso no plenário. O processo não está maduro para ser julgado, porque ele ofende o contraditório, a ampla defesa."
                  Nesse contexto, o Dr. Flávio Caetano sublinhou que ao serem ouvidas dez pessoas ligadas à Odebrecht, não houve direito à ampla defesa. Segundo afirmou o causídico, as testemunhas falaram por dezenove horas e trinta minutos. Nesse contexto, a defesa de Dilma pediu que também fossem ouvidas pessoas mencionadas nos depoimentos. No entanto, somen-mente  o prefeito de Araraquara (SP), Edinho Silva (PT), que foi tesoureiro da campanha de Dilma em 2014 teve direito a oitiva.
                        No julgamento, a votação dos sete ministros está assim disposta: o primeiro é o relator, e o último a se pronunciar será o presidente do Tribunal. Entre esses dois, votam, pela ordem, Napoleão Nunes Maia, que também integra o Superior Tribunal de Justiça (STJ); Henrique Neves e Luciana Lóssio, que ocupam as duas vagas alocadas a advogados; e, por fim Luiz Fux e Rosa Weber, que são ministros do Supremo.



( Fonte:  O  Globo )

segunda-feira, 27 de março de 2017

Trump e o círculo infernal

                                            

        O deputado Devin Nunes, republicano da Califórnia, segundo o Washington Post, terá desejado ajudar o Presidente Donald Trump, com  observação sobre o suposto grampo por ele sofrido por ordem  do então Presidente Barack Obama.
        No entanto, o que Devin Nunes terá conseguido foi criar problemas para o respectivo comitê de Inteligência na Câmara de Representantes, enquanto a sua credibilidade para analisar a alegada intromissão russa na última eleição se vê bastante comprometida.
        Por outro lado, está em marcha o exame feito pelo Federal Bureau of Investigations, sob a chefia do Diretor James Comey, com vistas a aprofundar o que realmente houve em termos da suspeitada intervenção do governo do Presidente Vladimir Putin no processo democrático americano, entre outras ações, as do hacking do Comitê Democrata (com o intúito de divulgar informes de viés negativo desse Comitê, através do site Wiki-Leaks,  por conta do asilado equatoriano Julian Assange).
         Chamuscado pela pesada derrota na sua tentativa de esvaziar  as acusações contra Trump,  Devin Nunes volta não exatamente de mãos abanando ao trabalho de seu Comitê na Câmara de Representantes. A pergunta que se coloca a respeito do deputado republicano da Califórnia diz respeito não só à própria credibilidade em analisar questões que podem respingar e bastante no seu patrão, e ainda mais, no que tange a envolver-se de forma ainda mais crível aos inúmeros tópicos que carecem de ser apro-fundados se realmente terá condições políticas de deslindar o que, por ora, supostamente ele se empenha em confrontar.
         Essa crise, como uma sucuri, vai crescendo nos seus nós que, pouco a pouco, envolvem os inúmeros  membros do núcleo de Trump. Como isto vai acabar é pergunta que muitos fazem em Washington, golpeados que foram pela rapidez da involução do Governo Trump.
          As crises muita vez não se saciam com a turma de médio escalão. Elas, de resto, nutridas pela indiscrição de uns, os maus passos de outros, e a sua peculiar lógica que, tanto admite uma suposta salvação in extremis, quanto súbito agravamento na corte de Rei Trump.
              A sofreguidão quase sempre é péssima conselheira, como se verificou  no episódio da investida contra a aborrecida Obamacare.  Adversários, mesmo aparentemente à terra, não carecem de ser subestimados.
               No seu afã, tão juvenil quanto vazio, de derribar o pavilhão democrata, Trump no seu pressuroso  afã quase juvenil pensara que poderia reduzir  e destruir  o Affordable Care Act, a que os republicanos detestam, primo por ter sido aprovado sem um único voto do Grand Old Party, e secondo, por lograr amplo e sólido sucesso, de que são prova os vinte milhões de pessoas a que tem servido e atendido com proficiência.
                Na sua alegada campanha contra o pavilhão democrático,  Donald John Trump agiu como o monarca vão, que ataca, sem cuidar da própria retaguarda, a fortaleza provada por sete anos de bons serviços prestados não à moça Raquel, personagem de seus sonhos, mas à Lia que viria a ser-lhe empurrada goela abaixo. Indivíduos estouvados como o é Trump tem sede de glória e felicidade.  Ele esquece, no entanto, que nenhuma lei surge do nada, e se o detestado Obamacare  lograra vencer todas as campanhas  alimentadas pelo ódio e a mentira,Trump, na sua lua de mel com o poder, imaginara que a hora da verdade tinha chegado.
                 Na sua ânsia de levar adiante a grande conquista, humilhando o predecessor  - como todo indivíduo vão, Trump acredita no que lhe dizem os próprios cortesãos - amarga surpresa lhe estava reservada. No seu sétimo aniversário, esta grande Lei  humilharia a quem se acreditara votado à inebriante travessia, com o incenso dos triunfos romanos.
                  Vão, vaidoso e da vitória voluptuoso, Donald Trump, sem o saber,  abria a porta das intempéries - logo ele que pensa transformar  os aguaceiros  no céu azul que eles escondem -  e dava solene início à prematura  temporada da inclemência e dos sonhos ruins.
                   A primeira derrota será sempre lembrada, e não por saudosismo,mas por negar, com golpes imprevistos e traições fementidas,  que o solene cortejo do triunfo se veja fustigado pelas intempéries, tanto as temíveis, quanto aquelas materiais, todas elas porém engordando o malévolo cortejo dos inimigos.As desditas do rei e soberano, tanto as passadas, quanto as vindouras, crescem na consciência que a conjura dos adversários anima, enquanto ele,  o chefe de vaporosos cabelos,  vê com raiva  irromperem os rancorosos de plantão, ora robustos e rugentes todos, rindo-se às bandeiras despregadas, como se por ruir já estivesse o magnífico edifício.  
                A horda pode até vencer , mas não convencerá jamais. Engambelada com mentiras, festejada pelos cortesãos, a sua caminhada estará eivada de surpresas ruins, todas elas fecundadas por tolas ambições, sob o aplauso da patuléia interesseira. Mas como o ir e vir das vagas, o poder e suas ilusões escorrerão pelas próprias ávidas, mas pequenas mãos, tão diminutas quanto as mentes que lhe giram em torno, até que soe a hora da verdade, e ele se descubra escorraçado por criaturas que, ou conhecia demasiado, ou jamais nelas pousara a pesada mão nos passados dias de fausto e da consequente vã, vingativa retribuição.



( Fonte: Camões, Washington Post,  The New York Times )

domingo, 26 de março de 2017

E agora, Obama ?

                                     

      Segundo noticia o Washington Post, o 44º Presidente, ao contrário de muitos de seus antecessores, não pretende deleitar-se,  quer em merecido descanso (depois do torvelinho presidencial),  quer em posição prestigiosa, mas afastada da política.
      Não poderia estar mais de acordo com a opção que seria a de Barack H. Obama. Para reforçar a presença da política, que ele vê meio afastada da população,  o ex-presidente divulgou declaração em que exorta o GOP a não desmantelar de forma unilateral o principal legado de sua Administração.
       Colaboraram com tal desejo - não exatamente por vontade própria dos indigitados - o presidente Donald Trump, a incompetência política do Speaker Paul Ryan, a oposição da linha dura republicana, e a qualidade do instrumento que pretendiam estripar.
       Os Obama permanecem, por ora, em Washington - sobretudo para esperar o término do curso ginasial da filha mais jovem,  mas também pela compulsão da Administração Trump de colocá-los sob as luzes da atualidade.
        Obama prepara a própria sequência existencial, o que é sempre um desafio para os ex-mandatários americanos, eis que lhe está fechado o grande portão do retorno à Casa Branca.
        Como seria de esperar, uma relação diga-se cordial - próxima, por conta das respectivas diferenças de intelecto e posição política estaria decerto nos impossíveis da velha coluna de Ripley - parece rapidamente encaminhar-se para o brejo das almas, diante das fantasias do 45º presidente, como a acusação de que Obama o grampeara durante a eleição.
          Em termos de Partido Democrata, Obama semelha favorecer o surgimento de novas gerações. Se as suas relações com a candidata Hillary Clinton sempre estiveram na senda do correto, e nunca foram demasiado calorosas, o mais provável é que Barack H. Obama não faça demasiado esforço em viabilizar uma nova confrontação com Trump.
           O seu olhar - pelo que conta em termos de apoio um ex-presidente - irá em busca de novos valores.
           O que interessa sobremodo neste momento é a sua disposição de dedicar-se ao redistritamento. Nesse contexto, o Washington Post indica que Obama pretende dedicar à especializada (wonky) e altamente partidária questão do redistritamento. O escopo precípuo seria o "de reverter os declínios eleitorais que os Democratas experimentaram durante os seus dois mandatos".
            Ao reportar a suposta direção do esforço do ex-Presidente, o Washington Post não poderia evitar a extrema prudência com que o establishment político tende a tratar de um fenômeno específico, que não é outro senão o gerrymandering.   Se o novo instituto de Obama lograr tal objetivo, que é o de desfazer o extenso gerrymandering estabelecido pelo GOP em estados de governo republicano, em que a 'instituição' desse peculiar sistema (essencialmente comprimir nos distritos democratas o maior número de eleitores com essa tendência, e traçando distritos do GOP em que a' maioria' esteja garantida para o Partido Republicano, temos a formação dessa contrafação eleitoral, em que fica assegurada a vitória de um maior número de deputados do GOP para a Câmara de representantes do que de democratas). Nesse contexto, a maneira mais simples de verificar que existe o gerrymander será através da votação geral no Estado (v.g., Ohio) em que senador e governador (que são eleitos por todo o Estado) costumam ter votação geral mais alta para o Partido Democrata, enquanto os representantes das Câmaras (tanto a estadual, quanto a federal) registrarão a vitória nos cômputos dos distritos respecti- vos para o Partido Republicano...



( Fontes: Washington Post, The New York Review )