segunda-feira, 31 de outubro de 2016

O novo Brasil ?

                          

        Além da pulverização do PT, com o seu literal desaparecimento do mapa das municipalidades - com a patética exceção de  Rio Branco, as eleições ditas municipais viram um senhor aumento no absenteísmo, que cresceu muito no Rio de Janeiro.
       Por falar em absenteísmo, como definir a ausência de Lula, no ABC, e Dilma, em Porto Alegre? Foram eles por acaso avisados pelo preclaro Rui Falcão de que deveriam evitar convívio com os eleitores golpistas? 

      A vitória de Crivella - que há anos batia à porta dos postos executivos - o levou afinal à municipalidade do Rio de Janeiro. Na verdade, com as  suas alianças marotas, M. Crivella promete mais do mesmo no entrante quadriênio. Afinal, a sua missão evangélica fê-lo chegar a um porto importante. Foi logo dizendo da importância dos juízes, que é, como a entrevista da Folha sublinha,  uma preocupação dos evangélicos desde muito, desejo esse que é preocupante para os demais, pois religião e justiça não costumam fazer boa batida.

        A derrota de Aécio em Belo Horizonte aponta  no PSDB para Geraldo Alckmin.  Por outro lado, colhendo os restos da ruína petista, os tucanos são proclamados os maiores vencedores, em guinada à centro-direita, como sinaliza a Folha que de tucanos é grande entendida.
        É triste, por outro lado, ver que a ocupação estudantil das escolas vai atrapalhar o ENEM. O êxito do radicalismo nos estabelecimentos de ensino tende a devorar o estudo, que não costuma conviver bem com a violência e seus sucedâneos.

        Enquanto isso,  o mundo político olha para a Lava Jato. É a esperança do Brasil novo.



( Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo )                

Para que servem os e-mails de Weiner?

               

         Se reduzirmos a 'descoberta' dos e-mails no computador do ex-deputado Anthony D. Weiner ao que ela realmente é, estaremos diante de possível e colossal instrumentalização de mais esse maço de comunicações eletrônicas, que poderia, ou não, ser pertinente para a investigação dos e-mails de Hillary.
         O mais acachapante no caso é a própria confissão do Diretor do FBI James B. Comey sobre o encontrado no computador do marido-separado da assessora da Secretária de Estado, Huma Abedin.  Ainda não foi esclarecido se alguns dos e-mails pilhados no computador do pedófilo Weiner (o objeto inicial da investigação foram mensagens de texto desse ex-deputado enviadas para menor de quinze anos, na Carolina do Norte) digam respeito de alguma forma aos e-mails originários do servidor privado da Senhora Clinton (quando Secretária de Estado).
            É mais do que compreensível, portanto, a áspera reação de parlamentares democratas e também republicanos, quanto à atitude pouco responsável do diretor do F.B.I., que chegou a dizer em carta, que conquanto os e-mails em causa "pareçam ser pertinentes", o Bureau Federal de Investigações ainda (meu o grifo) não os examinara! Em termos de prudência, que é qualidade essencial na autoridade investigadora, já vi maior.
             A aparência de irresponsabilidade de parte do Diretor Comey se refletiu na sua postura defensiva, ao comunicar para os funcionários do FBI que ele se sentira obrigado a fazer a comunicação para o Congresso, "embora não se saiba ainda do significado desta nova descoberta de coleção de e-mails". (!)
              Em se tratando de responsabilidade de um alto funcionário - que o Presidente Barack Obama indicara dentre aqueles registrados como 'republicanos' para dirigir órgão policial da relevância do FBI - fica inequívoca a impressão de que o Diretor Comey - que ignorou as recomendações de prudência emitidas pelos seus superiores do Departamento de Justiça - deveria ter sido um pouquinho mais cauteloso ao sopesar a relevância e a oportunidade de transmitir tal assunto aos líderes do Congresso.
               Embora alguns tenham intentado apor o rótulo de 'corajoso' ao gesto do diretor Comey, não é decerto responsável que um alto Servidor do Estado jogue para o Congresso, e às vésperas da eleição, questão cuja pertinência para ser discutida ou não, ele ignora!
                A palavra para designar tal atitude não é coragem, e sim 'irresponsabilidade', pois há determinações muito claras de que não se deva levantar questões, cuja relevância ou não, é desconhecida.
                A prudência não é a palavra mais apropriada para designar tal ação do Diretor do FBI. A própria candidata Hillary Clinton instou ao Diretor Comey que trouxesse a público toda a verdade. Como se pode ousar declarar para as lideranças congressuais  que os  e-mails "parecem ser pertinentes", se sequer eles haviam sido examinados pelo F.B.I. ?
                 Na melhor das versões, o comportamento do Diretor Comey foi estouvado e, mesmo, pouco responsável.  Na verdade, o Diretor James B. Comey agiu de forma leviana, ao desrespeitar regras claras do FBI. Tais autoridades têm por norma evitar, sempre que possível, fazer com que o pronunciamento do Povo americano não seja confundido por notícias ambíguas, como é o caso presente.
                   Como pode autoridade policial surgir na vigésima-quinta hora de uma eleição presidencial, e trazer à baila assuntos que ela própria desconhece, mas que não trepida em jogá-los na pública arena?
                    Quando se recomenda cautela a essas autoridades - e tal tinha sido até hoje o comportamento dos órgãos competentes - não se procede dessa maneira com o escopo de ocultar coisas. O que não se pode é jogar no tabuleiro dúvidas que nada têm a consubstanciá-las.
                    Está certa a candidata Hillary Clinton ao exigir do confuso Diretor James B. Comey que ponha termo a tais atitudes irresponsáveis. Não se esqueçam que fomentando a dúvida, só se serve àqueles que desejam confundir as mentes. De nada servirá colocar depois a sovada túnica dos penitentes e lamentar, com lágrimas de crocodilo, o quanto se está incomodado em que mentes hajam sido turbadas.
                     O mal então estará feito. Vejam o quanto reage alvoroçado o rival da vez. Se as coisas saírem como ele quer, daqui a uns meses  só estará soltando foguetes o presidente de um país continental euro-asiático. Será isso mesmo que os americanos desejam?    

 

( Fonte:  The New York Times )

domingo, 30 de outubro de 2016

Eleito prefeito M. Crivella

                               
       Com quase 60% dos votos válidos, Marcelo Crivella foi eleito hoje Prefeito do Rio de Janeiro. Sucede a Eduardo Paes, cujas barafundas políticas - inclusive a tentativa de forçar o 'seu' candidato, a despeito de saber-se da respectiva inviabilidade política - foram decerto determinantes em abrir o caminho para o senhor Crivella. Também ajudou uma altíssima e preocupante abstenção.

      Ao final, tivemos em torno do vitorioso, a presença de Clarissa Garotinho, com o que se desmente todo o bla-bla-blah quanto a inexistência de qualquer aliança de M. Crivella com Garotinho,  além de Osório (PSDB), Indio da Costa, e Jair e Carlos Bolsonaro.
      



( Fonte:  Site de O Globo )

O escândalo dos e-mails

                                        
         Com referência ao artigo de ontem, e a possível incidência de investigação do FBI acerca do ex-deputado Anthony Weiner na votação presidencial, aumentou a raiva dos democratas contra esse político - que tentara recuperar o próprio mandato em  2013 para consternação de muitos.
         Antes casado com Huma Abedin, a respeitada assessora de Hillary, veio agora a lume a apreensão pelo FBI das comunicações por e-mail dessa assessora da candidata democrata à presidência.
           Há muita raiva, de resto compreensível, com mais esse episódio ligado a e-mails concernentes à candidata democrata. O que mais provoca espécie é o inusitado e estranho timing de outra exposição de e-mails relacionados com Hillary, nesse caso através de sua respeitada assessora Huma Abedin.
            Quem não é respeitado, sendo na verdade desprezado pelo estamento democrata, é o ex-político Anthony Weiner, já desmoralizado pelos numerosos escândalos sexuais a ele ligados.
            Dessarte, a reação dos democratas ao saber que o FBI não só apreendera o maço de Huma Abedin (o que inclui comunicações relativas ao ex-deputado), mas também, antes de verificar da procedência de suspeitas quanto a e-mails concernentes à candidata, teria levantado a questão em comunicações diretas para as lideranças congressuais, provocando fortes e previsíveis reações diante de tal iniciativa, jamais vista anteriormente - e por compreensíveis e fundadas razões - dada a possibilidade de prejudicar a candidata democrata, sem qualquer base válida.
            Que tal tipo de iniciativa jamais tenha sido ousada no passado é mais do que explicável pela delicadeza do tema e da necessidade de preservar a campanha presidencial, nas suas semanas derradeiras, de especulações destituídas de fundamento e de influências espúrias e indeterminadas. Entende-se, por conseguinte, a observação feita em declaração oficial pela respeitada Senadora Dianne Feinstein: "O FBI tem uma história de extrema cautela nas cercanias do Dia da Eleição, de modo a não influenciar-lhe os resultados. A quebra hodierna nesta tradição é apavorante (appalling)"[1].
            A ambígua posição adotada pelo  Sr. James Comey tem sido contestada tanto pela candidata democrata Hillary Clinton,  quanto pela alta direção do Departamento de Justiça, a que está subordinado o diretor do FBI.
            No que concerne a seus superiores hierárquicos, a estranha atitude do diretor do FBI foi objeto de determinações inequívocas. Recebeu ele claras e explícitas recomendações de :
(a) não falar acerca das investigações penais em curso;
e (b) ser visto ou ouvido  intrometendo-se em questões e assuntos relativos às próximas eleições.
               Por sua vez, a candidata democrata, ficou surpresa com a atitude sem paralelo do Diretor do FBI, ao encaminhar para as lideranças do Congresso (i.e., os republicanos) a comunicação sobre a nova alteração no que concerne à questão dos e-mails (a despeito de não haver ainda determinado se e-mails no maço da Senhora  Huma Abedin  têm alguma relevância para as investigações).
               Por isso, Hillary Clinton ataca o diretor James Comey, verberando a sua inopinada e imprevista decisão sobre os novos e-mails  como profundamente perturbadora (deeply troubling).
              Além disso, Hillary acusa o diretor do FBI de difamá-la com alusões e indiretas, ao ensejo de entrarem na última fase da campanha.

( Fonte: The New York Times )




[1] Ontem, a tradução dada a 'appalling' fora 'lamentável', que, na verdade, não corresponde à força do vocábulo em inglês, como dada na lição do dicionário Houaiss Inglês-Português: apavorante, aterrorizante.

Crivella ganha no boca de urna

             

            Segundo o boca de urna do  IBOPE, Marcelo Crivella seria  o próximo prefeito do Rio de Janeiro, com 57% dos votos, contra 43% dados a Marcelo Freixo.
           
            Se confirmados esses totais não divergem muito de o que se adiantava desde ontem.


( Fonte:  site de O Globo )

Gabeira sobre Renan

                                     

         Muito interessante o artigo de Fernando Gabeira, hoje publicado em O Globo, sob o título Se entrega, Corisco.
         Gabeira, com bem o sabemos, é um guerreiro contra corrupção. As suas palavras, enquanto deputado, dirigidas ao corrupto presidente Severino Cavalcanti, foram o prenúncio da queda deste último.
         Gabeira seria também o prefeito que foi negado ao Rio de Janeiro, por uma torpe tramóia do então governador Sérgio Cabral, que, ardilosamente decretara ponto facultativo, para esvaziar o Rio de seus funcionários estaduais, que sabidamente detestavam Cabral, o protetor de Eduardo Paes.
         Com tal manobra, que somente é pensável e possível em Pindorama,  o espertalhão Cabral esvaziou a antiga capital da República de seus funcionários estaduais, que por certo votariam em Gabeira e não no protegido do odiado governador.
         Cheguei, na época, a perguntar a Gabeira porque não contestara judicialmente a manobra, dada a ínfima margem com que Eduardo Paes lograra derrotá-lo.
         Renan Calheiros, o homem que tem onze processos no Supremo, no dizer de Gabeira, "no passado, perdia cabelos mas não perdia a cabeça".
         Consoante Gabeira, agora, se "ele ganhou cabelos, mas  perde a cabeça com frequência".  Nesse sentido, disse  "que o Senado parecia um hospício, e afirmou que  ajudou a senadora Gleisi Hoffmann  no seu embate com a Lava-Jato."
         Mais tarde, se saberia como: ordenara "varreduras em vários pontos estratégicos ligados aos senadores investigados pela roubalheira na Petrobrás."
          Se, como assevera com propriedade o articulista, "o sono brasileiro não é mais profundo como na época". E, sem embargo, "Renan sequer foi julgado pelos crimes de que era acusado na época. São as doçuras do foro privilegiado.  Agora, ele  quer que o foro privilegiado, que já era uma excrescência para deputados e senadores, estenda-se também aos seus jagunços."
           Há muitos crimes impunes, por obra e graça desse "absurdo", como o assinala Gabeira em seu artigo. Não pretendo, nem devo transcrever a coluna de Fernando Gabeira, mas permito-me, com a vênia que é devida às observações inteligentes, oportunas e certeiras citar a seguinte, ao final : "Eduardo Cunha foi preso. Não tinha mais mandato. Se Renan continuar solto, é apenas porque tem um. É justo cometer crimes em série, sob o escudo de um mandato parlamentar?"



(  Fonte: artigo de Fernando Gabeira, em  O Globo. )    

sábado, 29 de outubro de 2016

Maduro e a cúpula de Cartagena

                    
        Apesar de não ser esperado, Nicolas Maduro acha que o constrangimento pode funcionar a seu favor na Cúpula Iberoamericana, a realizar-se em Cartagena, na Colômbia.
        Como Venezuela e Colômbia têm relações satisfatórias, Maduro não espera encontrar muitos obstáculos nessa reunião, apesar de vários países  o vejam como estranho fora do ninho na cúpula iberoamericana.
        O trunfo principal de Maduro está na sua interação com o governo de Juan Manuel Santos, o novo presidente colombiano. Maduro tem trabalhado junto com o colombiano Santos, nas conversações com as Farc e o ELN, eis que a ajuda logística  e de inteligência dos venezuelanos nesta área é fundamental.
         Por carecer do auxílio de Maduro nos contatos com as organizações da antiga guerrilha, Juan Manuel Santos é um dos poucos presidentes latino-americanos que é parcimonioso nas críticas ao Presidente da Venezuela.
           Talvez por causa da ausência de Maduro, o fato é que a adesão à greve geral não foi completa. Além disso, a ameaça de Nicolás Maduro, ao afirmar que "tomaria" ou "nacionalizaria" as empresas que aderissem à greve, fez com que muitas optassem por deixar as portas (ou os portões) abertos.
             Quanto ao chamado "julgamento político e penal" de Maduro, o sucessor de Hugo Chávez optou, como é seu vezo, em partir para a ignorância.
               Como ele domina todo o aparato dito "bolivariano" da segurança estatal, as ameaças do presidente venezuelano  até que foram levados a sério pelos deputados.  Não sei se a oposição terá presentes os julgamentos feitos pela  Convenção contra os inimigos do Povo. 
               Assim, bazófia ou não, terá levado a uma atitude mais prudencial da Assembléia Nacional, haja vista as ameaças brandidas por Maduro: "Se fizerem um suposto julgamento político que não esteja em nossa Carta Magna, a Procuradoria deve pedir aos tribunais de Justiça e levar à prisão todos os que violem a Constituição, ainda que sejam deputados."
                Maduro desobedece os preceitos que regem o procedimento relativo à assinatura pela população da revogação da eleição do Presidente, recurso este que é constitucional, e a que, a seu tempo, se curvou o Presidente Hugo Chávez, submetendo-se a esse pleito que visa determinar se a população vota em favor ou não da revogação do mandato presidencial.
                 Dessa maneira, a obediência de Maduro aos dispositivos constitucionais é condicional, sujeita à própria conveniência...


(  Fonte:  Folha de S. Paulo )   

Comey meteu os pés pelas mãos?


                                     
      Seria inacreditável em outro país, mas não nos Estados Unidos. Antes de relatar a história que me cabe descrever e comentar, devo referir impressões minhas anteriores sobre  questão conexa ao assunto de agora.
      Quando tomei ciência do comportamento do Diretor do F.B.I. James B. Comey, por ocasião da questão dos e-mails de Hillary Clinton, pareceu-me existir um traço de animosidade de Comey no que tange à candidata democrata.
       Com efeito, apesar de julgar não caber ação penal contra a candidata, Comey não se furtara a descrever como extremamente descuidado o tratamento que a Senhora Clinton havia dado aos e-mails.
        De qualquer forma, o caso dos e-mails, depois da ida de Comey à Câmara de Representantes, dera toda a impressão de que estava encaminhado para o rio do Letes[i].  A despeito de uma que outra expressão mais desabrida, nada mais repercutiria  dessa questão do servidor de e-mails de Hillary Clinton.
         Meses transcorreram, e nada mais acontecendo - excluído o avanço nas pesquisas da candidata democrata - ninguém mais se lembrava dos "malditos e-mails" como os apelidara o Senador democrata - e ex-adversário nas primárias - Bernie Sanders.
         Tudo isso deixou de corresponder à realidade, quando, por iniciativa solitária do Diretor do F.B.I. o caso dos e-mails voltou à ribalta.
          Nesta semana, na quinta-feira, dia 27 de outubro, os principais assessores de James B. Comey foram ao seu gabinete para comunicar-lhe ter sido encontrado um novo maço de e-mails que poderiam estar ligados ao inquérito sobre o uso pela Secretária de Estado Hillary Clinton do servidor particular de e-mails, cujo inquérito  fora encerrado há meses atrás.
           A suposta alternativa com que se deparou o Diretor Comey seria (a) informar o Congresso acerca dos novos e-mails, achados em investigação ligada ao ex-Deputado Anthony D. Weiner, assim reabrindo a investigação fechada meses atrás. A alternativa (b) seria mandar primeiro examinar os novos e-mails encontrados, para verificar se existia algum documento que justificasse informação ao Congresso. Caso negativo, parece lógico que o diretor do FBI seria passível de críticas e mesmo de reprimenda, por divulgar um assunto, literalmente às vésperas da eleição presidencial, sem saber se ele tinha alguma pertinência com o caso do servidor particular de e-mails da candidata Hillary Clinton.
              James Comey - que é republicano, e que fora indicado pelo Presidente Obama em gesto de suposta boa vontade presidencial para com a oposição - decidiu pela alternativa "a". O que fez então o Diretor do FBI: mandou uma carta para os presidentes dos oito comitês congressuais, assim como para os representantes mais antigos da Oposição. Trocando em miúdos, Comey enviou para os oito republicanos que presidem os comitês (o GOP tem maioria tanto no Senado, quanto na Câmara - esta por deferência especial do gerrymander), e para oito da oposição democrata.
                 Para qualquer indivíduo dotado de um mínimo de bom senso, o Diretor do FBI deveria sim dar ciência da questão aos líderes congressuais, mas com um detalhe, determinado por elementar prudência: examinar primeiro o material, para verificar se havia pertinência na acusação. Não fazendo isso, o apressado Mr James Comey estava garantindo uma pronta publicidade da questão, embora ele próprio não saiba se a suspeita tenha algum fundamento ou não.
                  Acresce notar que como é óbvio, não se deve levantar suspeitas se não se dispõe de elementos probatórios. Por outro lado, a estranhíssima iniciativa de Mr James Comey contraria as diretivas do Departamento de Justiça (a que é subordinado o FBI) que desencorajam vivamente quaisquer ações às vésperas da eleição que possam influenciar-lhe o resultado.
                   A Senadora Dianne Feinstein, democrata da Califórnia,  declarou em comunicado à imprensa:"O FBI tem uma história de extrema cautela nas cercanias do Dia da Eleição. A quebra hodierna nesta tradição é deplorável."

( Fonte:  The New York Times )                  



[i] Rio do Olvido

Reta Final

                                     

       O último debate - ontem, à noite, na Tevê Globo - mostrou plácido Crivella, que não entrava em polêmicas, e um Freixo, polêmico, e lançando as farpas que podia contra o adversário.
        Sem que sequer se soubesse dos índices respectivos, bastava deparar-lhes a atitude para dizer: Marcelo Crivella cuida de preservar a respectiva vantagem, e Marcelo Freixo busca valer-se do tempo final de uma longa refrega, para cobrir a desvantagem que as pesquisas ora mostram contra ele.
       Com efeito, se nos ativermos aos votos válidos, Crivella teria 58% e Freixo 42%. Nessas condições, o front-runner, depois de todas as baixarias e  ataques abaixo da cintura, faz o papel do  respeitoso contendor.
       Por sua vez, como nesse round final o candidato das esquerdas continua inferiorizado, como poderá ele imitar o adversário e fazer-se de bonzinho?
        Levado pela crueza dos números, Freixo, como o lutador de boxe que não descansa até ouvir o gongo final, vai desfiando os seus golpes mais pesados, na esperança de - ou que o outro reaja, ou que o adversário pareça sentir o murro.
        Que o leitor me perdoe a símile pugilística, mas outra não está disponível, dado o clima que prevaleceu durante toda a refrega entre Crivella e Freixo.
         Por enquanto, o que se pode dizer - mudando um tanto em termos de comparação - é que, na reta final, Crivella livre um corpo, talvez um pouco de mais de vantagem.
         Se forem para o photochart, põe surpresa nisso !


( Fonte:  O  Globo ) 

sexta-feira, 28 de outubro de 2016

Queixa da viúva de Amarildo contra Crivella

         

        A Folha de hoje noticia o registro de queixa pela Viúva de Amarildo contra o candidato Marcello Crivella.
         A viúva do pedreiro Amarildo de Souza - Elizabeth Gomes de Souza - registrou queixa por constrangimento contra a campanha do senador e candidato a Prefeito (pelo PRB), Marcelo Crivella.
         Segundo Elizabete, cerca de doze homens, que se identificaram como sendo da campanha de Crivella foram à sua casa, no alto da favela da Rocinha, zona Sul, às 23 hs. da última terça-feira, dia 25 de outubro.
         O escopo da vinda desse grupo  seria que ela gravasse uma fala dela própria para a campanha, com declarações contra o deputado Marcelo Freixo, do PSOL.
         No depoimento, prestado nesta quinta-feira, dia 27, na 11ª DP, em São Conrado, ela afirma que os homens deram R$ 190 para ela comprar drogas antes da gravação.
          Elizabete, que é dependente de drogas e alcool, teria deixado os homens em sua casa e  usado cocaína.
          Segundo Elizabete, lhe foi oferecido, caso Crivella fosse eleito, quatro anos de salário mínimo e a reforma de sua casa na favela. Em troca. ela daria um depoimento que seria favorável a Crivella.
          A campanha de Crivella negou as acusações. Em nota, confirmou que esteve na casa de Elizabete, mas a pedido da viúva.
           Segundo Elizabete, um dos dois homens lhe disse que Freixo e o advogada da família, João Tancredo, tinham roubado dinheiro de doações.
           "Eu disse que não sabia disso, que o Marcelo Freixo e o doutor Tancredo sempre me ajudaram. Eu e minha família votamos no Freixo e vamos votar nele de novo", declarou Elizabete.




( Fonte:  Folha de S. Paulo )

Serra e o Caixa dois

                              

         Como se presumia, a mega-delação da Odebrecht (oitenta executivos dessa grande empreiteira negociam acordos de delação com a força tarefa da Lava-Jato) está fazendo estragos na área política.

       O maior nome atingido é o de José Serra (PSDB-SP). Segundo a notícia da Folha dois desses executivos trouxeram o nome do atual chanceler (e candidato a presidente em 2010).
         De acordo com  a notícia, dois nomes ligados ao PSDB  atuaram no repasse de US$ 23 milhões, via caixa 2 à campanha presidencial acima-referida.

         Procurado, Serra declarou: "não vai se pronunciar sobre supostos vazamentos de supostas delações relativas a doações feitas ao partido (PSDB) em suas campanhas".



( Fonte:  Folha de S. Paulo )

Balas perdidas e a Cidade grande

                      

         Na verdade, a chamada bala perdida, é resultado em geral de uma determinada situação. As balas perdidas tendem a crescer - e hoje tal fenômeno do descontrole aumenta exponencialmente - no que se reflete um fenômeno típico do Rio de Janeiro, que só é concebível em cenários nos quais a Polícia Militar perdeu o controle da situação.
         Muito se esperou da chamada reinserção das favelas por intermédio das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). A primeira UPP - saudada como se fora a mensageira de um futuro de paz nas favelas - foi a do Morro Santa Marta, cuja pacificação - dada a área menor envolvida - não apresentara grandes problemas. Os resultados obtidos nessa favela de menor extensão (e por conseguinte com maior capacidade de controle), deram o necessário reforço de propaganda e de convencimento público quanto à viabilidade de se inserir a favela dentro da cidade, se por inserção entendermos na verdade a virtual ligação entre as duas partes da cidade do Rio de Janeiro, na concepção de Zuenir Ventura quanto à chamada cidade partida. Se confirmado o êxito dessa revolução urbana, desapareceria a partição entre morro e planície.
           Na euforia do sucesso de Santa Marta, os efeitos dessa revolução urbana estariam por confirmar-se.  Com a chamada Retomada do Complexo do Alemão - quem não se recorda da ocupação dessa grande favela em magna-operação, com direito à presença dos respectivos blindados de Marinha, Exército e Aeronáutica ?  Se não se aproveitou  o enorme dispositivo militar para a respectiva detenção da mega fuga dos fora-da-lei (mais de trezentos bandidos que saíram da parte alta do Alemão, e que, estranhamente,  permitiriam que desaparecessem na cidade grande, lá embaixo ). Seria como, no oba-oba da liberação do Alemão, as forças da ordem tivessem pensado que o enorme bando  deixara de apresentar qualquer perigo... Pra que então prendê-los ?  De toda maneira, a debandada permitida mostra uma estranhíssima atitude, como se fosse coisa de somenos deixar livres a todos os bandidos que corriam, que pulavam em caçambas de caminhonetes, etc. etc. Sem o saber, recusando-se a prender aquela malta, a força de segurança já indicava a possível evolução daquela 'grande vitória'.
             No grande entusiasmo com as festividades antecipadas do virtual desaparecimento da favela como centro de bandidagem, além de não mais ficar "off-limits" da cidade grande, e sim nela integrada, valia tudo ou quase tudo, nesse clima triunfalista (até teleférico foi instalado no Alemão, teleférico esse que hoje não mais funciona na prática, porque a violência voltou).
              A própria Tevê Globo traria a nova atmosfera instaurada nas favelas por intermédio da novela Salve Jorge   de Glória Pérez, estrelada por Rodrigo Lombardi (que fazia um militar) e Flávia Alessandra (também no papel de mulher no exército).  Também no elenco o saudoso Domingos Montagner, que estrelava no grupo turco, e como super-vilã, a atriz  Cláudia Raia. De acordo com a trama, o Alemão se inseria quase como um bairro à cidade grande, com boa quantidade de personagens, todos já sob o novo enfoque da favela integrada na realidade do cotidiano urbano da Cidade Grande.
              Não há negar que o esquema UPP com o aparente êxito do Alemão recebera um senhor avanço. Talvez  a pressa em instaurar a nova ordem terá sido um desenvolvimento quase automático, diante do aparente espetacular sucesso  do esquema introduzido pela saga do Alemão.
              Desse modo, dentro de um clima de euforia - euforia que se alimentava do alegado êxito no Alemão - crescia a ansiedade pela implantação generalizada do modelo Santa Marta e das UPPs, que uma vez instaladas viravam prontamente como se fossem na prática verdadeiros passaportes para um futuro em que a favela coexistisse com a cidade grande, não mais como uma área a não ser transitada por taxi nem visitada por turistas vindos da cidade tradicional.
                Esse cenário que seria transposto para outras novelas da Rede Globo, ganhando assim foros de realidade, tenderia a aumentar a pressão citadina para que as UPPs aparecessem por toda a parte, como bandeirolas a espelhar a absorção da favela pela mesma cidade grande.
                Tal cenário começaria a ser, na prática, contestado por eventos que se chocavam com a visão da favela quase-ordeira e urbanizada, que os seriados da TV Globo continuavam a lançar nas salas de visita  da urbe.
                 Podem se considerar marcos na lamentável descida e consequente desfazimento de uma bela e tão agradável ilusão - o desaparecimento da favela no Rio de Janeiro como se fora em um processo mágico - quando o movimento que poderíamos chamar Santa Marta-Alemão começou a mostrar ocorrências e problemas que relembravam com demasiada força a anterior imagem do cronista Zuenir Ventura,  quanto à cidade partida.
                 O caso Amarildo será decerto o que os ingleses denominam de turning point, só que nesse episódio a existência na Rocinha de uma favela violenta, incluída a possibilidade do destino da vala, que é uma versão do desaparecimento, que abarca bandidos, tipos intermédios e gente pacífica, dentro de um submundo que não repontava, eis que o seu desaparecimento tinha sido um "grande exagero".
                Outros golpes houve que desmantelaram a piedosa fábula da vitória miraculosa no Alemão. As UPPs, que pareciam o talismã da nova ordem, se viram engolfadas no retorno dos tiroteios entre bandos rivais que se empenham, com armas, por dominar o tráfico nas favelas. É  o que ocorre no Pavão-Pavãozinho, outra área supostamente "liberada", que de repente resolveu voltar aos tiroteios tão conhecidos (e uma das grandes fontes das chamadas balas perdidas), e com isso infernizou a área vizinha do túnel entre Barata Ribeiro e Raul Pompeia,  com perigo para  áreas urbanas na Sá Ferreira, para não falar na ladeira Saint Romain, antes pitoresca, hoje praticamente off-limits.    
                   Dessarte, a crença bastante difundida de que as favelas poderiam ser liberadas por literais passes de mágica, esqueceu de computar no problema a permanência eventual do tráfico, as disputas de posse de área, e last-but not least[1], o que fazer com o modelo da UPP - que carece, no mínimo, de uma reformulação radical.
                    A nossa velha propensão em acreditar que os milagres civis são possíveis, pode ser até aceita, mas desde que submetida a uma série de retificações. As chamadas balas perdidas têm aumentado de forma geométrica nos últimos tempos, criando, nos bons exemplos, muita angústia nas famílias colhidas por esse esquema infernal, e nos maus exemplos - que infelizmente a fraqueza da PM e a ousadia crescente dos traficantes são fautores de uma situação inaceitável para as comunidades civis, como o dia-a-dia de subúrbio e de um morro que de novo semelha livrar-se da possibilidade de um controle eficaz - tudo isso não pode mais ser abafado.
                    A partida de Mariano Beltrame, secretário de segurança por dez anos, na verdade teve um outro tempo real,  em que a fórmula da UPP e o esquema a ela associado perdera a sua mágica.
                     E a pergunta que os cariocas não podem calar está em mapear o caminho de uma solução que nos aproxime de mundo civilizado. Se não mais soluções miríficas tipo Alemão, nem de intentos de transformar a favela (tipo UPP), em que mundo a autoridade vai colocar cidade e favela ?
                     Pelo menos, já sabemos que a mágica tipo Alemão não funciona.

( Fontes:  Rede Globo, O Globo, Zuenir Ventura )



[1] por último e não em menor grau

Estupidez Fiscal

                              
        A situação fiscal do Rio de Janeiro - esta falta de dinheiro que tem atingido as vítimas habituais (aposentados, idosos, professores, funcionários, etc. ) - se deve, em verdade, a uma suposta ideia brilhante do ex-governador Sérgio Cabral.
         Sua Excelência pensando lograr atrair para este Estado um maior número de grandes, médias e até pequenas empresas, teria tido uma idéia  que haverá julgado como brilhante.
         A estória corre assim. O antecessor de Pezão terá imaginado haver descoberto a chave da Fortuna, que lhe ensejaria transformar o Estado do Rio de Janeiro como o abrigo de um grande número de empresas, de todos os tamanhos.  Contava atraí-las para as terras fluminenses com um elemento de atração que a seu juízo não falharia: dispensaria as referidas empresas, grandes, médias e pequenas, com o poder da dispensa do imposto estadual,  no caso a isenção dos ICMS.
          Só que o tal atrativo infalível, que tornaria o estado do Rio de Janeiro como o sucessor da mítica terra da Cuccagna, em que a riqueza é tanta que está visível em toda parte, pelos empregos gerados e pelos lucros havidos com a produção de novas empresas que para cá acorreriam de acordo com os projetos do Governador Sérgio Cabral.
           Infelizmente, o tiro e o plano miraculoso saíram pela culatra. Ao invés de esperada opulência, as empresas agradeceram  pelos impostos não-cobrados e outras para cá não vieram, malgrado o decantado e irresistível poder desse truque fiscal, que uma vez posto em funcionamento através da decantada renúncia fiscal, que as riquezas começariam a fluir, a brotar e a espalhar-se pela nova terra da fartura, v.g., o Estado do Rio de Janeiro.
           O que ocorreu? Consoante o Ministério Público Estadual (MP) os benefícios fiscais (concessão, ampliação e renovação  de incentivos fiscais  a empresas pelo Estado do Rio) são a causa da ruína financeira  do Rio de Janeiro.
            Nesse sentido, o promotor Vinicius Leal Cavalleiro, da 8ª Promotoria de Justiça de Tutela Coletiva de Defesa da Cidadania, disse que a renúncia de ICMS nos últimos seis anos chega a R$  151,3 bilhões, conforme valores lançados  pelas empresas no sistema Documento de Utilização de Benefício (DUB). Para o Promotor Leal Cavalleiro, o argumento  de que a queda  dos royalties levou à crise não se sustenta.
              Com efeito, no entendimento do referido Promotor Leal Cavalleiro "O volume nominal de royalties nesses anos não chegou nem perto do volume de renúncia de ICMS. Não são os royalties o principal causador  do desequilíbrio financeiro do estado, mas sim o volume total de isenções de ICMS.
               Entre os beneficiados, há grandes empresas, como as do ramo automobilístico, mas também salões de beleza e até termas. Cavalleiro compara o peso do ICMS com a receita do petróleo enquanto de 2010 a 2015 entraram no cofre do estado R$ 34,5 bilhões de royalties, a arrecadação de ICMS - maior fonte de recursos do estado - atingiu  R$ 167 bilhões.
              Mesmo em 2014, quando o Estado recebeu R$ 6,8 bilhões  de royalties (o maior volume dos últimos seis anos), a arrecadação de ICMS foi quase cinco vezes maior (de R$ 31,5 bilhões). Ainda em 2014, a renúncia do imposto declarada ao DUB foi de R$ 25,9 bilhões.
              Cavalleiro diz que a gestão financeira do governo levou o cofre fluminense à bancarrota.  Ele também acusa o estado  de falta de transparência, já que os valores do DUB-ICMS são em muito superiores à renúncia reconhecida oficialmente pela Secretaria estadual de Fazenda. Segundo o inquérito, a pasta, no mesmo período, informou ter concedido  R$ 38,7 bilhões em benefícios. Ontem, o estado divulgou  outro número para  o período entre 2010 e 2015: as isenções fiscais somariam R$ 33,2 bilhões.
               Entre os beneficiados, ressalta o promotor, há um consórcio formado por empresas investigadas na operação Lava-Jato, que recebeu o direito à renúncia  em agosto, mesmo não estando mais em atividade.
               Em 2015, pelos dados da Fazenda, a renúncia teria atingido R$ 9,3 bilhões, em vez dos R$ 36 bilhões citados no DUB, de acordo com o Ministério Público.  A arrecadação de ICMS em 2015 foi menor: R$ 31,9 bilhões. A decisão liminar do juiz Marcelo Evaristo da Silva, da 3ª Vara da Fazenda Pública do Rio, proferida anteontem também determina, além da suspensão de novas isenções, que o estado apresente em até sessenta dias a lista com as empresas e os benefícios concedidos, além de um estudo de impacto financeiro desses incentivos fiscais.
                 O Promotor Vinicius Leal Cavalleiro disse a respeito: "Diante desse quadro de desequilíbrio, o MP optou por, num primeiro momento, realizar o chamado freio de arrumação. Há uma série de fatores que comprovam que o Rio vem concedendo benefícios sem  qualquer transparência, qualquer fiscalização e, sobretudo, controle. Nesse contexto, o promotor destacou que os R$ 9,3 bilhões declarados de renúncia pela Fazenda em 2015 superam os gastos com saúde e educação.     
                  Este ano, devido à crise, foram contingenciados da saúde R$ 248,7 milhões; da assistência social, R$ 263 milhões; da educação, R$ 66,8 milhões; e da segurança pública, R$ 75,9 milhões.
                   Lembra, por fim, o Promotor Leal Cavalleiro que em junho o estado decretou calamidade pública, autorizando o corte de despesas em serviços essenciais.  No entanto, logo no mês seguinte, concedeu mais 23 novos benefícios. Nos meses subsequentes, foram mais 39.
                   Estado vai recorrer.  Em nota, o Estado do Rio afirmou que vai recorrer da decisão da Justiça que vetou novos benefícios. Segundo o governo, as isenções têm como objetivo "a descentralização e diversificação da economia do estado, além da geração de emprego e renda." A FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro) informou que a ordem da Justiça pode  aumentar o desemprego. Segundo a entidade, de 2008 a 2014, 231 novas empresas se instalaram no Rio, gerando cem mil empregos.


( Fonte: O Globo )

A Eleição Americana

                              

             Como disse noutro dia,  há duas características da cobertura estadunidense dos coleguinhas, no que concerne às eleições americanas.        
        
         Primeiro, eles torcem em geral pelo Partido Republicano, falam mal do(a) candidato(a) democrata - no caso Hillary Clinton. Tem-se a impressão que a detestam tanto que chegariam a preferir que Donald Trump ganhasse... E, escrevam, para me puxar as orelhas se estiver errado, mas tudo leva a crer que a sova aplicada por Hillary em Trump será histórica, e como toda vitória nessas características pode carregar tanto o Senado, quanto a Câmara (até esta, apesar do gerrymandering a partir de 2012...)
             
              Segundo, perdoem a eles, caros leitores, porque não sabem o que dizem!  E não são pequenos os erros!    No despacho desta sexta-feira, o sr. Henrique Gomes Batista - correspondente de O Globo - chega a afirmar que em 2008 o candidato republicano era Mitt Romney, quando na verdade quem enfrentou o ganhador democrata Barack Obama naquele ano da graça de 2008 foi o respeitado Senador John McCain (Republicano/Arizona)
                   
                   Na verdade, Mitt Romney concorrera em 2012 (!). Seja dito, en passant, que Barack Obama nessa eleição de 2012 ganhou de lavada!


(  Fonte:  O  Globo )

quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Baixo nível ?

                                     

         A campanha no Rio de Janeiro, já em segundo turno, para o posto de Prefeito da Cidade que já foi maravilhosa (a marcha é dos anos trinta), representa para o eleitor carioca um desafio.
         Ainda no primeiro turno - que conduziu os dois Marcelos à votação decisiva - já fora marcada pela agressividade e os ataques pessoais. Tanto Marcelo Freixo, pela esquerda, e Marcelo Crivella, pela direita, muitas vezes colocaram, já no primeiro turno, o ataque pessoal  ao adversário, como a linha orientadora da campanha.
          No segundo turno, quando os dois se defrontam em solitária justa, a ênfase no denuncismo, a par do tom e dos tópicos levantados, lembram em cores vivas a justa de dois mortais inimigos, que descem a todo tipo de golpe, como se estivéssemos em um duelo à morte nessas paragens em que as questões são personalizadas ao extremo, e a porfia como que se confunde num encontro que só possa terminar com a virtual destruição do Outro, que cada lutador busca vencer em peleja na qual não há espaço para ideais comuns, mas tão só a visão distorcida, inchada e, por fim, desmoralizada, do Adversário a quem não se dá quartel.
            Assim, será o passado do contendor, a quem se transforma em amontoado de injúrias,  de perigosas associações  e até de supostos crimes, que dita a discussão e a altercação - não há debate, por supor um mínimo entendimento quanto a um projeto determinado.
             Dos dois candidatos, o mais articulado me parece Marcelo Freixo, mas ao cair no mesmo chão do contendor Marcelo Crivella, o eleitor fica tentado a votar em branco, para exprimir mais do que a sua perplexidade, a própria condenação do primarismo da campanha.
              Quando a lama é o material preferido pelos dois adversários - é triste ver que o mais preparado caíu na armadilha daquele com menor base de estudos, eis que, quando se recorre à lama. existe o problema do material empregado, que aos dois desfigura por igual, a ponto de que no final de tudo, não se possa reconhecer quem será o melhor.[1]



[1]  E tampouco cito as fontes porque elas também me parecem contaminadas...

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

A Carolina do Norte nesta eleição

          
          De repente, a Carolina do Norte virara um estado republicano. Enquanto a Carolina do Sul era normalmente enquadrada na área política do GOP, tal não se verificava com a Carolina do Norte, que era havida como espécie de região fronteiriça entre os dois grandes partidos americanos. Nessa condição, não despertava surpresa que democratas e republicanos se alternassem nessa área, como se realmente a do Norte se distinguisse da Carolina do Sul, esta mais conservadora ou, atendida a posição mais liberal de quem julgasse, mais atrasada nas suas posturas políticas.
           Mais tarde, a Carolina do Norte passou a ser classificada como estado vermelho - de acordo com os critérios estadunidenses, vermelho quer dizer partidário do GOP,  e não com viés à esquerda - e até mais radical, como na postura de vedar a transsexuais o direito de usar o banheiro do seu sexo adquirido.
           Pois agora, há esperanças de que a Carolina do Norte volte a ser estado ou com preferência democrata ou maverick, com posições políticas mais avançadas.
           Assim, os democratas esperam poder derrubar dos respectivos cargos  tanto o Senador republicano, Richard Burr, quanto o Governador Pat Mc Crory.
            No contexto político de 2016, há o fator Hillary Clinton, que tem energizado bastante a campanha, e aberto maiores possibilidades de que o Senado americano volte a ser democrata. Por outro lado, existe também  o chamado efeito Donald Trump, que com a sua queda nas pesquisas e todas as polêmicas que tem provocado vem animando muito aos democratas, a par de ter efeito oposto na grei republicana, ao desestimular os votantes do GOP.
           Será, portanto, em estados mais abertos aos ventos da mudança, que os democratas poderão colher os maiores êxitos. O problema, por ora, nessa campanha, é singular para os democratas: trata-se de não cair na armadilha do otimismo excessivo que tende a subestimar o contendor.
              Por enquanto, não é o que se depara na liça política estadunidense. Anima aos democratas a perspectiva de grande vitória sobre os rivais republicanos. O otimismo reina - e até de forma excessiva, quando julgam possível arrebatar de volta para o Povo americano o artificial domínio pelo GOP da Câmara de Representantes, eis que, no início da segunda década deste século, os republicanos lograram aí estabelecer um estranho e inamovível domínio, por meio do recurso do gerrymander.
              Há milagres em política? Neles passarei a crer se o Partido Democrata vencer a peleja pela Câmara de Representantes. Que melhor símbolo dessa vitória da democracia que Nancy Pelosi voltando a ser Madam Speaker [1]?

( Fonte: The New York Times )



[1] Speaker é o título do (da) Presidente da Câmara de Representantes. A bancada majoritária na Câmara é quem elege  o Speaker ou Madam Speaker...

terça-feira, 25 de outubro de 2016

Lula é o Amigo ?

                                       

          A Polícia Federal disse que o ex-Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu R$ 8 milhões de propina da Odebrecht. O codinome do ex-Presidente - que consta como  "Amigo" em planilha de pagamentos de propina apreendida - faz referência a Lula, de acordo com o relatório da Polícia Federal.
         No que tange a Antonio Palocci, o termo empregado é o de italiano, o que é negado por Palocci.
         A base para alcunha o Presidente Lula como "amigo" está no seu grau de relação com Emílio Odebrecht.
          Por sua vez, Palocci também tenta negar a alcunha de "italiano".

          Esses detalhes vieram com o fechamento da mega-delação de Marcelo Odebrecht  a que este blog já se referiu em data anterior. 

(  Fonte: Folha de S. Paulo )

Sob controle o aquecimento global?

                             
        Reportagem do New York Times revela que o aquecimento global está mudando a superfície da China.
        Várias áreas desérticas têm aumentado, inclusive o remoto deserto Tengger, este último em 21 mil milhas quadradas.

        Com o crescimento das áreas desérticas, são obviamente mais áreas de cultivo que são perdidas. 


( Fonte:  The New York Times )

Renan abre múltiplas frentes

                              
        Com mais de uma dezena de processos no STF (seriam onze), Renan Calheiros, presidente do Senado Federal abre mais frentes, atacando a Justiça e o Governo. Manteve a respeito tenso diálogo com o Presidente Michel Temer.

         Em reação à operação da Polícia Federal (que prendera quatro policiais legislativos), disse  que a dita ação fora autorizada por um "juizeco de primeira instância", e chamou o Ministro da Justiça de "chefete de polícia".

          Cármen Lúcia, a nova Presidente do Supremo, exigiu respeito ao Judiciário, dizendo "onde um juiz é destratado, eu também o sou".

           Já em palestra, o juiz Sérgio Moro defendera medidas de combate à corrupção e disse, a propósito, que o "Congresso deve mostrar em que lado se encontra."




  ( Fontes:  O Globo.  Globo on-line)

segunda-feira, 24 de outubro de 2016

O Projeto de Renan

                               
       Havido como principal redator do projeto contra o abuso de autoridade, o Senador Renan Calheiros - que coleciona inquéritos no Supremo Tribunal Federal -  e que tenta apressar a tramitação desse projeto que não se sabe bem porquê torna mais rígida a lei sobre crimes de abuso de responsabilidade cometidos por agentes dos três poderes (especialmente, autoridades policiais e membros do Ministério Público) - essa ideia não tem sido nada bem vista no Senado.
      A oposição cresce ainda mais com a ideia do Presidente do Senado de fazer a proposta andar paralelamente à PEC da Reforma Política, intenção que vem sendo criticada tanto por parlamentares da base do governo quanto da oposição.
       É amplo o arco da oposição a esse projeto casuísta e suspeito.  Para o Senador Álvaro Días (PV-PR), discutir abuso de autoridade  agora é "abusar  da inteligência nacional", e passa a ideia de provocação e confronto.
        Critica Álvaro Dias: "Votar agora é provocação descabida. (...) São vários os equívocos da proposta, mas ela já esbarra na preliminar da oportunidade. Essa precipitação repercute como uma velada obstrução de Justiça, já que tem o visível objetivo de intimidar."
        Tampouco o Senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) acredita que a prisão dos agentes legislativos não irá agilizar a votação da lei.  "Esse projeto é absolutamente estranho à pauta, absolutamente delicado e sensível, e não tem qualquer sentido de prioridade neste momento. Vai soar muito mal discutir isso agora."
         Quais são as origens dessa estranhíssima ideia? Com o apoio do Ministro Gilmar Mendes (STF), Renan Calheiros desengavetou  o projeto de abuso de autoridade que estava parado no Senado Federal há mais de cinco anos, depois que o PGR Rodrigo Janot pedira a prisão dele, Renan, do ex-senador José Sarney, do senador Romero Jucá e do deputado (hoje cassado) Eduardo Cunha.  Por outro lado, os Procuradores do Ministério Público que comandam as investigações do esquema de propinas na Petrobrás e em outras estatais asseveram que a aprovação de tal projeto acabará com a Lava-Jato.  ( A continuar )


(  Fonte:  O  Globo  ) 

A Assembléia Venezuelana e a Constituição

                     

         É triste, deplorável mesmo, o isolamento em que  imprensa brasileira objetivamente tente colocar a resistência democrática na Venezuela.
         Folheio os jornais que dão alguma atenção - em geral empurrada para as suas páginas internas - da crise na democracia venezuelana.
         Seria de início importante que diminuísse a profusão de aspas nessa cobertura, como se houvesse alguma dúvida quanto ao caráter opressivo no corrente e sanhudo ataque contra prerrogativas constitucionais, que, para sua vergonha, empreende o falido regime de Nicolas Maduro.
          O falso esquerdismo da Folha sistematicamente ignora  ou distorce o descumprimento de preceitos constitucionais de parte do governo do señor Maduro. Chega-se ao acinte de citar em negrita,  e com destaque,declaração do líder de Maduro na Assembléia, dando cores de verdade a uma mentira (como o foi o tal 'golpe' parlamentar contra Dilma Rousseff). Vejam a que dão realce os coleguinhas da Folha: "O que vocês querem fazer  é dar um golpe, como no Paraguai, em Honduras e no Brasil. Nâo somos o Paraguai, nem Honduras, nem o Brasil."
          Que pena que Henfil partiu e há muito, eis que não haveria melhor ocasião de que Gastão o vomitador interviesse, diante de tal cínica bobajada.
          Há um regime, incompetente e opressivo na Venezuela, encarnado por Nicolás Maduro, um dos mais ineptos governantes que imaginar-se possa.  O referendo  revocatório, que Chávez não só aceitou mas a que democraticamente se submeteu, agora vem sendo cínica, ilegal e inconstitucionalmente impedido de realizar-se,  pelo conluio entre a autoridade encarregada e o regime. Os milhões que vão às ruas e praças da Venezuela, para reclamar direito que lhes assiste, i.e., o exercício da faculdade de mandar para casa um governante incapaz,  o tem visto despudora-
damente negado por Maduro e seus asseclas.
           Sucedem-se as  manobras de Maduro, que apenas tratam de prorrogar o status quo, com a mais alta inflação das Américas, o descalabro no abastecimento, e toda uma coorte de abusos do regime chavista, seja na deslavada corrupção, seja na repressão das liberdades e, em especial, nas prisões políticas com que o regime busca  intimidar os seus muitos opositores.
            Nesse contexto de horrores - que o Secretário-Geral da OEA[1] tem censurado oportunamente - a hipocrisia da redação é levada a tal ponto, que se chega a pensar - porque há limite para a burrice - que a Folha esteja interessada em irritar os seus leitores, ou transformar o noticiário político em apresentação grosseira da realidade, dando até a impressão de fazê-lo com escopo irônico. Parece não ver problema algum com eventual desrespeito à liberdade de opinião dos legisladores, em definir como "apoiadores de Nicolas Maduro", esse bando de rufiões que forçam a entrada na Assembléia Nacional, como se tal fora coisa de somenos.
                Para os incautos, isso parecerá até ação legal da turba... E alguém pensa acaso que os chavistas garantam de alguma forma  que os legisladores não sejam disturbados por tal gênero de público?

( Fonte: Folha de S. Paulo )



[1] Luis Almagro.

Vitória de Hillary à vista?

                                  

       Embora a eleição americana seja só na próxima 3ª Feira, oito de novembro, há muitos estados americanos em que o eleitor pode antecipar desde já o seu voto. Nos estados em que as urnas eleitorais já estão recebendo sufrágios, como na Carolina do Norte, Hillary Clinton tem solicitado aos eleitores negros que votem antecipadamente, castigando os atuais republicanos que pleiteiem a reeleição, pelo eventual apoio dado a Donald J. Trump.
        A tática democrática é a seguinte: transformar a atual vantagem de Hillary sobre Trump em um avanço irrecuperável.  Nos núcleos democratas é esta a mensagem da candidata. Em estados como a Carolina do Norte e a Flórida, com tal votação pró-democrata, ao concretizar uma larga vantagem sobre Mr. Trump, estariam colocadas as condições de inviabilizar a eventual reação tardia do republicano.

         Valendo-se dessa onda anti-Trump, a candidata Hillary não mais se contenta em mero triunfo contra o enfraquecido oponente, mas quer ver a votação refletir-se também no Congresso (Senado e Câmara!), com a sua mensagem aos votantes de repudiar tanto Trump, quanto os republicanos que o apoiam, e assim dar força aos democratas no Congresso.
           Essa orientação de Hillary Clinton, enquanto não só candidata à presidência, mas também porta-bandeira dos democratas no Congresso, se reflete em muitos estados - tantos os que sufragam os democratas,  quanto os até agora considerados republicanos. Mesmo em estados até hoje dominados pelo GOP, como Arizona, Carolina do Norte, Nevada, Flórida, Pennsylvania e New Hampshire, o Partido Republicano implicitamente reconhece que Hillary é a provável próxima Presidente, e pede o apoio dos votantes republicanos para 'limitar o poder  de Hillary Clinton'.  

            Dessarte, além de estar distanciado por larga margem nas pesquisas nacionais, o que se afigura ainda mais grave para o establishment republicano,  é que a vantagem  de Hillary se reforça em estados vitais para o controle do Senado, como Carolina do Norte, Nevada, Pennsylvania, Flórida e New Hampshire.
             A escolha de Donald Trump pelo GOP, e os prejuízos eleitorais decorrentes desta opção, não se cingem apenas à disputa presidencial. Nesta, a atual vantagem de Hillary é de doze pontos - cinquenta contra 38% para Trump, no voto nacional.
               Trump, no entanto, não vem cooperando muito com as tentativas de adotar linha de ação mais positiva, com menos lamentações e queixas pessoais.

               No campo democrata, a ação de Hillary e  de seus partidários reflete o dinamismo que confere a perspectiva de a vitória conseguida com muito denodo e esforço. A senhora Clinton passará dois dias da semana corrente na Flórida, e regressará à Carolina do Norte para um evento com a Primeira Dama Michelle  Obama, com o escopo tendente a assegurar a vantagem nesses dois estados cruciais no caminho para a Casa Branca.
               Hillary tem sido validamente ajudada por políticos com grande simpatia, como a ex-Representante Gabrielle Giffords (que sofreu no passado um covarde atentado) e o seu esposo, Mark Kelly, que sempre apoiaram vigorosamente a Senhora Clinton.  A corajosa dupla democrata realiza um evento em Tucson, Arizona, que apesar de normalmente estado republicano, poderá ser arrebatado pela Senhora Clinton.  (a continuar)



( Fonte: The New York Times  )  iH  HHHHH   H  

domingo, 23 de outubro de 2016

Colcha de Retalhos D 45

                             

 O E.I. e Mosul

              Continua a batalha pela recuperação de Mossul, a única localidade importante do Iraque ainda em mãos do Exército Islâmico.
              Buscando  atrapalhar o avanço das tropas iraquianas, as tropas do E.I. puseram fogo a uma fábrica de enxofre, em uma tentativa de retardar o avanço da coalizão na direção de Mossul.
              A fumaça tóxica provocada pelo incêndio na fábrica obrigou a muitas pessoas recorrerem aos hospitais da área. A 55 km ao sul de Mossul, nessa localidade nas cercanias da base de Qayyara, que é o principal ponto de apoio americano às forças iraquianas.


Mais uma manifestação em Caracas


              O poder de Nicolas Maduro atualmente só se expressa na Justiça, que é dominada pelo chavismo, e pelas chamadas forças da ordem. Minoritário no Parlamento  - cujos decretos faz derrubar por um simulacro de justiça - e com o apoio dos diversos serviços ditos bolivarianos da repressão - o poder chavista, incompetente e corrupto, se vai desmoralizando sempre mais.
             A sua sanhuda e arrogante campanha ao revés contra o referendo revocatório foi estigmatizada pelo Secretário-Geral da Organização dos Estados Americanos, Luis Almagro, que declarou: "negar o referendo para este ano é uma ruptura". Nesse sentido, Almagro convocou os países-membros  a tomarem medidas para defender a democracia. Para Almagro, Maduro perdeu toda sua legitimidade ao deixar os venezuelanos sem direitos eleitorais. Nesse sentido, escreveu Almagro:

              "Só as ditaduras despojam seus cidadãos de direitos,
                  " desconhecem o Legislativo e tem presos políticos."

          Em outro comunicado, divulgado pelo Itamaraty, membros da OEA, incluindo o Brasil, expressaram "profunda preocupação"  com a decisão do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela de paralisar a convocação do referendo.

                  A marcha de ontem partiu às dez da manhã de quatro pontos da capital.  Embora não 
tenha havido informação oficial acerca do número de participantes, as fontes independentes as estimavam em milhares, o que de resto era uma triste evidência da surdez oficial aos apelos de referendo revocatório por multidões que chegaram aos milhões.


                         A relação  ODEBRECHT - LULA
            
       Sob a manchete principal da primeira página, a Folha estampa:
  
  '' Itaquerão foi presente para Lula, diz Emílio Odebrecht" . Em negociação de  acordo de delação, Emilio Odebrecht,  Presidente do Conselho de Administração do grupo que leva o seu nome, disse que o Itaquerão foi um presente ao ex-presidente Lula.
      Para E. Odebrecht, que passou a integrar o acordo porque era o principal interlocutor de Lula, a delação seria a única saída para o grupo não falir.
      O ex-presidente é réu em ação que tramita no Distrito Federal sob a acusação de ter ajudado a Odebrecht a obter contratos



( Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo )          

O Cais do Valongo

                                          
          Dois séculos depois de soterrado, ao ensejo das obras de  revitalização da zona portuária do Rio de Janeiro, foi reexposta   a área que, entre os séculos XVI e XIX, constituíra sítio da chegada, trazidos pelos naus negreiras, de cerca de quatro milhões de africanos que para cá vinham para serem transformados em escravos.
          Dentre esses sítios, guarda especial significado arqueológico aquele do chamado Cais do Valongo, erguido às margens da antiga praia do Valongo, a partir de 1811, e em que por vinte anos desembarcou cerca de um milhão de homens e mulheres, até que o tráfico infame fosse descontinuado pela pressão inglesa.
           Trata-se de ancoradouro rudimentar, mas calçado em pedra, o que lhe assegurou a permanência depois de aterrado. A maior parte dos locais reservados ao desembarque de escravos não foi conservada, pelo seu caráter precário, que não ensejava uma eventual redescoberta futura.
            Daí a importância do cais do Valongo, ora descoberto na Zona Portuária, ao ensejo dos trabalhos de reurbanização da área.

            Segundo Milton Guran, antropólogo que coordena o processo da candidatura - que está sendo processada no âmbito da UNESCO - o aludido cais do Valongo "trata-se do único vestígio material de um porto de desembarque de africanos nas Américas. Todos os outros foram destruídos ou encobertos."
              Segundo assinala a matéria de O Globo, até o anúncio da decisão da Unesco, que deverá sair em junho de 2017, a candidatura do Cais do Valongo será analisada por especialistas em duas reuniões técnicas.  Segundo o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), o Brasil deverá ter acesso a relatório com o posicionamento do Conselho Internacional de Monumentos e Sítios em maio. No mês seguinte, será realizada a avaliação final do processo pelo Comitê do Patrimônio Mundial.

              O cais do Valongo foi desativado em 1831, quando o tráfico negreiro foi proibido por força da pressão inglesa, a grande potência da época, e, em seguida, acabou sendo soterrado, remodelado e rebatizado para receber a princesa Teresa Cristina, da nobreza italiana (Reino das Duas Sicílias), que para cá  veio para ser a esposa de Pedro II.
                Como sói acontecer, já na República, em 1911, houve uma grande reurbanização da área, vale dizer tudo foi aterrado, dando lugar a uma praça.
                  Por sorte, a área do chamado Cais do Valongo  permaneceu inteira, a despeito da citada construção,  em meados do século XIX, do cais da Imperatriz. Não destruído, o cais do Valongo possibilitaria que, ulteriormente, a negritude brasileira - que a área do Valongo havia  preservado - fosse colocada diante dos olhos do presente século XXI de forma incontestável.


( Fonte:  O Globo )