sexta-feira, 7 de outubro de 2016

Os Furacões são forças naturais ?

                               

           Há todo um ritual para enfrentar os furacões. Por enquanto, o Brasil está fora deles, graças a Deus. Ou pelo menos, pensamos  estar. Não se deve esquecer que os mini-furacões, como são os tornados, tampouco existiam no Brasil há anos atrás. Agora, já podemos registrá-los, eis que em certas regiões, como no Sul,  por exemplo, será difícil encontrar um estado que não tenha sofrido pela ação destruidora desses rolos negros ou cinza que avançam arrasadores por uma área determinada, tudo ou quase tudo levando no seu itinerário maldito, que pela sua imprevisibilidade parece obra de um hiper-sádico demônio.
         Hoje em dia, contudo, há quem continue a dizer que a Costa Leste e o Sul dos  Estados Unidos, assim como o Caribe sempre foram área de tempestades naturais fortes e também de furacões, esquecendo ou por ignorância,  ou má-fé, que o verão naquela área se está também transformando. Se as tempestades ditas naturais, os furacões e assemelhados sempre existiram por aquelas bandas, há um detalhe importante que muitos esquecem, seja adrede ou não.
          A incidência deles - assim como as tempestades marítimas que não respeitam a geografia e invadem e inundam a terra firme -  continua alta e o que nos parece pior, é a sua força cataclísmica que vai aumentando sempre.
          Há anos que  as Nações Unidas  levam adiante a questão do clima. No entanto, os acordos firmados parecem ter mais presente  os condicionamentos econômicos, do que as necessidades inadiáveis de respeitar os fenômenos naturais. Assim, na última reunião de Paris, ouviu-se  alguma palavra sobre o desafio dos combustíveis fósseis e sua influência no aquecimento global? Os mares estão subindo - mas quem se importa com as Maldivas?  Assim, a temperatura média da Terra vai subindo,  a Groenlândia vai derretendo e como dizem em italiano chi se ne frega? (quem se importa com isso?)
           O mais interessante desse fator é que ele é realmente global, mas todos parecem viver aquela estória em que na aldeia todos viviam felizes, só que de vez em quando aparecia um bandido que sumia com uma criança para sempre.
            Para muitos, estarei dizendo besteira. Mas pensem um pouco: o que estamos fazendo é o mesmo que aquela gente supostamente burra da aldeia. Porque tanto o menino que o bandido leva não volta mais, como nossa indiferença climática nos deixa impunes,  com todas as miríades de maneiras em que o clima pode nos castigar...
             Quem mais se lembra do Furacão Sandy e da tempestade marítima, com direito a inundação, trazido à Costa Leste americana? A força da natureza escarnecendo dos aterros litorâneos, invadindo e inviabilizando sistemas hidráulicos, tanto nos arredores de New York, quanto em New Jersey?
             Hoje, Matthew passou e destruíu o casario do Haiti, país miserável, que a falta de sorte se empenha em tornar a pobreza ainda menos evangélica e mais cruel, ao levar 136 pessoas, ao arrasar os casebres, de que metodicamente arranca os telhados, com o sádico prazer de tornar o último refúgio de cada um invivivel?
             Não adianta atribuir à divindade a culpa desses desastres. A culpa é do homem por torná-las mais fortes, mais bestiais. Não joguem a culpa, como os gregos faziam, em Zeus, nem tampouco  peçam ao deus dos evangélicos ou o dos católicos, para que modere um pouco o castigo.
              Ao invés disso, falem com o bicho homem, sobretudo se ele acredita na força do petróleo ou até do carvão para trazer a prosperidade.
              Pensem só no Katrina, em Sandy,  no Matthew que ainda está perto da costa leste americana - o problema deles está em que a gente - tanto americana, quanto haitiana -  só pensa no mal momentâneo que eles possam fazer. E se pensassem que esses flagelos poderiam ser amenizados, enfraquecidos mesmo, se combatêssemos os fenômenos que estão por trás deles?

                Zombamos dos gregos antigos porque pensavam que Zeus chovia, trazia tempestades, fortes ventos e muito mais.  E nós que hoje enfrentamos os demônios do petróleo, e da exacerbação dos fatores climáticos, será que do alto desse onipotente bicho-homem não estamos criando um outro monstro e muito maior?             

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