quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Perspectivas da Eleição Americana

                              

        Há grande nervosismo nas fileiras republicanas, diante dos escândalos sucessivos que golpeiam - e aparentemente enfraquecem - a candidatura de Donald Trump. Os melhores republicanos - como o Senador John McCain, ex-candidato a presidente em 2008 - não mais se sentem em condições de apoiar o nominee do Partido, Donald Trump.
        Não é necessária muita informação sobre tal candidato, para que o eleitor não se sinta em dúvidas quanto a proporcionar-lhe o apoio nas urnas.  Os escândalos se sucedem e cada um mais vulgar e comprometedor do que o precedente.
         Basta acompanhar os debates - e já houve dois - e se ameaça com mais um. Neste último, o candidato republicano montou em St. Louis um circo colateral à discussão, para tentar contrabalançar com as velhas acusações ao ensejo da reeleição de Bill Clinton, as vulgares fitas relativas à opinião de Trump sobre as mulheres.
         Trump não respeita nenhuma regra - nem mesmo as prescrições nos dois debates até hoje - e ele pensa levar vantagem com isto. Nesses encontros de que há regras por ele desrespeitadas a cada passo,  Donald Trump  é presença sobrepairante, sempre olhando por sobre as costas da candidata democrata, ou então fazendo comentários depreciativos acerca da adversária.  Não é à toa que através dessa atitude ele tente  consolidar uma corrosiva falta de respeito, em que tenta levar o nível das relações entre os dois candidatos à mais baixa esfera, que deve ser aquela de seu gosto.
         Nunca houve tantas defecções no Partido Republicano, como agora. E se querem, por um excesso de dúvida, determinar a embaraçosa e inarredável razão para tal, vamos encontrá-la no comportamento de Donald Trump.  Há um limite para a vulgaridade e o desrespeito às regras e ao fair play. Não será por agressivo cinismo, pelo menosprezo mais comezinho das regras do comportamento e do fair play, que o candidato do GOP logrará chegar à conquista da presidência americana.
          Trump está condenado por uma série de fatores, cada um mais comprometedor do que o anterior. Até o evangelho está aí a advertir-nos com a frase de Jesus: Dize-me com quem andas e eu te direi quem és.
           Há admissão mais pesada e constrangedora do que a sua admiração pelo autócrata russo, Vladimir V. Putin?  Este já deixara chamuscado George W. Bush, quando  este último tentara enfrentá-lo na área que o Kremlin  denomina como o 'estrangeiro próximo', chegando inclusive o Parlamento russo a legislar nessa matéria?[1]
            Estarei chovendo no molhado ao declarar que Trump demonstra ter parco conhecimento das realidades da política externa. Se o tivesse, outra seria a sua atitude no que concerne a gospodin Vladimir Putin. Não é pessoa de comércio fácil, como o próprio Barack Obama terá aprendido às próprias expensas.
           Se a personalidade do candidato republicano for bastante para ocasionar o temido desastre nas fileiras do GOP, como desde muito teme a direção republicana, como dizem os franceses a quelque chose malheur est bon .[2]




[1] Vide a respeito o livro da professora Karen Dawisha, já bastante citado por este blog, "Putin's Kleptocracy", 2014, Simon & Schuster, New York.
[2] A infelicidade pode servir para alguma coisa  de bom (provérbio francês).

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