sábado, 29 de outubro de 2016

Maduro e a cúpula de Cartagena

                    
        Apesar de não ser esperado, Nicolas Maduro acha que o constrangimento pode funcionar a seu favor na Cúpula Iberoamericana, a realizar-se em Cartagena, na Colômbia.
        Como Venezuela e Colômbia têm relações satisfatórias, Maduro não espera encontrar muitos obstáculos nessa reunião, apesar de vários países  o vejam como estranho fora do ninho na cúpula iberoamericana.
        O trunfo principal de Maduro está na sua interação com o governo de Juan Manuel Santos, o novo presidente colombiano. Maduro tem trabalhado junto com o colombiano Santos, nas conversações com as Farc e o ELN, eis que a ajuda logística  e de inteligência dos venezuelanos nesta área é fundamental.
         Por carecer do auxílio de Maduro nos contatos com as organizações da antiga guerrilha, Juan Manuel Santos é um dos poucos presidentes latino-americanos que é parcimonioso nas críticas ao Presidente da Venezuela.
           Talvez por causa da ausência de Maduro, o fato é que a adesão à greve geral não foi completa. Além disso, a ameaça de Nicolás Maduro, ao afirmar que "tomaria" ou "nacionalizaria" as empresas que aderissem à greve, fez com que muitas optassem por deixar as portas (ou os portões) abertos.
             Quanto ao chamado "julgamento político e penal" de Maduro, o sucessor de Hugo Chávez optou, como é seu vezo, em partir para a ignorância.
               Como ele domina todo o aparato dito "bolivariano" da segurança estatal, as ameaças do presidente venezuelano  até que foram levados a sério pelos deputados.  Não sei se a oposição terá presentes os julgamentos feitos pela  Convenção contra os inimigos do Povo. 
               Assim, bazófia ou não, terá levado a uma atitude mais prudencial da Assembléia Nacional, haja vista as ameaças brandidas por Maduro: "Se fizerem um suposto julgamento político que não esteja em nossa Carta Magna, a Procuradoria deve pedir aos tribunais de Justiça e levar à prisão todos os que violem a Constituição, ainda que sejam deputados."
                Maduro desobedece os preceitos que regem o procedimento relativo à assinatura pela população da revogação da eleição do Presidente, recurso este que é constitucional, e a que, a seu tempo, se curvou o Presidente Hugo Chávez, submetendo-se a esse pleito que visa determinar se a população vota em favor ou não da revogação do mandato presidencial.
                 Dessa maneira, a obediência de Maduro aos dispositivos constitucionais é condicional, sujeita à própria conveniência...


(  Fonte:  Folha de S. Paulo )   

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