quarta-feira, 10 de junho de 2015

Putin está sozinho ?


                                        

        Vladimir V. Putin e a sua Rússia foram afastados do G-8 (que passou a G-7) no verão passado. A motivação não foi das menores. Quebrando norma internacional e fazendo voltar a negra noite do direito do mais forte, gospodin Putin invadiu a península da Crimeia, e completou pela encenação de referendo ilegal, que ‘votou’ pela anexação desta província à Federação Russa.

        Na verdade, o Povo ucraniano, por haver derrubado o Presidente Viktor Yanukovich pela sua adesão à União Aduaneira da Rússia, ao invés de associar-se à União Europeia, através de amplos acordos, foi ‘castigado’ pelo Presidente Putin.

        Em uma série de medidas que recendem a século XIX, Putin não só determinou a infame invasão de província do país vizinho, com o escopo da conquista, mas também iniciou a operação de desestabilização das províncias orientais da Ucrânia.

        Tudo isso terá disposto com o estólido semblante de um czar ávido de conquista, que sequer conhece direito internacional público e a regra dos pacta sunt servanda[1].

        Nesta reunião do G-7, em que foram confirmadas as sanções contra a Rússia por causa do incrível desrespeito ao direito internacional, Putin terá pensado na possibilidade de que alguma país-membro, por ganância comercial, as desrespeitassem. Provocou, assim, alguma estranheza que Matteo Renzi, o novo Presidente do Conselho italiano visitasse Moscou no início deste ano, mas apesar dos rumores as sanções do G-7 continuaram a ser respeitadas.

        Por outro lado, há países membros que por dificil situação econômico-financeira podem quebrar a ordem-unida comunitária, como v.g. a República Helênica. Até o momento, no entanto, tal não ocorreu.

        Com o acordo prévio de Estados Unidos e da Alemanha, os dois mais importantes países no G-7, que sinalizaram a continuação das sanções contra a Rússia, não houve atmosfera para eventuais dissensos. Tanto Obama, quanto Merkel asseveraram que a duração das sanções contra Moscou “está diretamente ligada à implementação total pelos russos do acordo de cessar-fogo selado em Minsk, em fevereiro de 2015”. Como se recorda, o Presidente da França, junto com a Chanceler Merkel, e o Presidente da Ucrânia, P. Poroshenko, participaram ativamente da redação do acordo com V. Putin e os rebeldes.

        Até o presente, excluídas incursões locais, o segundo cessar-fogo tem resistido. Putin sabe que o desrespeito do segundo acordo de Minsk levaria a outras providências pelo Ocidente, que não seriam do interesse de Moscou.

         Assinale-se, outrossim, que a situação na Ucrânia, mais ou menos se estabilizou, com o bolsão que começa na margem setentrional do Mar de Azov sob controle rebelde. No entanto, a consciência do desafio pela Rússia criou uma mobilização geral de Kiev e das províncias ocidentais na defesa da Ucrânia. O exército cuja capacidade bélica vem aumentando, junto com maior ânimo, tem recebido amplo apoio da população ucraniana. As defesas de Mariupol – que confrontam o bolsão rebelde ao sul e quase foram abandonadas em 2014 – se acham consideravelmente reforçadas. Dessarte, os rebeldes não encontrarão facilidades e se houver aberta intervenção de Moscou, Putin pagará o preço. A Chanceler Merkel já assinalou que a sua atitude mudará, com participação mais pró-ativa em favor da Ucrânia, se a Rússia tentar ir além dessa linha do front.  

        Retribuindo a visita de Renzi, Putin vai a Roma. Nessa oportunidade, está igualmente programada audiência com Papa Francisco.

 

( Fontes: ‘Ukraine: Inside the Deadlock’, artigo de Tim Judah, in ‘The New York Review’; O  Globo )          



[1] Os pactos (internacionais) devem ser obedecidos.

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