sábado, 20 de junho de 2015

Desconhecimento, o grande eleitor de Dilma?

                                

         Dentro de quadro sombrio, em que a recessão avança, com o fechamento de mais de cento e quinze mil vagas com carteira,  a inflação se acelera. O Indice Nacional de Preços ao Consumidor amplo-15 (que funciona como prévia do IPCA), registrou alta de 0,99% em junho, bem acima do avanço de 0,60%, observado em maio, consoante informa o IBGE. Trata-se da maior escalada de preços num mês de junho desde 1996 (quando foi de 1,11%) – ou seja em quase vinte anos.

      Nos últimos doze meses, o IPCA-15 acumulou alta de 8,80. Conforme o IBGE,  o resultado de junho foi pressionado, sobretudo, pelos aumentos dos preços de alimentos (cebola, 40% mais cara, e tomate, 13%, além dos jogos de azar, (37,77% mais caros) o que teve o maior impacto individual no índice, respondendo por 0,14 ponto percentual do índice).

      Nem todos consideram a inflação o mal maior. Essa é uma opinião no mínimo polêmica. A inexperiência de Dilma, pensando poder alavancar a economia com umas pitadas de carestia, puseram em perigo todas as conquistas do Plano Real, trazendo de volta, de forma irresponsável, o dragão.

     Com um Banco Central fraco, largos déficits nas conta públicas, e uma economia que pretendia alavancar com o consumismo das classes C e D,  a equipe econômica de então se valeu de muitas espécies de ficções fiscais, a ponto de que a chamada dívida líquida, por tantas manipulações privada de credibilidade, a tal ponto que o mercado só podia atribuir confiança na Dívida Bruta.

     Parece-me tristemente sintomático que, nesse quadro de bagunça contábil, se apresente para assumir ‘toda’ a responsabilidade o ex-Secretário do Tesouro Arno Augustin.

      Se a sua atitude, em época na qual como ratos os eventuais implicados tentam escapar para os refúgios mais próximos, mostra decerto caráter, mas não livra de responsabilidade a Chefe do Poder Executivo que foi eleita – e por duas vezes! - pelo Povo Soberano também  para tomar as decisões e arcar com as consequências.

     Por outro lado, há gente como o Senhor Júlio Miragaya, vice-presidente do Conselho Federal de Economia (Cofecon), que acredita que elevar juros não é a solução ideal para combater a inflação, e tampouco acredita em alternativa para conter os preços. Dentro desse prisma peculiar, não aponta alternativa para conter os preços, e o que mais o preocupa no presente cenário é a piora no mercado de trabalho.

     Peço vênia para discordar de seu juízo de que a inflação é um mal menor. A expectativa, para ele, é que a taxa do segundo semestre anualizada  fique em 5,4%, próxima da meta. O mal maior vai ser o desemprego, sempre consoante a opinião do Sr. Miragaya.

     Ao ouvir comentários de pessoas do mercado que não temem a carestia, se tem a impressão de que as décadas inflacionárias da economia brasileira – enfrentadas a partir dos anos sessenta, pelo menos  - foram coisa de somenos. Ao contrário de o que muitos pensavam, a carestia é fator de brutal retrocesso na economia. O Brasil experimentou até quase o fim do século XX, por pelo menos três decênios esse processo fora de controle, que nos deixou o legado das décadas perdidas (não vamos considerar os vários planos milagreiros, ditos heterodoxos, como válidas soluções. Na verdade, só acirrava o processo). A economia patinou por demasiado tempo. Beiramos a hiper-inflação, e o nosso quadro, se alguém deseja reexperimentar o passado, aconselho que visite a pobre Venezuela hodierna, em que o señor Nicolas Maduro brinca de ditador e de ecônomo.  

       Não considero Dilma Rousseff como a principal responsável pelo que aí está. Para mim, o verdadeiro responsável é Luiz Inácio Lula da Silva. Com um eleitorado despreparado, em parte dependente de programas subvencionados pelos impostos que todos nós pagamos, e com uma candidata que nunca ocupara cargo eletivo, objetivamente a responsabilidade por todo o mal que adveio do primeiro mandato é atribuível ao Senhor Lula da Silva.

       Quanto ao segundo mandato, há dois fatores determinantes para a vitória de Dilma:  (a) o afastamento de Marina Silva da disputa no segundo turno pela negação através do TSE de que a sua campanha se valesse do direito de resposta à saraivada de mentiras do chefe da propaganda da Presidenta de que Marina foi vítima; (b) as inverdades e as negações de fatos comprometedores no segundo turno, o que lhe foi bastante para a sua vitória, com cerca de 3% de diferença sobre Aécio Neves.

 

 ( Fontes :  O  Globo, Folha de S. Paulo )

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