quinta-feira, 11 de junho de 2015

Inflação



                                           
        Já disse e repito: não considero Dilma Rousseff a principal responsável pela inflação que voltou (e como voltou!). As iniciais de quem tem nisso a maior culpa em cartório são: Luiz Inácio Lula da Silva. Não há dúvida de que a nossa Presidenta vacilou no capítulo, mas não se deve esquecer – como reza a velha piada – de que quem colocou o jabuti no galho da árvore foi o Presidente Lula,  com isso inaugurando sua política de eleger postes.

        Suponho que Sua Excelência não queira mais falar sobre tal assunto, preferindo sepultá-lo no silêncio que leva ao olvido.

        Por isso que, data vênia, insisto não para livrar Dilma Rousseff de sua eventual culpa em cartório, mas sem deixar de frisar a responsabilidade do  primeiro operário elevado à Presidência da República.

        De resto, não faltaram advertências para o perigoso caminho por que investiu a alegre administração da grande gestora. Tudo foi feito para preparar a volta triunfal do Dragão. Por vezes, me acudia a impressão de que Dilma estivesse ausente do Brasil quando aqui bateu a inflação e depois a hiperinflação, com a sua cauda de incertezas, pilantragens, planos heterodoxos, anos desperdiçados em termos de crescimento econômico, etc. etc.

         De início, cheguei a acreditar que ela estivesse convicta da serventia de advertências retóricas contra o dragão... Quiçá tenha começado a descrer de qualquer esperança, como se tivesse cruzado o Portal do Inferno do Signor Dante Alighieri, quando li na imprensa que ela convidara para almoço – a fim de tratar de meios de combater a inflação - Delfim Netto e Luiz Gonzaga Belluzzo, (mas excluídos os responsáveis pelo Plano Real, que para ela e a turma do PT é plano de partido e não do Brasil) !

          Agora descobrimos que o dragão voltou e não sairá de cena antes de corroer os nossos vencimentos e salários, e de deliciar-se na alegre alta dos preços. Custou muito para descobrir que a chamada correção monetária é mecanismo diabólico que perpetua a carestia. Para isso, a sopa dos índices está aí, para garantir que, entra ano, sai ano, a inflação receba as injeções necessárias a fim de que se prolongue, para gáudio de todos aqueles, com os serviços à frente, que a saúdam álacres, como sua santa protetora.

          As seções econômicas dos jornais se divertem em nos relembrar que o índice inflacionário – o IPCA no caso – continua muito válido.  A inflação no ano é de 8,47%. Se Dilma errou no atacado, fez questão também de vacilar igualmente no varejo.  Se não se deve responsabilizá-la pelo incremento nos preços dos alimentos (de 1,37% no mês), o que fazer com a pressão inflacionária na energia elétrica, que teve um aumento de 58,47% nos últimos doze meses?  Não se pode olvidar de que o seu Governo tem muita responsabilidade em tal incremento, além da seca que prejudica as hidrelétricas e chama as custosas (e poluentes) térmicas.

            Por vezes, tenho a impressão de que Dilma Rousseff  esteve ausente do Brasil no período da inflação e sobretudo da hiperinflação. Para alguém que tenha vivido naqueles tempos de overnight, de salários em contínua perda para o temível dragão, e por aí afora, nos anos perdidos da pasmaceira e da heterodoxia econômica (que quase mata o paciente), custa crer que pessoa com mínimo de vivência desses tempos sombrios de incerteza financeira, não tenha pensado, por um instante, que a inflação fora um karma cruel para o brasileiro (mais o comum e o pobre, do que o rico, que sempre acha meios de surfá-la), e que deveria ser preservado tudo aquilo que fora feito para que se vivesse em um mundo normal, parecido com o dos países desenvolvidos.

           Será que o seu apreço pelo chavismo e o neoperonismo vai constranger-nos a reinventar a roda e felizmente remergulhar na inflação (que gera desabastecimento, como a senhora deve saber), que é agora patrimônio dos regimes sindicalistas da América do Sul?

 

( Fontes:  O Globo, Folha de S. Paulo )
 
 

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