Assinada a Medida Provisória do Salário Mínimo pelo Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fixado para 2011 no montante de R$ 540,00, a sua votação no Congresso anuncia a possível primeira crise na aliança parlamentar que deverá sustentar o governo Dilma.
Mal saída das urnas, a grande maioria formada pela coalizão partidária que apoiou a candidata Dilma Rousseff, tal formação, a despeito do seu número avantajado, já dá indicações de ser avultada em números, mas deficiente em coesão programática.
Ainda no processo de formação da administração governamental, e arrecém costurado o inchado gabinete ministerial de 37 cadeiras, se enceta a disputa pelo segundo escalão.
O PMDB, quer tomemos a definição de Jarbas Vasconcellos, quer escolhamos a de frente regional, de baixo teor ideológico e alto quociente fisiológico, já se coloca como a pedra no meio do caminho para a Presidente Dilma.
O líder do partido na Câmara, Deputado Henrique Eduardo Alves, disse que não está convencido sobre o valor de R$ 540,00 para o mínimo. E acrescentou: “O PMDB também não, mas pode ser convencido pela equipe econômica.”
Para tal gente e tais políticos, falar do prazo dos cem dias que em terras civilizadas se sói conceder às novas administrações, pode ser levado à conta de piada de mau gosto.
O tamanho do PMDB corresponde aos grupamentos regionais que o integram. Querer pespegar-lhes uma linha programática será interpretado como graça requentada, pois desde que passados os tempos de Ulysses Guimarães, o conteúdo ideológico será para essa imensa frente um leve verniz, aplicado de preferência às vésperas das eleições.
Neste primeiro momento do governo Dilma que se conta em uma trinca de dias, a questão do valor do mínimo constitui para o PMDB simples pretexto, válida alavanca para rediscutir a distribuição dos postos, com a qual direção e membros da frente não estão nada satisfeitos.
Consideram, por conseguinte, oportuna a hora, malgrado a impressão negativa que possam causar não só com a manifesta avidez – que joga às urtigas qualquer aparência de união na grande coalizão de que foram beneficiários – mas com a mais comezinha deferência aos prazos e aos costumes que em outras terras representam apanágio das novéis administrações.
Decerto, mencionar tais considerações aos calejados correligionários do Vice-Presidente Michel Temer será despertar acessos de riso.
De qualquer forma, quiçá mais cedo do que esperasse, caberá à Dilma mostrar que o governo é uno, com uma só cabeça. Frente a esse desafio, a presidente carece não só de pulso, mas também de corroborar o dito no discurso de posse com a prática do dia-a-dia. Mais cedo desvele têmpera e energia, mais contribuirá para confirmar a própria disposição e dissipar as veleidades de diversos personagens, que ora pululam.
Fonte: O Globo )
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
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