O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) registra marcado salto na inflação. Com efeito, o indicador oficial da inflação marca 5,91% para 2010, o que corresponde a uma piora em relação a 2009, que foi de 4,31%.
O IPCA, se foi superior à meta da inflação estabelecida pelo governo (4,5%), fica ainda dentro dos parâmetros oficiais, observado o intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para mais ou para menos. Igualmente no campo dos aspectos positivos (ou de consolo), será o sétimo ano seguido em que o IPCA fica dentro desses limites mais amplos.
No que tange ao INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que mede a inflação para famílias com renda de até seis salários mínimos, marca elevação maior do que o IPCA. Para esse índice das famílias mais pobres, o registro é de 6,47%. Tal alça corresponde à circunstância de que os alimentos têm peso maior para a baixa renda.
O principal fator para o aumento dos preços foram os alimentos, com 10,39%, o que corresponde a três vezes mais a variação de 2009, que foi de 3,18%. Nesse quadro, a carne subiu 29,54% e o feijão mulatinho, uma alça superior a 60%.
Assinale-se que no último triênio o comportamento do IPCA seguiu o da evolução dos preços da rubrica alimentos.
Por outro lado, dos nove grandes grupos que compõem o IPCA, somente três se posicionaram abaixo da meta oficial de 4,5%: comunicações (0,88%), transportes (2,41%) e artigos para residência (3,53%).
Assinale-se que o resultado do IPCA para 2010 bateu com as projeções do mercado que, segundo levantamento do Banco Central, previam IPCA de 5,90% para o ano passado.
A elevação na curva inflacionária reflete, entre outros, duas condicionantes. A primeira é a explosão de despesas públicas, acionada por Executivo e Legislativo, em função de motivações eleitoreiras. Toda a inchação de dispêndios, que se insere na arrancada final do governo Lula para assegurar a vitória de sua candidata, contribuíu para o aumento do numerário e a consequente pressão inflacionária, alavancada pela oferta.
Por outro lado, o Copom dirigido pelo Presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, alertado pela tendência inflacionária, tentou contê-la com reajustes para cima na taxa Selic, já a partir de abril de 2010 (9,5%) para atingir 10,75% em 21 de julho. Se a intervenção foi oportuna e bastante, há margem para discutir, embora o encarecimento dos juros terá contribuído de alguma forma para controlar dentro de certos limites a alça consumista, e eventuais maiores consequências inflacionárias.
A pressão altista, dada a maior tendência para afrouxar as cordas do Erário, é uma característica dos anos eleitorais, embora tal não se tenha verificado em 2006, com um IPCA de apenas 3,14%. A reeleição de Lula pode ser, contudo, considerada como um período atípico, dado o cenário dos comícios de então e eventos anteriores, que traziam maior incerteza para os resultados e, por conseguinte, recomendavam menor desenvoltura nos gastos públicos.
( Fonte: O Globo )
sábado, 8 de janeiro de 2011
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