A principal preocupação
do governo brasileiro quanto à crise na Bolívia está na possível interrupção no
fornecimento de gás natural. A Bolívia
fornece cerca de 30% de todo gás consumido no Brasil. O consequente temor das autoridades nacionais é de que a situação
política saia do controle e o fornecimento de gás venha a ser interrompido.
Desde a renúncia de Evo Morales, no domingo, duzentos manifestantes
ligados ao MAS, partido do
ex-presidente, invadiram e paralisaram a
produção de uma usina de gas natural no campo de Carrasco, província de
Chapare, Cochabamba, que é um bastião
dos apoiadores de Evo Morales.
Por isso, a estatal boliviana enviou ontem
carta ao governo da Argentina
notificando que o fornecimento de gás pode ser afetado em razão das
"limitações" atuais da usina de Carrasco. Já sob controle do
exército, no entanto a usina opera com a meta-de da capacidade.
O impacto para o Brasil por enquanto
é zero. Os campos operados pela Petrobrás, no sul da Bolívia, ficam em região
relativamente tranquila. No entanto, há o temor
de que uma instabilidade prolongada leve a ações de extremistas em
outros campos, o que poderia afetar o fornecimento para o Brasil.
Quase todo o gás boliviano é destina-do a indústrias e usinas
termoelétricas. Existem outras opções de
fornecimento, como o gás natural liquefeito, exportado principalmente dos
EUA. No entanto, a substituição pode
levar algum tempo e ter impacto nos preços de energia.
Os últimos acontecimentos na Bolívia jogam um balde de água fria na negociação entre a Petrobrás e a YPFB, que tentam
implementar a venda de 51% do Gasbol, rede de distribuição do gás boliviano com
mais de 3 mil km de extensão, 85% deles em solo brasileiro, parte do acordo da
Petrobrás com o CADE, para a abertura do mercado de gás natural em diversos
Estados brasileiros.
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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