Ciro Gomes falou com
jornalistas ontem (onze de novembro de 2019). Candidato derrotado à presidência
em 2018, ele continua no que parece aguerrido isolamento, distribuindo
críticas. Assim, dois dias depois de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursar para a militância em São
Bernardo do Campo, e reacender a polarização política com o presidente Jair
Bolsonaro, eis que surge Ciro com duras críticas ao petista, a quem chama de
"sem escrúpulo". Distanciando-se do petista, afirma: "Lula é
um encantador de serpentes. A presunção dele é que as pessoas são ignorantes e
que pode, usando fetiches, intrigas e a absoluta falta de escrúpulos que o
caracteriza, navegar nisso. O mal que Lula está fazendo ao Brasil é muito grave
e extenso".
Ciro falou com jornalistas ontem à tarde, antes de uma palestra na
universidade FMU, na capital paulista. O ex-ministro apoiou Lula pela primeira
vez na eleição presidencial de 1989, quando era prefeito de Fortaleza. Fê-lo igualmente nas eleições de 2002 , e
também nas eleições de 2006, quando era ministro da Integração Nacional, no governo petista. Já em 2018 o pedetista se
afastara do ex-presidente durante a campanha.
Assumindo um outro discurso, Ciro Gomes disse
ontem que tanto Lula, quanto o presidente Jair Bolsonaro querem a polarização.
No seu entender, eles "são duas faces da mesma moeda". Questionado
sobre a possibilidade da formação de frente ampla da esquerda para enfrentar o
grupo de Bolsonaro em 2020 e 2022, o ex-ministro descartou de forma categórica
qualquer possibilidade de estar ao lado
do PT. "O lulopetismo virou uma bola
de chumbo amarrando o Brasil ao passado. Ele (Lula) está fazendo de conta que é
candidato e que foi inocentado", disse
Ciro. Em seguida ele afirmou que "nunca mais" vai andar
"com a quadrilha que hegemoniza o PT".
Segunda instância. Sobre a possibilidade do Congresso encampar
uma proposta que restitua a possibilidade de prisão em segunda instância, o
pedetista disse que a Constituição
"não é cueca" (sic) para ser trocada pela sujeira do dia a dia.
"O artigo quinto da Constituição Federal repete entre nós um princípio de
todo constitucionalismo mundial: a presunção de inocência até que o trânsito em
julgado aconteça. Contra essa cláusula não pode haver emenda", declarou.
Em seu discurso em São Bernardo no sábado, Lula mostrou disposição para viajar pelo
Brasil para aglutinar a oposição em torno de seu nome. Em sua fala, disse
Bolsonaro foi eleito para governar para o Povo brasileiro "e não para os
milicianos do Rio". O ex-presidente
também atacou os ministros Paulo Guedes, da Economia, e Sérgio Moro, da Justiça
e Segurança Pública, e a Operação Lava Jato.
Por sua vez, Ciro Gomes afirmou que tem respeito pelo "petista
médio" e lembrou que apoiou os governadores Camilo Santana, no Ceará, Rui
Costa, na Bahia, e Wellington Dias, no Piauí. "Meu problema é com a cúpula
corrompida do lulopetismo. Com essa gente, nem para ir para o céu". Ainda segundo o pedetista, Lula e Bolsonaro
são "rigorosamente iguais" do ponto de vista econômico. "Há uma
distinção: o Lula paralisou as privatizações e usou as estatais para subornar
gente para seu projeto de poder. A polarização é só no fetiche e no
adjetivo".
Bolívia. O ex-ministro comentou ainda a
situação da Bolívia e a renúncia de Evo Morales da presidência daquele
país. "Todas as pessoas de bem do
mundo devem gritar em alto e bom som que exigem providências da comunidade
internacional que protejam a vida do presidente Evo Morales. Ele corre risco de
vida", afirmou.
Ele chamou de "calhorda" a posição dos países vizinhos, inclusive
o Brasil, quando negaram ceder espaço
aéreo para que Morales tentasse asilo político."A Bolívia está entrando em
ambiente de absoluta anomia", afirmou.
"Há uma evolução para a violência fruto de um golpe de Estado ao
modo dos anos 50 e 60", completou.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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