sexta-feira, 15 de novembro de 2019

RPC põe US$ 100 bilhões à disposição do Brasil


              
     Segundo anuncia a Folha em primeira página o governo de Xi Jinping pôs à disposição do governo Jair Bolsonaro mais de US$ cem bilhões de pelo menos cinco fundos estatais, para uma nova rodada de investimentos no Brasil.
        No encontro do BRICS em  Brasília, os líderes Jair Bolsonaro (Brasil), Xi Jinping (China), Vladimir Putin ( Rússia ),  Modi (União Indiana) e Ramaphosa  (União Sul Africana) encerraram no Palácio Itamaraty a  reunião de cúpula na  capital federal.
        Nas reuniões ocorridas entre os países nesta semana em Brasília, Beijing também sinalizou  com expansão de crédito por meio  de seus bancos no Brasil, para competir sobretudo  por clientes do agronegócio e da indústria.
        Enquanto aos fundos de investimento, a maior parte dos recursos deverá financiar projetos de infraestrutura.

        O ministro da área no Brasil, Tarcisio de Freitas, assinou nesta quarta-feira dia treze, um acordo de cooperação com o ministro dos transportes da RPC, e ao longo de 5 anos, haverá parceria na elaboração de projetos. Tal parceria pode destravar um fundo criado pelos dois países em 2017, destinado principalmente à expansão da malha logística no país.
         Segundo a matéria da Folha assinala, desde a posse de Bolsonaro nenhuma reunião ocorreu para decidir quais seriam os empreendimentos a serem financiados com os recursos do fundo binacional.
          Nesse sentido, a Parte chinesa aguarda o sinal verde do Brasil para depositar US$ 15 bilhões. Segundo o acordo, o Brasil terá de entrar com US$ 5 bilhões como contrapartida.  Deve-se ter presente que no momento atual a RPC é o principal parceiro comercial do Brasil. De janeiro a outubro, o Brasil exportou  US$ 51 bilhões para a China, e dela importou US$ 30 bilhões. 
            Segundo se assinala, a mudança de rumo na relação com a RPC ocorreu em fins de outubro, durante a visita oficial do presidente Bolsonaro àquele país.  Na reunião com o líder chinês, Xi Jinping, o brasileiro solicitou que as petroleiras  chinesas participassem  do megaleilão do pré-sal para garantir presença estrangeira. Assinale-se que a RPC foi o único país que entrou na disputa.
             Conforme assinala o artigo da Folha, a abertura para o país asiático ocorre no momento em que os resultados do alinhamento com os Estados Unidos da América não surtem os efeitos esperados pelo Governo do Brasil, que, em contrapartida, terá feito diversas concessões. Uma delas, a abertura do mercado do trigo  para produtores americanos, desagradou à RPC, que fizera o mesmo pedido ao Brasil, sem sucesso.
             O Brasil, de acordo com o artigo de Julio Wiziack, também busca, como é notório, o apoio dos Estados Unidos para entrar na OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). O país está na fila, e a Argentina foi anunciada recentemente como prioridade.

             Cabe aqui uma nota pessoal. É publicamente conhecido que o Brasil foi preterido para o ingresso no Conselho de Segurança das Nações Unidas, então em processo de formação, ao final da Segunda Guerra Mundial. Tal era decisão pessoal do Presidente americano, Franklin Delano Roosevelt, mas a preferência de FDR não nos assegurou o ingresso do Brasil como membro permanente desse Conselho - que de resto correspondia à gratidão estadunidense pela ajuda determinante que o Presidente Getúlio Vargas concedera, como aliado dos EUA, à utilização de Força Expedicionária brasileira que participou da guerra contra o Eixo, assim como e em especial do Nordeste do Brasil no esforço americano para ganhar a Segunda Guerra Mundial, contra as potências do Eixo. A conhecida preferência de FDR não se materializara pela sua morte repentina e a sua consequente sucessão pelo Vice-presidente Harry S. Truman, que optou por desconhecer desta decisão de seu antigo chefe, e trouxe a  França do general Charles de Gaulle para o Conselho de Segurança das Nações Unidas. E desde então e até o presente o Brasil tem postulado pelo reconhecimento deste direito que a morte imprevista do grande líder americano inviabilizara.

             Mas voltemos ao presente. A China é o principal parceiro comercial do Brasil. De janeiro a outubro, o Brasil exportou  US$ 51,5 bilhões para a RPC  e importou US$ 30 bilhões. A mudança de rumo na relação com a China ocorreu no fim de outubro, durante a visita oficial do Presidente  Jair Bolsonaro àquele país. No seu encontro com o dirigente chinês  Xi Jinping, o brasileiro pediu  que as petroleiras chinesas participassem do megaleilão do pré-sal para garantir presença estrangeira. A China foi o único país que entrou na disputa.
                A abertura para o grande país asiático ocorre no momento em que os resulta-dos do alinhamento com os Estados Unidos não surtem os efeitos esperados pelo governo brasileiro, que, em contrapartida, fez diversas concessões.  Uma delas,  a abertura do mercado do trigo para produtores americanos, desagradou a China, que fizera o mesmo pedido ao Brasil sem sucesso.
                   Também nesse contexto,  o Brasil buscou o apoio dos Estados Unidos da América para entrar na OCDE. O país está na fila, segundo consta do artigo de Wiziack,  e a Argentina foi anunciada recentemente como prioridade.  Dado o tamanho do Brasil e a sua óbvia potencialidade, existe de parte de nosso grande amigo do Norte uma atitude de certa dubiedade no que tange a conceder posições ao Brasil que normalmente lhe caberiam pelas próprias condições fisicas desse país-continente na América Latina. Basta ver a lista dos membros da OCDE para que a verdade salte aos olhos,  com a confirmação das naturais pretensões do Brasil a integrar essa Organização.
                       Mas voltemos às perspectivas nas relações entre esses gigantes continentais. Assim, no caso de que a mudança nas relações se confirme, os chineses também querem ampliar a presença de seus bancos, principalmente os de fomento, como o China Development Bank, para expandir o crédito.
                          Nessa linha de pensamento,  bancos como o ICBC (Industrial and Commercial Bank of China), o Bank of China, o Haitong e o CCB (China Construction Bank) devem ampliar neste ano seu patrimônio, atualmente na casa de US$ 3,5 bilhões, para poder concorrer na oferta de crédito nas áreas de agricultura e indústria, sobretudo.
                            Por trás dessa estratégia, está a política do Governo chinês de fortalecer a respectiva moeda, o yuan.
                             A idéia é de massificar a presença de instituições financeiras chinesas a ponto de pleitear do Brasil que as transações comerciais e de investimento sejam feitas diretamente no moeda chinesa.
                              "Isso levaria a uma redução de custo das transações nas duas pontas", diz Sérgio Quadros, ex-gerente do Banco do Brasil na China, que hoje pesquisa os benefícios  da expansão da moeda chinesa no país.
                                Para ele,o Brasil pode ganhar com essa política. As empresas nacionais poderiam, por exemplo, se financiar comprando títulos chineses em yuan no exterior, pagando menos.  "Hoje mais de 90% das reservas brasileiras são em dólar", afirma Quadros. "Tenho certeza de que a China gostaria que uma parte fosse em yuan."
                                 Segundo ele, hoje bancos centrais mantêm o equivalente a US$ 202 bilhões de suas reservas em moeda chinesa.                       
                                  Por fim - o que denota tanto a importância da RPC no aspecto econômico para o Brasil, quanto a necessidade de uma atitude mais conservadora quanto ao fluxo do comércio com o país asiático, e o consequente aumento no valor das exportações - está a discussão sobre a assertiva do Ministro Paulo Guedes - de que existem  tratativas para uma área de livre comércio com a RPC - posição esta a que se contrapõe a visão mais conservadora de técnicos do governo brasileiro que assinalam que as negociações em curso com o governo de Beijing não abrangem um objetivo tão amplo quanto esse.
                                      É óbvio que dada a relevância da RPC no quadro econômico mundial, tais observações, ainda que importantes, se reportam ao momento presente, e à necessidade de levar em conta as reais condições da atual realidade econômico-financeira dos dois países, na sua respectiva posição no contexto das economias continentais.

 ( Fontes: Folha de S. Paulo e observações pessoais. )

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