Já me
reportei em matéria nesse blog sobre
os acontecimentos e a queda de Evo Morales. Lamento, no entanto, que, ao tê-lo feito, não
tivesse presente o artigo e a análise da
lavra de Fabiano Maisonnave, que é
correspondente especial da Folha,
assinalando-se pela qualidade e o equilíbrio de suas avaliações.
Creio, por isso, importante que se tenha em mente a avaliação de Fabiano
sobre a saída forçada de Evo Morales do poder. Com a sua precisão habitual, o
correspondente da Folha contextualiza
o que realmente ocorreu.
Talvez como uma decorrência das características da política na Bolívia,
Morales não logrou manter a necessária isenção para evitar o que na realidade
lhe aconteceu. Não soube dar-se conta na curva do caminho de que o continuísmo
é um grande perigo para aqueles políticos que se empenham em melhorar a
condição do país e de seu Povo, mas que ao fazê-lo devem ter presente que o
maior desafio a ser enfrentado é evitar que a mancha do caudilhismo venha a
associá-lo aos próprios inimigos, e dessarte criar condições para que ele não
se diferencie dessa malta, por mais que as próprias obras de sua administração
falem em contrário.
Por isso, a análise lúcida de Fabiano nos ilustra do erro básico
cometido por Evo Morales, ao permitir que o vírus do caudilhismo viesse manchar
o legado positivo deixado pelo líder boliviano. Dessarte, se a economia cresceu
e a pobreza caíu à metade, Evo se
apresenta como o seu principal inimigo, ao acreditar possível que a
circunstância de minar as instituições democráticas - para se perpetuar no
poder - corresponderia na verdade a uma dádiva
de Nesso para essas mesmas instituições, a que traziam a mancha insanável
da corrupção.
(
Fontes: Folha de S. Paulo, Mitologia grega )
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