segunda-feira, 11 de novembro de 2019

O Erro de Evo Morales


                                  

        Já me reportei em matéria nesse blog sobre os acontecimentos e a queda de Evo Morales.  Lamento, no entanto, que, ao tê-lo feito, não tivesse presente  o artigo e a análise da lavra de Fabiano Maisonnave, que é correspondente especial da Folha, assinalando-se pela qualidade e o equilíbrio de suas avaliações.               

         Creio, por isso, importante que se tenha em mente a avaliação de Fabiano sobre a saída forçada de Evo Morales do poder. Com a sua precisão habitual, o correspondente da Folha contextualiza o que realmente ocorreu.

           Talvez como uma decorrência das características da política na Bolívia, Morales não logrou manter a necessária isenção para evitar o que na realidade lhe aconteceu. Não soube dar-se conta na curva do caminho de que o continuísmo é um grande perigo para aqueles políticos que se empenham em melhorar a condição do país e de seu Povo, mas que ao fazê-lo devem ter presente que o maior desafio a ser enfrentado é evitar que a mancha do caudilhismo venha a associá-lo aos próprios inimigos, e dessarte criar condições para que ele não se diferencie dessa malta, por mais que as próprias obras de sua administração falem em contrário.

             Por isso, a análise lúcida de Fabiano nos ilustra do erro básico cometido por Evo Morales, ao permitir que o vírus do caudilhismo viesse manchar o legado positivo deixado pelo líder boliviano. Dessarte, se a economia cresceu e a pobreza caíu à  metade, Evo se apresenta como o seu principal inimigo, ao acreditar possível que a circunstância de minar as instituições democráticas - para se perpetuar no poder - corresponderia na verdade a uma dádiva de Nesso para essas mesmas instituições, a que traziam a mancha insanável da corrupção.

( Fontes: Folha de S. Paulo, Mitologia grega )

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