A Comissão de
Inteligência da Câmara de Representantes dos Estados Unidos realizou nesta
quarta feira treze de novembro, a primeira audiência aberta de um processo de
impeachment, em mais de duas décadas (anteriormente, a ação contra o presidente
Bill Clinton, democrata, que não passou da Câmara de Representantes).
Desta feita, o panorama se apresenta
diverso. Não é difícil para os democratas conquistar a opinião pública contra o presidente Donald Trump. A maioria
democrata se defronta com um presidente republicano com baixa popularidade, a
ponto que o seu partido, o Republicano,vem perdendo uma série de eleições em
subúrbios, antes terreno para o GOP, e agora o partido do Presidente tem
perdido nesse terreno - que antes favorecia
o GOP - para os candidatos democratas.
Apesar das tentativas de Trump, que
intenta descrever os ataques contra ele como "piadas" e "caça
às bruxas" se vai firmando na opinião pública a impressão de que Trump
usou sua influência como presidente dos EUA para exigir que a Ucrânia
conduzisse investigações para prejudicar
um de seus rivais principais, Joe Biden. Dando prova de sua falta de
escrúpulos, o 45º presidente dos Estados Unidos tentou usar seu poder e sua
consequente capacidade de influência para exigir (sic) que a Ucrânia (que, a
par disso, dependia para ajuda militar contra Moscou) realizasse investigações
para prejudicar um de seus principais rivais (nas pequisas), i.e. Joe Biden.
Nesse contexto, William Taylor, em depoimento na Câmara de Representantes,
revelou que em telefonema de julho
último Trump questionou o embaixador americano para a União Europeia, Gordon
Sondland, sobre o andamento das investigações ucranianas sobre seu adversário político,
o democrata Joe Biden.
O testemunho em apreço corrobora a
tese democrata de que Trump usou de sua influência como presidente americano
para exigir que a Ucrânia realizasse investigações para atingir um de seus
principais rivais na eleição deste fim de ano. Com efeito, Biden é um dos
favoritos no partido Democrata para
disputar a eleição contra o presidente Trump em 2020. Na Casa Branca, Trump
reagiu: "Eu não sei nada sobre isso (sic). É a primeira vez que escuto
falar, eu não me lembro disso.", eis o que respondeu Trump, ao ser
questionado sobre a matéria.
O apego do 45º presidente à
verdade se afigura por demais questionável. Nesse sentido, Trump chegou a
afirmar não haver assistido "nem por um minuto" a sessão ao longo do
dia,pois, segundo ele próprio, estava ocupado em reuniões com o presidente
turco Recep Tayyip Erdogan. A notar-se. todavia, que ao contrário de o que
afirma Trump, a entrevista coletiva com o líder turco organizada na Casa Branca
teve atraso superior a cinquenta minutos e só começou depois que a
sessão na Câmara de Representantes se encerrou...
Durante o depoimento na Câmara,
a situação de Trump ainda ficou mais precária. Nas declarações aos deputados ,
o embaixador William Taylor afirmou que um integrante de sua equipe acompanhou
o telefonema a Sondland. Taylor teria
perguntado a Sondland, na sequência, sobre o que Trump pensava sobre a Ucrânia,
e o embaixador junto a UE teria respondido que o presidente estava "mais
preocupado com as investigações" que atingiriam Biden..
Essa conversa com Sondland
teria ocorrido um dia após Trump haver pressionado o presidente da Ucrânia, Volodmir
Zelenski, a investigar Biden e o filho
dele, Hunter, em momento em que a ajuda
financeira militar estadunidense à Ucrânia estava suspensa. No fim de
outubro,Taylor prestou depoimento a portas fechadas, aos deputados no qual,
segundo a transcrição do encontro, disse aos investigadores que o advogado de
Trump, Rudy Giuliani, estava pressionando a Ucrânia.
Na ocasião, Taylor
confirmou que o apoio estadunidense à Ucrânia estava condicionado ao andamento
de investigações sobre o filho de Joe Biden.
"O que eles dizem é só informação de terceira mão.Nada
direto.", criticou Trump. O
presidente americano disse aos jornalistas que pretende divulgar hoje a
transcrição de um telefonema que teve com Zelenski em abril último.
O vice-secretário de Estado para
assuntos europeus, George Kent, também foi ouvido a treze do corrente. Respondendo a pergunta dos
parlamentares, George Kent afirmou que
não há fundamento para as acusações de que Biden, quando vice-presidente de
Barack Obama, tenha tentado interromper
investigações sobre a empresa de gás ucraniana Burisma Holdings, da qual seu filho fazia parte do conselho de
administração.
Esta vem sendo uma das
alegações dos aliados de Trump durante o processo de impeachment. Kent também
afirmou que o esforço do advogado de Trump para que a Ucrânia investigasse
Biden influenciava as relações com os ucranianos.O Comitê de Inteligência da
Câmara ouvirá amanhã (sexta-feira, quinze de novembro) o depoimento da
ex-embaixadora estadunidense na Ucrânia, Marie Yovanovitch.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
Nenhum comentário:
Postar um comentário