quinta-feira, 14 de novembro de 2019

Presidente interina se aproxima do Comando Militar


            

     Um dia depois de se declarar presidenta interina da Bolívia, a senadora Jeanine Añez aproximou-se ontem dos militares. Além de empossar o novo comando das Forças Armadas, ela passou em revista a guarnição da polícia e foi ao velório do coronel Heybert Antelo, comandante da tropa de elite, morto nesta terça-feira.  Em discurso, ela negou tese de golpe de Estado, e anunciou que convocará eleições gerais "no menor tempo possível".

      Entrementes, fora do palácio presidencial partidários do ex-presidente Evo Morales e forças militares entraram de novo em choque,  o que transformou a área central de La Paz em uma praça de guerra. Houve confrontos em outras regiões e  houve um morto no departamento de Santa Cruz.
        Fontes bolivianas consideraram a decisão da senadora Jeanine de iniciar o próprio governo dando posse ao novo comando militar como uma demonstração de força. Na cerimônia foram introduzidas mudanças: o novo Governo voltou a usar a Bíblia e a cruz, banidas durante a presidência Morales, e excluíu a saudação "Pátria ou morte", usada pelo antecessor.

       Na alocução, a presidente contestou a tese  de golpe de Estado defendida por Evo e disse que o escopo do governo  de transição é "mudar o regime que fez desaparecer na Bolívia separação entre poderes e a liberdade de imprensa."
          Jeanine anunciou também que vai agir para que seja anulada a sentença que deu a Evo o direito de concorrer ao quarto mandato, em 2017, contrariando artigo da Constituição e o resultado de um referendo realizado também naquele ano. A insistência em  forçar um novo mandato é vista como a origem da crise que levou à renúncia de Evo Morales no domingo.

          Ontem, Jeanine voltou a prometer novas eleições em breve, mas não fixou pra-zo. Entrementes, enquanto discursava, a polícia e as Forças Armadas lançavam bombas de gás lacrimogêneo  contra manifestantes  favoráveis ao ex-presidente, procedentes de El Alto, região metropolitana de La Paz, e de pequenas aldeias do altiplano, respondendo à convocação de sindicatos de trabalhadores rurais.
             Gritando "Golpista não passarão!", eles diziam não reconhecer o novo governo e pediam respeito ao resultado da eleição de vinte de outubro, que segundo a OEA foi fraudada.

              Os jornalistas que foram ontem ao Palácio Quemado para acompanhar o pronunciamento da presidente não puderam deixar o local por força dos confrontos no lado de fora. Afinal, quando foram autorizados a sair, ainda se respirava gás lacrimogêneo em grande parte do centro de La Paz.
                
( Fonte:  O Estado de S. Paulo ).

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