Os jovens candidatos
aos postos nos conselhos citadinos colocaram suas candidaturas apoiados no seu
empenho traduzido em muitas demonstrações e outros tantos protestos. A sua luta
pela liberdade, expressa em inúmeras ocasiões, trouxe para a população da ilha a possibilidade de um melhor
conhecimento desse amplo grupo de jovens que se acha realmente engajado em diuturno
trabalho para que a tão ansiada democracia insular não só mostre à população em
geral, mas também testemunhe que o seu engajamento pela vivência democrática
não é uma ocorrência eleitoral,vale dizer um evento artificial, que sói existir
apenas em determinadas ocasiões.
A Democracia constitui um duplo
desafio para a população insular. Trata-se de um trabalho de aprendizado que,
na verdade, deve ter muitas facetas. Primeiro, há o empenho diuturno da gente
jovem em demonstrar por gestos e atos o seu apego a uma maneira respeitosa de
existência, em que as liberdades individuais são observadas e respeitadas. Trata-se, com efeito,de um grande esforço de
que deve participar toda essa gente jovem e, sempre que possível, os menos
jovens num trabalho continuo que é o demonstrar
para os demais habitantes que uma existência baseada no respeito mútuo e no
reconhecimento dos direitos individuais não é só possível, mas também
praticável.
Nesse contexto, torna-se factível
que os moradores mais antigos tenham conhecimento do empenho dos mais jovens em
criar condições para que os habitantes dessa antiga colônia inglesa possam desenvolver suas atividades dentro de mútuo
respeito de todos por um ambiente em que seja possível uma atmosfera em que as
atividades se norteiem pela interação, mas igualmente pautadas por um ambiente em que
todas possam exercer as respectivas atividades, sob a norma de que o meu direito
termina quando começa o direito de outrem. De igual modo, como os grupos de
ativistas pro-democracia tem buscado enfatizar, o seu empenho não é nunca
contra o interesse geral, mas sim em favor de sua expressão, desde que as
atividades sejam para todos complementos naturais das respectivas existências,
em atmosferas que se caracterizam por uma sociedade em que as atividades
individuais são vistas como complementos naturais do interesse geral.
Podemos agora olhar para trás
e ver as diversas demonstrações,
manifestações e associações como momentos e períodos também por vezes mais
longos em que, durante a nossa vida em sociedade, buscamos escolher uma
linguagem comum não só para evidenciar que é possível realizar atividades que
complementem a nossa necessidade de viver em forma que seja conducente a que
nossas aspirações possam realizar-se através de sua exposição à sociedade de
Hong Kong. A melhor maneira de respeitar-nos é aquela que evidencia que estamos
abertos ao diálogo e à troca de opiniões e experiências comuns. Como não somos
animais, a força bruta não é o nosso norte, mas sim o trato em sociedade, seja
em pequenos grupos, seja em associações um pouco maiores, partindo sempre de
gente conhecida, eis que - é bom repetir - não somos animais, mas pessoas
abertas ao diálogo, seja nesses pequenos grupos, seja em companhias um pouco
maiores, dentro do princípio de que o ser
humano privilegia o entendimento e
os necessários ajustes, para que todos os nossos hábitos encontrem o
espelho, se possível da recíproca concordância, mas também, a ocasião de
interações marcadas pelo desejo da compreensão mútua, que se não foge nem da
força, nem da violência, privilegia essa caracteristica do ser humano, que é
procurar sempre pessoas com que possa entender-se, tanto no trabalho, quanto no
lazer e na diversão, sem esquecer os nossos interesses maiores, que atendem às
aspirações gerais dos núcleos de homens e mulheres, que sob o signo do respeito
mútuo e da liberdade, como estrela que brilha - e não lá longe - mas sempre
perto de nós, como o exemplo de uma sociedade que pode começar pequena mas que
pela sua natural progressão, progressão esta que muita vez vemos refletidas em
nossas faces risonhas e nos nossos braços que se estendem na natural
manifestação da disposição de integrar essa caminhada que, como seres humanos,
costumamos fazer para não só satisfazer os nossos interesses que do individual
caminham para o mútuo e o recíproco, até estender-se nesses espetáculos que em
geral não tem hora para começar, mas que quando os vemos encetados, quanta
alegria deparamos refletida em nossas corações. Se a História é longa, e se os
Povos são muitos, nesse nosso aprendizado democrático, não nos esqueçamos nunca
de nossos irmãos da antiga Grécia, que por primeira vez tiveram a humildade de
experimentar o árduo caminho da democracia. Essa jornada,os antigos helenos a
empreenderam com a alegre confiança dos jovens, que tem a companhia da
esperança na realização de seus objetivos.
Não acreditemos naqueles que
suspeitam, tem desconfiança da democracia.
Porquê ? Comecemos esse exercício
da forma mais simples e menos pretensiosa. A democracia tem um programa de uma
simplicidade envolvente e irresistível. E porquê ? Pela razão muito simples que
a democracia vive em cada homem e em cada mulher.É este o seu mágico programa.
Como o grego demonstra, ela é a união de duas palavras e mais do que isso, de
duas condições que estão ao nosso alcance.
Há alguém acaso que duvide que um ajuntamento de pessoas,que vivem em um local conhecido e determinado,
constituem um Povo ? Ora, se há este primeiro conceito, démas carecemos de juntá-lo a
um outro, que é cracia (krás, kratós), vale dizer o governo, ou em palavras mais simples,
aqueles que o dirigem. Pois bem! Em duas
palavras simples, formamos um conceito que rápido a todos convence sobre os seus direitos. Porquê ?
Pois essa palavra simples, que os gregos inventaram, nos ensina que é
possível e factível, que os grupos se auto-dirijam. O que quer dizer isso? Que a democracia é a razão mais simples da
formação de um governo. Ela é nossa, porque nós a formamos, como núcleo que nos
permite escolher e encontrar os nossos caminhos, nossas soluções e tudo o mais
que envolva o que de social existe para homens e mulheres! Pensemos nisso,
enquanto tratamos de nossos desafios!
( Fonte: O Estado de S. Paulo )
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