O novo Primeiro
Ministro Boris Johnson apresentou ontem, logo após a audiência com a rainha
Elizabeth, suas condições para a saída de seu país da União Europeia. Com a
mesma presteza, elas consideradas "inaceitáveis" por Michel Barnier,
o negociador europeu.
Em seu primeiro discurso ao
Parlamento, o novel premier usou o mesmo termo ao se referir aos pontos do
acordo antes negociado pela predecessora Theresa May. Nesse sentido, ele pediu a
Bruxelas que reveja o texto. Johnson, que ora tem assessoria de eurocéticos no
gabinete, exigiu o fim do "backstop", mecanismo criado para
evitar uma fronteira alfandegária entre
as duas Irlandas, aquela republicana, e a Irlanda do Norte, tendo presente que
o restabelecimento de postos de controle violaria o acordo de paz de 1998, e
por conseguinte ameaça ressuscitar um conflito sectário traumático para os
irlandeses.
Ao assumir o cargo, na
quarta-feira, Johnson preparou o Reino Unido para um confronto com a U.E.,
prometendo negociar um novo acordo do Brexit e ameaçando que, se o bloco
recusar, ele vai tirar o país sem um pacto, no dia 31 de outubro.
Era previsível que a resposta
de Barnier fosse também na linha anti-negociação. "Inaceitável",
replicou Barnier, utilizando o mesmo vocabulário de Johnson. "Uma falta de
acordo nunca será a opção da UE, mas devemos estar preparados para todos os
cenários."
Em conversa telefônica com o
Primeiro Ministro britânico, o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude
Juncker, que está deixando o cargo, reiterou a
Johnson que o acordo concluído em novembro com a May é o ~melhor e único pacto possivel.
Os dirigentes da UE vem repetindo que não vão reabrir o acordo de
saída concluído com May, que se viu forçada a renunciar após o texto ser
rejeitado pelos deputados britânicos, inclusive conservadores, em três
oportunidades.
Ontem, em seu discurso
inaugural, Boris prometeu que o Brexit
tornará o Reino Unido o melhor lugar do mundo, ecoando a retórica popularesca do
presidente estadunidense, Donald Trump. O primeiro ministro, que foi saudado
por Trump como sua versão britânica (sic), prometeu que o divórcio da UE vai
energizar a quinta maior economia mundial. "Vamos fazer deste país o
melhor lugar do mundo."
Johnson garantiu que não
está sendo exagerado e afirmou que o Reino Unido poderá ser a economia mais
próspera da Europa até 2050, um feito que significaria superar França e
Alemanha. "Nossos filhos e netos viverão mais felizes, gozando de melhor
saúde e mais ricos", afirmou sem pestanejar.
Johnson
garantiu que não estava exagerando e afirmou que o Reino Unido poderá ser a
economia mais próspera da Europa até 2050, um feito que significaria superar a França e a Alemanha. "Nossos filhos e netos viverão mais felizes,
gozando de melhor saúde e mais ricos", afirmou ele.
Jeremy Corbyn, lider do Labour, principal legenda de Oposição no Parlamento
britânico, denunciou logo depois um
"governo de extrema direita" e advertiu que os trabalhistas se oporão
a qualquer acordo do Brexit que não
proteja o emprego, os direitos dos trabalhadores britânicos e o Meio Ambiente.
Convocada por
Corbyn, uma manifestação ontem à tarde em Londres pediu eleições legislativas
antecipadas. Lembra-se que Johnson foi eleito apenas pelos militantes do
Partido Conservador e que, em consequência, não representa a todos os ingleses.
A atitude do novo
Primeiro Ministro vem inquietando o governo irlandês. Assim, Michael Creed, ministro
da Agricultura da Irlanda, disse que a posição do governo britânico que implica
pedido de um novo acordo sem o "backstop" - mecanismo ideado para
evitar uma fronteira entre Irlanda e Irlanda do Norte, é preocupante.
Por outro lado, na quarta-feira o primeiro
ministro da Irlanda, Leo Varadkar, disse que "um novo acordo" sobre o
Brexit "não deve ocorrer."
Tampouco foi
divulgado detalhe sobre propostas alternativas de Johnson para a fronteira da
Irlanda e Varadkar evitou fazer especulações.
Em fim de
contas, o novo líder conservador do Reino Unido ameaça um Brexit sem acordo, o
que seria desastroso para a economia irlandesa.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )