quinta-feira, 12 de abril de 2018

Saída de cena de Paul Ryan


                                   

       Como se sabe, desde a eleição intermediária seguinte à posse de Barack Obama, por série de fatores - inclusive a falta de experiência político-administrativa do recém-eleito presidente democrata - a Casa de Representantes passou a ter um Speaker (presidente) republicano, cenário que se repetiu até o presente, em função do largo gerrymander (remanejamento ilegal dos distritos eleitorais em estados com viés republicano, de forma a assegurar o caráter perene da maioria do GOP na Câmara de Representantes). Esse escândalo político, se é um segredo de Polichinelo, tem durado bastante, e talvez com o censo decenal haja esperanças de que maiorias regulares na Câmara de Representantes deixem de expressar o logro do guerrymander, e reflitam a realidade política, e não aquela falseada que se reflete na Câmara Baixa desde a metade deste século. Jornalistas de nomeada, como Elizabeth Drew  (V. Nossas Eleições falsificadas, The New York Review of Books - 21 de maio de 2015) tem tratado dessa fraude, que se manteve por servir ao Partido Republicano como instrumento para a sua perenização na chefia da Câmara de Representantes desde janeiro de 2011 com John Boehner (2011-2015) e Paul Ryan (de 2015 até abril de 2018).
         Ryan fez saber que não tentará a reeleição na votação legislativa de meio de mandato, em novembro próximo, e tenciona aposentar-se da vida parlamentar em janeiro, ao cabo de seu mandato (os deputados têm mandato de apenas dois anos). Dadas as 'dificuldades' para a formação de maioria democrata em novembro p.f. na Câmara de Representantes, não se poderia prognosticar que partido terá maioria na próxima legislatura, embora a longa permanência do GOP na presidência da Câmara, e a tendência a que o gerrymander venha a ser reduzido, senão eliminado, não é ilógica a previsão de que os democratas possam retomar a cadeira de Speaker, para o vindouro biênio  2019-2020, o que seria um passo importante para a restauração da verdade política no Legislativo  americano (o Senado, por ora, tem maioria do GOP, mas isso pode mudar dada a crescente baixa na popularidade no errático mandato de Donald Trump).

(Fonte: O Estado de S. Paulo )

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