O Brexit surge e continua como o slogan vazio, que acena para a inexistente saída fácil. De que e para quê o Reino Unido - no caso,
sob gabinete raso e falto de imaginação, que David Cameron presidiu - não trepida em convocar às pressas, como se
estivesse lidando com problema menor, o insano
projeto que tenta lançar no ferro velho a concepção da União Europeia.
O pequeno líder, através da pífia jogada,
pôs a perder o sonho de mais de uma geração, que pensara não ser ainda
demasiado tarde - uma vez afastado o obstáculo do veto de De Gaulle - lograr por fim o colimado
objetivo de integrar a velha Inglaterra ao Continente, concretizando a realidade da União Européia.
O projeto que consumira décadas para
ser realizado - predecessores seus que
sentiram fundo o quão a pequena ilha de Britannia carecia de assumir e integrar-se à velha Europa
- de súbito, e com comovente falta de
imaginação quanto ao significado de grandioso projeto - o soberbo Cameron põe a perder o ideal dessa integração. Com a penada do inútil
plebiscito - de que vale pôr um projeto que avança em risco ? - o
arrogante e imprudente David Cameron se lança na corrida de lemingues, em que o abismo de
imprevisibilidade se substitui ao forjar, decerto gradual mas seguro, de uma nova geração
anglo-europeia.
O anti-ideal está personificado na
imagem do pequeno líder, que por não ter grandeza, convive com muito afano e
dificuldade com o desafio de projetos de alcance continental. Difícil entender tal
anti-ideia que é a encarnação da recusa e da volta aos velhos tempos que se
nega ao desafio diante da civilização europeia, como se esta fosse um corpo
estranho. Essa volta ao passado feita às pressas e com a irresponsabilidade de ignorar o trabalho de muitos lustros não se resolve
com os truques baratos de slogans
como esse do brexit. O que fazer da
saída da Comunidade Europeia diante desse erro?
Theresa May ouve calada de Barnier, o principal negociador da U.E.,
que, em termos de comércio, o Reino Unido depende mais do comércio do que o
restante da U.E...
Tampouco é fácil de entender que
Londres se empenhe tanto em manter para a City o pleno acesso ao Mercado
Único, se na jogada irresponsável do brexit - enleados por uma ideia vazia - tenham
votado abraçar o falso enigma, que ao fim de contas lhes promete o que a velha
Londres já tinha...
Lançar-se
a loucas aventuras promete aos lemingues o desastre, ou a humilhação inútil que
persegue aos tolos por terem enjeitado o que já possuíam.
Ou o futuro dos medíocres e de
seus companheiros imprudentes é conviver com o próprio erro, e sentir no abraço
do cotidiano a sua gélida extensão.
Reinventar a roda nunca foi um
bom projeto.
(
Fonte: The Independent )
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