segunda-feira, 9 de abril de 2018

A Farsa de James Comey


                        
         David Leonhardt, do New York Times, resume, em seu comentário de hoje,  o que há de significar o papel de  James Comey, na história política dos Estados Unidos. Apesar de seu caráter e da atuação anterior no FBI, ele contribuíu, com o seu trágico erro, para a eleição de um dos mais perigosos e despreparados presidentes dos Estados Unidos. E o que antes se temia de forma necessariamente vaga e com fraca conexão na realidade, agora, no limiar desta segunda metade do primeiro mandato de Donald Trump, já se determina em outro âmbito, que desafortunadamente impacta em distantes, imprevisíveis e inatingíveis esferas,  quão gravoso foi esse erro.
         É difícil entender o quanto contribuíu o vedetismo do então diretor do FBI, e sua inimaginável iniciativa de, justamente durante o momento em que muitos eleitores decidem votar antecipadamente, ele escolhe para fazer nova comunicação ao Congresso, em que relevanta, a 28 de outubro de 2016,  a questão do uso por Hillary Clinton de terminal privado de computador público, ao noticiar da descoberta do aparelho de que se serviu Anthony Weiner, o afastado marido de Huma Abedin, secretária de Hillary, e que poderia conter material pertinente à investigação sobre os e-mails.

          De novo, a lebre do emprego irregular pela candidata democrata é indiretamente mencionada. Pouco importa que a irresponsabilidade de James Comey faça menção de um computador que nada levantaria de pertinente para a tristemente famosa questão dos e-mails de Hillary.  Tal observação foi tão desastrada, quanto criminosa, pois dá ao eleitor a impressão de que algo existe e está sendo investigado pelo FBI. O trágico desta estória - e o seu cúmulo de irresponsabilidade - é que Mr Jim Comey alude à questão em que as insinuações de longe batiam a realidade. Não há nada que a incrimine, mas o que fica é a suspeita, que se encaixa com a imagem tão insistentemente batida pelo adversário quanto à crooked Hillary (bandida Hillary).
.           A teimosia de Hillary - que fora advertida, por predecessores republicanos seus na direção do State Department, dos perigos que representa o uso de um terminal particular de computador, enquanto serviço público de comunicação, e que infelizmente não acolhe esta preciosa e oportuníssima indicação - seria levada por James B. Comey, de certa forma, às ultimas consequências, com esta irresponsável comunicação ao Senado, que levanta na imprensa lebre inexistente, justamente no momento da votação antecipada da eleição presidencial.

               A  História quando se torna realidade lembra a inscrição no mármore ático. Se a sua permanência está garantida, por força da própria imperecibilidade, os respectivos efeitos se acham também assegurados, por mais afastados da realidade que estejam.
               Entra-se, assim, em outra dimensão, em que se poderá decerto desmascarar a mentira, mas tal tentativa, por veraz e vigorosa que seja, não logrará apagar-lhe os efeitos, no plano da realidade fática. Como a mentira - e não importa agora as vestes que traga - já se transformou em passado, ela continuará a rir eternamente.

( Fontes:  What Happened,  História helênica, The New York Times )          

Nenhum comentário: