David
Leonhardt, do New York Times,
resume, em seu comentário de hoje, o que
há de significar o papel de James Comey, na história política dos
Estados Unidos. Apesar de seu caráter e da atuação anterior no FBI, ele
contribuíu, com o seu trágico erro, para a eleição de um dos mais perigosos e
despreparados presidentes dos Estados Unidos.
E o que antes se temia de forma necessariamente vaga e com fraca conexão na
realidade, agora, no limiar desta segunda metade do primeiro mandato de Donald
Trump, já se determina em outro
âmbito, que desafortunadamente impacta em distantes, imprevisíveis e
inatingíveis esferas, quão gravoso foi
esse erro.
É difícil
entender o quanto contribuíu o vedetismo do então diretor do FBI, e sua inimaginável
iniciativa de, justamente durante o momento em que muitos eleitores decidem votar
antecipadamente, ele escolhe para fazer nova comunicação ao Congresso, em que
relevanta, a 28 de outubro de 2016, a
questão do uso por Hillary Clinton
de terminal privado de computador público, ao noticiar da descoberta do aparelho
de que se serviu Anthony Weiner, o
afastado marido de Huma Abedin,
secretária de Hillary, e que poderia
conter material pertinente à investigação sobre os e-mails.
De novo, a lebre do emprego irregular
pela candidata democrata é indiretamente mencionada. Pouco importa que a
irresponsabilidade de James Comey faça menção de um computador que nada
levantaria de pertinente para a tristemente famosa questão dos e-mails de Hillary. Tal observação foi tão desastrada, quanto
criminosa, pois dá ao eleitor a impressão de que algo existe e está sendo
investigado pelo FBI. O trágico desta
estória - e o seu cúmulo de irresponsabilidade - é que Mr Jim Comey alude à questão
em que as insinuações de longe batiam a realidade. Não há nada que a incrimine,
mas o que fica é a suspeita, que se encaixa com a imagem tão insistentemente batida
pelo adversário quanto à crooked Hillary
(bandida Hillary).
. A teimosia de
Hillary - que fora advertida, por predecessores republicanos seus na direção do
State Department, dos perigos que
representa o uso de um terminal particular de computador, enquanto serviço
público de comunicação, e que infelizmente não acolhe esta preciosa e
oportuníssima indicação - seria levada por James B. Comey, de certa forma, às
ultimas consequências, com esta irresponsável comunicação ao Senado, que levanta
na imprensa lebre inexistente, justamente no momento da votação antecipada da
eleição presidencial.
A História quando se torna realidade lembra a
inscrição no mármore ático. Se a sua permanência está garantida, por força da própria
imperecibilidade, os respectivos efeitos se acham também assegurados, por mais
afastados da realidade que estejam.
Entra-se, assim, em outra
dimensão, em que se poderá decerto desmascarar a mentira, mas tal tentativa,
por veraz e vigorosa que seja, não logrará apagar-lhe os efeitos, no plano da
realidade fática. Como a mentira - e não importa agora as vestes que traga - já
se transformou em passado, ela continuará a rir eternamente.
( Fontes: What
Happened, História helênica, The New
York Times )
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