À Hungria, desde o
esfacelamento do Império Austro-Húngaro, uma das consequências da Primeira
Guerra Mundial, estaria reservada, durante o hiato da Segunda Guerra, a
permanência sob o domínio alemão, e com a derrota do Reich nazista, a participação forçada na área sob a suzerania
soviética, até a dissolução causada pelo desaparecimento da URSS, no princípio
da última década do século XX.
Muitos desses pequenos países se
associaram à entidade econômica e política constituída pela antiga CEE, e hoje formam a União Européia. Até
o presente, Bruxelas representa um gigante econômico, mas é ainda, no seu
conjunto, um não tão desenvolto ator político.
Nesse aspecto, a Hungria constituía uma
das partes da monarquia dual, com o crescimento do poder político de Viena,
após o período das guerras napoleônicas, e a fugaz duração da hegemonia da
França, com a derrota decisiva de Napoleão em 1815. O desaparecimento da
monarquia dual, de que Budapeste e a Hungria representavam a parte agrícola do
império dos Habsburgo, é a consequência político-territorial do grande desastre
civilizacional iniciado pelo assassínio em Sarajevo, do herdeiro da coroa
austríaca e de sua consorte, pelo terrorista sérvio Gavrilo Princip, em catorze
de junho de 1914.
Quando a Hungria postulou o seu
ingresso em Bruxelas, ora sede da Comunidade Econômica Europeia, já viera bastante
tosquiada, sobretudo em função da Grande Guerra, e das consequentes duras
condições que costumam ser impostas pelas potências vencedoras às perdedoras, e
também pela grande convulsão da Segunda Guerra Mundial.
A Hungria, no carrossel dos
séculos, caíu muita vez no lado dos vencidos da História, e todos sabemos o que
isto significa, desde a Roma arcaica, com a frase do gaulês Breno aos Romanos -
Vae victis[1]!
Tal destino coube amiúde ao Reino da Hungria, e por isso se entende que haja
encolhido ao longo das eras políticas.
É dentro desse quadro
histórico que surge a liderança de Viktor Orbán para um provável terceiro
mandato com super maioria no Parlamento. O regime autoritário instaurado, com os
poderes especiais concedidos por tal maioria de dois terços no congresso
húngaro, vige desde 2010, sendo confirmado em 2014 e agora, segundo as
projeções, também alcançado em 2018.
Segundo a avaliação do
cientista político alemão Hajo Funke, da Universidade Livre de Berlin, o
primeiro-ministro Orbán será o maior desafio para a União Europeia no próximo
quadriênio.
Perguntado sobre as
perspectivas políticas, o professor Funke, considerou que "Orbán será o maior
desafio para a U.E. , porque tem
mostrado não ter nenhum escrúpulo diplomático ao criticar o bloco. Além disso, ele será ainda mais o Cavalo de
Troia do Kremlin na União
Europeia."
A entrevistadora Graça Magalhães-Ruether referiu que " a jornalista Anna Frenyo disse que
a Hungria é criticada, mas faz o trabalho sujo da Europa ao fechar a rota dos
refugiados com uma cerca. O Fidesz
(partido de Orbán) integra a mesma bancada de Angela Merkel" (no
parlamento europeu de Estrasburgo) "A distância entre os dois não é,
então, tão grande?".
A que o entrevistado Hajo Funke respondeu: "Não concordo. A cerca foi alvo de muitas
críticas. E a Hungria teve a sua participação no caos de
2015, pois não tomou nenhuma medida para ajudar ou organizar o movimento
dos refugiados. Orbán deixou a situação escalar de forma dramática. (Angela)
Merkel é uma crítica de Orbán, embora
o seu partido (CDU) faça parte do mesmo grupo no Parlamento Europeu."
( Fontes: O Globo (Partido
Xenófobo vence com folga na Hungria); July 1914, Sean McMeekin; "Os Sonâmbulos - como a Europa entrou em guerra em 1914 ", por Christopher
Clark ) (ambos os livros são de 2013).
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