sábado, 14 de abril de 2018

Quem matou Marielle ?


                                        

        Desde catorze de março último, a população carioca se pergunta quem matou Marielle Franco. E não é só sua família que espera pela resposta.
        Seu Antônio, o pai de Marielle, diz: "A gente precisa saber quem foi. Faz um mês, dá muita angústia e preocupação. A família quer essa resposta e a sociedade também."
        O ataque também matou o motorista do carro em que Marielle estava, Anderson Gomes, de 39 anos. Uma assessora sobreviveu sem ser baleada e estaria deixando o país.
         "Quem fez isso não imaginou a repercussão que teria e planejou tão bem que a polícia está tendo muita dificuldade para resolver. Se foi milícia (principal linha de investigação atualmente), cria muita revolta. Se não tiver medida de contenção, eles vão dominar o Rio futuramente", acrescenta seu Antônio.
          Por sua vez, Marcelo Freixo (PSOL) - que está jurado de morte, diz: "Foi uma ação muito bem planejada. Mas a Delegacia de Homicídios tem uma equipe só para isso, com auxílio de papiloscopistas da Polícia Federal. Um dos crimes contra a democracia mais graves da história do Rio, é impossível não ser solucionado." Já para o vereador Tarcísio Motta, também PSOL,  o clima entre os vereadores é igualmente de muita angústia. "Quem matou Marielle? Quem mandou matar e por quê? Essas perguntas não sáem da nossa cabeça e essa falta de respostas é de uma angústia dilacerante; essas indefinições nos deixam todos com medo".  "Por outro lado, esse medo  não pode nos paralisar, precisamos continuar com nossa atuação parlamentar, talvez ainda de forma mais incisiva."               

Milícias.
           Grupos paramilitares em expansão no Estado são o principal foco da investigação do assassínio da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Nesse sentido, a polícia investiga se dois homens executados esta semana em áreas dominadas por milícias estariam envolvidos diretamente com o crime. A queima de arquivo é outra hipótese desse duplo assassínio.
           Ainda que oficialmente a Secretaria de Segurança declare que as investigações continuam em sigilo, nota-se que muitas informações vazaram, e apontam para o envolvimento de milicianos no crime. Assim, a polícia vai comparar fragmentos de impressões digitais encontradas nas cápsulas achadas no local  com as de dois homens assassinados esta semana.
            Carlos Alexandre Pereira Maria, de 37 anos, era líder comunitário, e foi morto no último domingo na zona oeste, que é reduto de milicianos. Conhecido como Alexandre Cabeça, era colaborador no gabinete do vereador Marcelo Siciliano (PHS). O parlamentar foi ouvido na semana passada como testemunha do caso.
          Anderson Cláudio da Silva era o outro homem.  Subtenente reformado da PM, morto na passada terça-feira, na mesma região. Igualmente suspeito de manter relações estreitas com as milícias.
           Desde o fim da CPI das Milícias, o número de grupos paramilitares no Estado do Rio mais do que dobrou, segundo o M.P. Nesse contexto, as comunidades carentes sob o comando de milícias passaram de 41 para 88. Além de promoverem extorsões, os milicianos exploram serviços como gás, internet, transporte, entre outros.
           Há um evidente crescimento econômico e territorial das milícias, corrobora um especialista em segurança pública o policial Vinicius  George (que também participara da CPI). Para ele, com o recrudescimento da violência no Rio, a ação das milícias recrudesceu também.
            O especialista no laboratório da violência e sociólogo Inácio Cano concorda: "Temos sinais de que o tráfico internacional de drogas se está enfraquecendo por sua pouca capacidade de produzir lucros. Por outro lado, delegados e promotores dizem que a extensão das milícias tem aumentado, sobretudo fora de suas áreas tradicionais."
             Sobre a colhida de depoimentos pela Polícia, até agora pelo menos oito vereadores foram ouvidos como testemunhas do caso.

( Fonte:  O Estado de S. Paulo )             

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