Desde catorze de março
último, a população carioca se pergunta quem matou Marielle Franco. E não é só
sua família que espera pela resposta.
Seu
Antônio, o pai de Marielle, diz:
"A gente precisa saber quem foi. Faz um mês, dá muita angústia e
preocupação. A família quer essa resposta e a sociedade também."
O ataque também matou o motorista do
carro em que Marielle estava, Anderson Gomes, de 39 anos. Uma
assessora sobreviveu sem ser baleada e estaria deixando o país.
"Quem fez isso não imaginou a
repercussão que teria e planejou tão bem que a polícia está tendo muita
dificuldade para resolver. Se foi milícia (principal
linha de investigação atualmente),
cria muita revolta. Se não tiver medida de contenção, eles vão dominar o Rio
futuramente", acrescenta seu Antônio.
Por sua vez, Marcelo Freixo (PSOL) -
que está jurado de morte, diz: "Foi uma ação muito bem planejada. Mas a
Delegacia de Homicídios tem uma equipe só para isso, com auxílio de
papiloscopistas da Polícia Federal. Um dos crimes contra a democracia mais
graves da história do Rio, é impossível não ser solucionado." Já para o
vereador Tarcísio Motta, também PSOL,
o clima entre os vereadores é igualmente de muita angústia. "Quem matou Marielle? Quem mandou matar e
por quê? Essas perguntas não sáem da nossa cabeça e essa falta de respostas é
de uma angústia dilacerante; essas indefinições nos deixam todos com
medo". "Por outro lado, esse
medo não pode nos paralisar, precisamos
continuar com nossa atuação parlamentar, talvez ainda de forma mais incisiva."
Milícias.
Grupos paramilitares em expansão no
Estado são o principal foco da investigação do assassínio da vereadora Marielle
Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes. Nesse sentido, a polícia investiga
se dois homens executados esta semana em áreas dominadas por milícias estariam
envolvidos diretamente com o crime. A queima de arquivo é outra hipótese desse
duplo assassínio.
Ainda que oficialmente a Secretaria
de Segurança declare que as investigações continuam em sigilo, nota-se que
muitas informações vazaram, e apontam para o envolvimento de milicianos no
crime. Assim, a polícia vai comparar fragmentos de impressões digitais
encontradas nas cápsulas achadas no local
com as de dois homens assassinados esta semana.
Carlos
Alexandre Pereira Maria, de 37 anos, era líder comunitário, e foi morto no
último domingo na zona oeste, que é reduto de milicianos. Conhecido como Alexandre Cabeça, era colaborador no
gabinete do vereador Marcelo Siciliano (PHS). O parlamentar foi ouvido na
semana passada como testemunha do caso.
Anderson
Cláudio da Silva era o outro homem.
Subtenente reformado da PM, morto na passada terça-feira, na mesma
região. Igualmente suspeito de manter relações estreitas com as milícias.
Desde o fim da CPI das Milícias, o
número de grupos paramilitares no Estado do Rio mais do que dobrou, segundo o
M.P. Nesse contexto, as comunidades carentes sob o comando de milícias passaram
de 41 para 88. Além de promoverem extorsões, os milicianos exploram serviços
como gás, internet, transporte, entre outros.
Há um evidente crescimento econômico
e territorial das milícias, corrobora um especialista em segurança pública o
policial Vinicius George (que também
participara da CPI). Para ele, com o recrudescimento da violência no Rio, a
ação das milícias recrudesceu também.
O especialista no laboratório da
violência e sociólogo Inácio Cano concorda: "Temos sinais de que o tráfico
internacional de drogas se está enfraquecendo por sua pouca capacidade de
produzir lucros. Por outro lado, delegados e promotores dizem que a extensão
das milícias tem aumentado, sobretudo fora de suas áreas tradicionais."
Sobre a colhida de depoimentos
pela Polícia, até agora pelo menos oito vereadores foram ouvidos como
testemunhas do caso.
(
Fonte: O Estado de S. Paulo )
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