Pode haver atmosfera
conducente à discussão política, à troca de idéias sobre o futuro do país, e,
em particular, se inexiste qualquer perspectiva,
traduzida em medidas eficazes, dos órgãos políticos, em um porvir que não se cinja
à cínica instrumentalização do poder, seja nos barrios, de onde saíu a fraudulenta Constituinte, de Delcy Rodriguez, cuja fajuta votação foi contestada pela
própria organização europeia que se prestara a dar-lhe a instrumentalia para a sua fictícia votação ?
A autoridade chavista cuidou de
manter sob vigia na miséria desses favelões e, em certos casos, sob controle,
os nefandos coletivos (armados pelo
mesmo poder chavista) e que são as milícias do crime oficializado, dentre a rede
de associações e entidades que implementam o controle de sociedade que se proletariza
na massa miserável, não como a algum infeliz que role na ribanceira, mas que é objetivamente a tal empurrado. A
ignorância não é direito adquirido, mas algo que lhes é jogado e enxovalhado, como
pelas deficientes escolas, hoje patéticos arremedos de iniciativas que se
propunham virar o jogo da miséria e da ignorância.
Em atmosfera rústica, sem qualquer
laivo romântico ou sentimentalóide, eles
estão empenhados na cultura da boçalidade e de uma vida sem qualquer objeto ou
ambição. Refletem, sem o saber, a violência hobbesiana
de mundo que já lhes nasce hostil, e para o qual estão votados a serem
enterrados nas covas rasas que lhes reserva existência sem outro sentido que o
da morte tão estúpida, quanto prematura, com que lhes regala este mundo
despojado de qualquer esperança, além da certeza de um breve, final
estrebuchar, n'alguma viela em que as tétricas luzes mais parecem sombras do
inferno que sôfregas por eles anseiam, em turva e mórbida espera, sob os
estúpidos golpes de alguma rixa miserável e sem qualquer outro sentido, que o
da desenfreada bestialização que os cerca, os constrange e os carrega para
funduras que o próprio diabo enjeitaria.
Nesse contexto em que a miséria se despoja de
qualquer contorno de existência singela e porventura rústica, deparamos mais
uma das visões dantescas da realidade que Nicolás Maduro trouxe para a terra de
Bolívar.
É nesse quadro de horror, insuflado
pelo crime e por bestial visão da realidade que se vai encenar a eleição na
qual Henri Falcon se lança, com a mesma disposição fatalista do grande mago
Hudini, que tanta fama granjeara pela
sua audácia em enfrentar o desafios por ele engendrados. Sabemos da morte horrenda de Hudini,
estupidamente sufocado por geringonças que ele próprio criara.
Há desafios e existem loucuras
insanas, que não valem uma gota de suor.
Tudo a que Maduro se dispõe afrontar são jogos cruéis em que o adversário não
tem chance alguma. O processo eleitoral
desse adversário mostra o que lhe espera em termos de desconforto e de outros
perigos que a entidade eleitoral venezuelana já lhe prepara com o zelo e o
carinho que se sói reservar aos pior dos inimigos. Na farcesca campanha eleitoral
a que se presta, já se deparam os incidentes adrede preparados.
Quem derrotará Maduro será a imensa,
nefanda crueldade com o próprio Povo, a quem submete aos horrores, não só da fome, mas também da falta absoluta
de recursos, como já se via no crepúsculo de Hugo Chávez, e agora se apresenta
com a sutileza da miséria, da fome, da destituição de tudo o que faz o ser
humano vencer a doença, a inanição ou qualquer afecção como as que assaltam a
todos os infelizes pacientes dos hospitais, não só despojados de eventuais
remédios, mas também de tudo aquilo que aproveitar possa ao pobre homem e à infeliz criança para tentar vencer todo
gênero de sofrimento e atroz moléstia, que na verdade apenas surgem pela
intrínseca maldade do poder chavista, que apenas não é sádica pelo poder mental
que tal exige.
Mas quando chegará esse
momento para don Nicolás Maduro, que pensa poder permanecer nos palácios a que
imagina possível ser reconduzido pela fraude generalizada do Estado chavista, enquanto
reserva a miséria para o Povo, e os muitos recursos para o poderoso Exército,
de forma a que, contra tudo e contra todos, possa ele continuar no mesmo
Palácio a que o tenente-coronel Hugo Chávez em uma ausência no exterior do
então Presidente Carlos Andrés Pérez tentara investir, para mais tarde colher
os frutos do golpe fracassado?
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