A existência de um jornalista
investigativo, em especial aqueles que trabalham como free lancers (livre atiradores) não costuma ser fácil em lugar algum
do planeta, mas há de imaginar-se que o quadro de sua atuação de tornar-se-á bastante mais arriscado, se nosso herói
trabalhar em país com muita corrupção. Não, apesar das aparências, essa coluna
- como o título indica - não será sobre o
Brasil.
O jornalista Maxim Borodin tinha por
hábito atuar sem a cobertura de um grande jornal na sua cidade. Ele vivia e
atuava em Yekaterinburg (em português Ecaterinburgo, a quarta cidade em termos
demográficos na Federação Russa, com cerca de um milhão e quatrocentos mil
habitantes) que se situa na região oriental dos Montes Urais, os quais separam a
Rússia europeia da asiática.
Com trinta e dois anos de idade, Borodin
era respeitado por seus colegas, pela seriedade e a coragem de seu trabalho,
até ser descoberto na última quarta-feira, desacordado, no piso do pátio do
prédio em que morava. Levado para o
hospital, lá ficou dois dias até a própria morte. A polícia considerou como
"acidente" o seu falecimento, mas os seus amigos desconfiam. Apesar
de que não haja sinais de violência ou de arrombamento da porta do apartamento,
muitos jornalistas acham bastante suspeito o 'suicídio' de seu colega de
trabalho.
Nos seus últimos dias de vida antes
de ser encontrado em coma no pátio do prédio
onde morava, Borodin que tinha trinta e dois anos temia sofrer um raid
policial. Essa inquietude tinha
fundamentos em que trabalhava no submundo do crime. Além disso, ele se
distinguira recentemente pela descoberta de esquadrões fantasmas que eram
mandados secretamente para atuar na Síria, dado o estreitamento das relações
entre o Kremlin e o governo de Bashar
al-Assad. O que tornava a notícia mais
quente era a circunstância de que as mortes desses "voluntários
russos" não eram divulgadas pela imprensa da região.
Além disso, pouco antes do
misterioso atentado que sofrera, ao ter provavelmente a residência invadida e sido
jogado no pátio do edifício, ele fora golpeado na cabeça por alguém,
provavelmente da direita ortodoxa russa, com um cano de cobre. Essa agressão teria sido causada pelas suas
reportagens sobre o filme Matilda,
considerado blasfemo pela direita ortodoxa. Trata-se do alegado romance entre o Tzar
Nicolau II e jovem bailarina, que dá o nome para a película. O tema do filme
revoltou os religiosos ortodoxos, o que teria
levado à agressão com o cano de cobre acima mencionada. É de notar-se que, pelo
seu martirio, o Tzar fora canonizado santo pela religião ortodoxa, e daí a
revolta - coberta pelo reporter Borodin
- diante do filme com o caso supracitado.
(
Fonte: The Independent )
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