No fenômeno Gaza, se o visualizarmos com
espírito crítico, está à flor da pele o escândalo que um tal sanhudo, agressivo
desrespeito ao direito humano mais entranhado que existir possa tende a
provocar no observador das relações entre pessoas, por mais que este indivíduo
se esforce em considerar os agentes do poder militar israelense também como
seres humanos.
O
escândalo que ora se vivencia na Faixa de Gaza constitui um duplo desafio para
o observador que se esforce e se empenhe em tentar compreender o que está
sucedendo na faixa de Gaza.
Há diferenças que investem contra
qualquer observador, que tente ver o que está acontecendo em torno da cerca de
arame farpado da Faixa de Gaza, símbolo a um tempo de prisão a céu aberto, e de
um local em que tudo é permitido aos guardas israelenses dessa fronteira, que
mais parece uma chaga aberta, em que quotidianamente se afronta a liberdade,
como se os seres humanos enjaulados, em verdade não o sejam, tratando-se de
espécie de homens a que a prolongada sujeição a condições inumanas colocasse em
suposta situação de inferioridade.
O que acontece nessa estreita faixa de
terra é, desde logo, um acinte aos direitos humanos: na verdade, pelo seu próprio
comportamento, os guardas israelenses e os snipers
ajem como se fossem verdadeiras bestas-feras humanas. Ahmed Abu Hussein, de 25
anos de idade, é o segundo jornalista a morrer nos protestos - iniciados no mês
passado, no limite da faixa de Gaza com o território israelense.
Tenha-se presente que Ahmed
desempenhava o próprio mister de foto-jornalista com o cuidado de ter veste que
o caracterizava como representante da imprensa, além de portar capacete
especial. Apesar de desarmado, Ahmed não
estava ali como mero assistente, mas exercia seu trabalho de repórter. Tal não impediu que
um sniper israelense o alvejasse de
forma vil e criminosa no estômago, a treze de abril corrente.
Transferido para Ramallah, dois
dias depois de ferido gravemente, só seria transpor-tado para Ramat Can
(Israel) onde sucumbiria pouco depois.
Mas não é o único jornalista
criminosamente abatido pelos assassinos de aluguel de Israel. Yaser Murtaje é
mais um jornalista morto, no correr deste mês. Também para ele de nada serviu
para protegê-lo o colete de imprensa, que assinala a sua própria missão de
jornalista.
Outro cotejo revoltante no que
concerne a esses protestos da população de Gaza pelas condições em que vive,
cercada pelo arame farpado desse campo de concentração em que a repressão
israelense transformou a faixa de Gaza.
42 palestinos já foram abatidos
em Gaza durante os protestos, seja por snipers,
seja por soldados uniformizados. Querer melhores condições de vida e não ser
cercados pelo arame farpado dos stalags,
foi o crime que cometeram para a
soldadesca israelense. E assinale-se
que, em todo esse período, nenhum soldado israelense foi morto ou sequer
ferido.
Enquanto isso, os snipers assassinos atiram para matar em
palestinos desarmados.
Que tanto a soldadesca, quanto os snipers atirem para matar, sem detê-los
sequer a sinalização de que os palestinos trabalham em cobertura de imprensa,
com os coletes e os capacetes regulamentares.
Mas o escândalo continua, através dos assassinos adrede contratados para
matar palestinos indefesos que só não querem viver como animais na terra de
que levam o nome.
( Fonte: CNN )
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