Tenho escrito
muito sobre o Rio de Janeiro, como costumava ser visto no passado, mesmo nos
século XIX e XX. E essa Cidade
Maravilhosa foi imortalizada na marchinha de André Filho.
Na
segunda metade do século passado, surge um novo Rio. Por primeira vez, desde
muitos séculos, deixa de ser a capital. A marchinha vira espécie de hino do Rio
de Janeiro, e seria muito tocada no encerramento dos bailes de carnaval.
Essa
marchinha constituía visão otimista, quase ingênua da gente, da cidade e do seu
entorno.
Como
visão de época - e decerto levantarei escudos
saudosistas ao dizê-lo - ela continua a valer, enquanto representação de
momento esplendoroso na trajetória dessa metrópole. Sem embargo, toda e
qualquer sua conexão com o Rio, não tem
mais espaço na realidade.
Talvez já esteja levantando
qualquer coisa que não mais existe e, como outras marchinhas e sambas, que
associamos ao Rio de Janeiro e ao entorno carioca, terão o mesmo destino. A
propósito, o poeta francês Jean Villon, do fim do Medievo, evoca essa nostalgia
passadista, no célebre verso où sont les
neiges d´antan? [1]
Para mim,
carioca adotivo, não há grande mal
nisso. Visitar o passado é uma ilusão que costuma ser prazerosa, desde que não
nos deixemos levar ou iludir por tais representações.
Nenhum comentário:
Postar um comentário