quinta-feira, 5 de abril de 2018

Crise Italiana (Contd.)


                                   

         Com a iniciação formal das negociações para o estabelecimento do novo governo, o Movimento 5 Estrelas (M5S), o mais votado na eleição geral, através de seu líder, Luigi di Maio, convidou para formar aliança o Partido Democrático (PD), de centro esquerda, liderado pelo ex-premier  Matteo Renzi, e   também com a Liga, de extrema-direita, chefiada por Matteo Salvini. Por ora, o grande rejeitado é o Forza Italia, de Silvio Berlusconi.

         No entanto, os passos iniciais de uma coligação que viabilizasse maioria em Montecittorio (Câmara baixa) não se mostraram muito convincentes em termos de governança efetiva, eis que o PD fechou, por ora, as portas para qualquer aliança com o M5S, e Salvini, da Liga, se recusou a quebrar o compromisso com os seus aliados da direita, o que inclui o Força Itália, de Berlusconi.

          Dentro da prática parlamentarista italiana  - e  a Itália é um dos poucos países do mundo que ainda mantém  o parlamentarismo clássico, quase do século XIX -   os primeiros movimentos devem ser interpretados como testando o terreno.  Tampouco os vetos em muitos casos devam ser considerados como rígidos e inapeláveis.

          Dado o discurso eleitoral, a sensação seria que se deva dar um pouco de tempo ao tempo, de modo a evitar desgastes desnecessários e queimações prematuras.

           Afinal de contas, movendo-se em urna de vidro, alguma coerência tem de ser a princípio mantida. Depois, atenuado o inevitável desgaste das negociações, se passaria à segunda fase, em que as posições e as possibilidades de aliança principiem a delinear-se de forma mais concreta.

             Para tanto, ao presidente italiano Sergio Mattarella cabe convencer àqueles líderes que possam conciliar a vontade de governar com condições efetivas de quem se disponha a negociar um programa mínimo de governo,  viabilizada a necessária sustentação parlamentar.


( Fonte: O Estado de S. Paulo )

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