segunda-feira, 16 de abril de 2018

Comey x Trump


                                                           
      
        Talvez os dois se mereçam, ao entredevorar-se pela imprensa.  Diante das repetidas intervenções do então diretor do FBI - a última delas, no que concerne à candidata Hillary,  decerto a mais danosa e desqualificada - me parece irrelevante apontar os inúmeros defeitos dessa triste dupla. Eles, de certa forma, se merecem.

        O que muitos se hão de perguntar será por que razão o então diretor do FBI assestou suas baterias de modo tão comprometedor e mesmo desonesto, ao levar a público, justamente no momento da chamada votação antecipada no pleito de 2017, a 'notícia' sobre o conteúdo do computador de Anthony Weiner, o marido separado da secretária de Hillary, Huma Abedin, que levantou lebres inexistentes, sobre os "crimes" da crooked (meliante) Hillary.

         Como se sabe, não havia nada por trás da tal revelação, excluído é certo o pendor pelo vedetismo de Jim Comey. E aí está a má-sorte de Hillary. Não  sei se seria apenas a vontade de aparecer do então diretor do FBI, que o levou àquela estranhíssima comunicação ao Congresso.

          Na verdade, esta má-fé faria história, contribuindo para o triunfo de Trump, enquanto se pensava que a vitória de Hillary Clinton estava assegurada. Por manter um arcaismo como o colégio eleitoral, uma ideia do século XVIII, que se pretenderia ainda seja relevante na atualidade,  os Estados Unidos correm o risco de eleger presidentes minoritários, como foi o presidente George W. Bush, 'eleito' pela Corte Suprema que quebraria Tio Sam com os bilhões de dólares gastos na guerra do Iraque, e este último atualmente em funções, v.g. Donald Trump, um dos chefes de Governo menos habilitado e potencialmente mais ruinoso para os EUA, também ele derrotado no voto popular.

           É hoje uma triste, melancólica ironia que  Mr Comey - que pelo seu vedetismo dera a vitória no photochart para Trump (que já não necessita de apodos, ainda no início de seu primeiro e, esperemos, único mandato) - e o atual presidente se engalfinhem na imprensa e na mídia. Na verdade, ambos se merecem, e quem saíu perdendo foi o Povo americano que vê a Casa Branca ocupada por quem não está de longe preparado para exercer a presidência.

          É de esperar-se que, assim como James  Buchanan, um dos piores presidentes dos Estados Unidos, venha Trump ornar a galeria dos primeiro mandatários de um só mandato[1], o que seria a 'distinção' apropriada para personalidades como Mr Donald Trump.


(Fonte: The New York Times)


[1] James Buchanan,  presidente de 1857 a 1861, é o paradigma dos presidentes de um só mandato.

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