O povo venezuelano já sabe o que
esperar de Maduro. A situação em que se acha esse país fala por si. Quanto a
Putin, ter-se-á presente a visita que, no ano passado, Nicolás Maduro, à cata
de divisas, fez a este poderoso senhor de todas as Rússias.
Ambos os países têm no petróleo o
principal sustentáculo das respectivas economias. Pelas características da
situação econômico-financeira da Venezuela, aí decerto se detêm as semelhanças
entre essas duas economias.
Enquanto a Venezuela é uma potência
petrolífera à deriva, consumida pela hiper-inflação criada pela conjunta
incompetência de Hugo Chávez e de
Nicolás Maduro, a par de ambições que extravasaram a potencialidade de sua
economia, em mistura de insana ambição, de gastos perdulários, tomando o boom do petróleo como se fora eterno - e
aí está decerto a grande responsabilidade de Chávez, com seus planos de
grandeza hemisférica, fundadas em um
sobre-preço do petróleo que refletia uma situação passageira e foi tratado como
se permanente fora - a que se segue, no começo da presente década, a assunção
do herdeiro Maduro, e a involução na
bolha do petróleo, cuja alta passa à baixa, por mais interessar aos planos da
Arábia Saudita, peso pesado em termos de ouro negro, que tinha e tem outras
visões quanto ao mercado da OPEP e suas utilizações macro-financeiras.
A situação em que hoje se acha a
economia da pátria de Simón Bolívar não pode ser comparada obviamente à
Federação Russa. No entanto, porque
Maduro está montado em país que pela qualidade de seu petróleo e de sua
quantidade tinha condições de ter
presença em nível médio na liga do ouro negro.
Este 'tinha', no entanto, não é erro de revisor. Pela incompetência de
seu protetor, e pela própria, que é ainda maior, Maduro muito tem contribuído,
pela própria direção ruinosa da economia, para o desbaratamento da situação
venezuelana.
Ele contribuíu igualmente - como
o próprio Chávez - para a crise na PDVSA, que ambos trataram mal, não só por
conta da dilapidação dos fundos da companhia, mas também retirando pessoal
qualificado - em todos os níveis - da gestão da Petróleos de Venezuela, em decisão
em que ambos conjugaram a estupidez com a irresponsabilidade, como se
sindicalistas inexperientes pudessem tornar-se em técnicos e gerentes de
confiança.
A irresponsabilidade foi tamanha
que tanto Chávez (sobretudo por desatenção, resultante da respectiva
megalomania, que ao parecer não tinha tempo para detalhes mofinos), quanto
Maduro (este por incompetência ainda mais sólida, além de mediocridade mais
firme) conseguiram o quase impossível:
transformar a PDVSA, montada em um dos melhores petróleos do planeta, na hodierna
empresa claudicante, com graves problemas de maquinária e etc., sem falar das
exigências que Chávez lhe colocou no plano político e que o limitado Maduro
tratou de tornar ainda menos lucrativa, no que logrou uma ajuda da PDVSA
através de um mecanismo que por razões político-sindicais se comprovaria ainda mais precário, e por
conseguinte com dano adicional para o país que pelo caos na economia se tornara
ainda mais dependente dos poços de petróleo.
A situação venezuelana se agravou
tanto, ao passo que as antigas prestações técnicas da PDVSA também se foram
adequando ao panorama do governo de Nicolás Maduro, e será por isso que agora
vemos para onde vão os interesses do governo Maduro, ora voltados para o nível por assim dizer micro
das maracutaias e roubalheiras.
Pela obra da professora
americana Karen Dawisha - A Cleptocracia de Putin - de que me tenho valido, na
medida em que nos fornece os parâmetros da atuação desse líder de um país que
parece empreender a sua volta na cena internacional, depois do descalabro da
União Soviética - se dispõe de boas indicações a respeitos dos maus processos
de governo de gospodin Vladimir Putin. Quanto
a esse senhor Maduro, que uma vez mais mostra o quão ineptos podem ser os
líderes políticos quando apontam os respectivos herdeiros, como foi o caso do
declinante Hugo Chávez Frias, tudo indica que o futuro reserva para o petróleo
da Venezuela - antes chamado pela alta qualidade de ´champagne´- uma
participação colateral crescente, em que o ouro negro mais apareça como fautor
de lavagem de dinheiro e outras maracutaias do gênero.
( Fontes: O Estado de S. Paulo;
Putin´s Kleptocracy, Karen Dawisha )
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