terça-feira, 17 de abril de 2018

Rio: exploração da miséria ?


                               
        O assassínio da vereadora Marielle Franco (PSOL) e do motorista Anderson Gomes traumatizou o Rio. Ainda não se sabe quem mandou matar, pois não há duvida que foi um crime comissionado. Suspeita-se, no entanto, e muito, das milícias, porque no conturbado panorama da antiga Cidade Maravilhosa, elas estariam em alta.
         Dadas as circunstâncias (apagaram o alvo principal), e por ser crime notoriamente político - que provocou no povo carioca reação de tal magnitude que, certamente, quem mandou e quem realiza esse crime não imaginou fosse ocorrer.
        Estamos diante de um magnicídio. Há tantas mortes na Cidade Maravilhosa que não foi possível para os bandidos (e muito menos seus mandantes) imaginar  que a reação a mais este crime provocaria tal comoção, que logo se mostrou nas multidões que saíram às ruas para pranteá-la.
         Tangidos pelo clamor das gentes, não serão só as polícias que ficarão nervosas, pois todo o aparato da chamada sociedade civil, que sente a raiva da gente miúda, diante da enormidade e a audácia do crime, se vê ou se imagina espicaçado pela cobrança do Povo.
         Convenhamos que essa cobrança costuma ser rara e até mesmo fraca. Mas há casos  em que a insolência do Crime, embalada por tantas mortes que passam em branca nuvem,  pensa que terá o nojo do dia seguinte e o esquecimento em seguida.
         Erraram a mão.  Se as pesquisas começam,  se o trabalho de montar as peças do maldito quebra-cabeças por vezes é maior do que o previsto,  a raiva da sociedade e das gentes continua a ferver, naquela reação que se aprofunda e se entranha.
        Tanto políticos, quantos supostos responsáveis por desvendar o mistério ficam nervosos, e por vezes prometem o que não podem realizar.
        Como conseguir? Serão mesmo as milícias? O que dizem as impressões - ou o que resta delas - das mãos do assassino de aluguel?
         E as autoridades, quem sabe tangidas pela pressão da opinião pública, falam.
          Mas aí quem deve falar é a linguagem dos autos do processo, e não as manchetes dos jornais.
          O subdesenvolvimento já é o resultado de muitos crimes, a maior parte deles por negligência e incapacidade.  Então se diz o que não se deve, porque a gente quer saber e pode por isso aceitar palpites e até mesmo mentiras.   
         Se o Povo não se engana, e a sombra de Marielle é ainda maior do que ela própria em vida, quem poderá esquecer Inês de Castro, aquela que depois de morta foi rainha?

( Fontes: Luiz de Camões, André Filho )

Nenhum comentário: