É importante ter de
volta à página de Opinião de O Globo artigo de Marco Antonio Villa.
Se nem com tudo se pode concordar,
forçoso será reconhecer que não se deu à tragédia do Espírito Santo toda a
importância que deveria ter. Há um elemento egoísta de defesa nessa atitude.
Brasília terá realmente ignorado o que estava ocorrendo no Espírito Santo? Não
terá ela sensibilizado a elite política?
É difícil crer que alguém seja tão
obtuso que se recuse a tratá-la como se deve. Sob certos aspectos, a crise do
Espírito Santo estava muito presente no Rio de Janeiro, sobretudo em torno da
chamada Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro). O assediado
Governo de Pezão sente a ameaça e trata, ainda que canhestramente, de evitá-la.
Brasília terá realmente ignorado o que estava ocorrendo no Espírito Santo
? Vale dizer, o medo, a fome, os saques,
as mortes, os prejuízos do comércio ?
Quando a ameaça à ordem democrática é demasiado grave, e acontece no mesmo
país, a gravidade do momento empurra para baixo o sensacionalismo, e a mídia
pensa na preservação da sociedade.
Não se esqueçam que o rádio e a mídia
em geral mostrou a atitude corajosa do Governador Paulo Hartung, que deixou - contra parecer médico - a cama de
hospital, onde convalescia de recente operação cirúrgica para tentar, através
do respectivo nome e prestígio - afinal Hartung é considerado um dos melhores,
senão o melhor, Governador estadual - tentar o que fosse possível para salvar o
próprio Estado do descalabro.
Há certos traços, no entanto, do
artigo de Marco Antonio Villa com que é forçoso concordar. Se Brasília não
ignorou o que estava ocorrendo no Espírito Santo, e nem tudo foi tratado com
descaso, e tampouco há dúvidas sobre o protagonismo do Ministro da Defesa, Raul
Jungmann, criando condições de segurança militar para viabilizar a volta da
sociedade capixaba à normalidade.
Existe, no entanto, um parágrafo que
me parece forte e merecedor da atenção que por aqui não se viu com a ênfase de
Villa: "O sofrimento da população foi ignorado. Nenhuma liderança nacional foi dar apoio ao governador Paulo Hartung. (meu o grifo anterior). Contudo,
foram a São Paulo e São Bernardo do Campo prestar solidariedade a um criminoso,
organizador do maior esquema de desvio de recursos públicos
da história da humanidade, quando da morte de sua Esposa. Pior, o
Planalto decretou três dias de luto oficial. E os 140 mortos no Espírito Santo? Não
mereceram consideração? Por quê ?
"O risco de
a crise política se transformar em crise social é grande. As finanças estaduais
estão exauridas. Os serviços públicos
estão sucateados. O desemprego é alto. E
a falta de rápida e severa punição dos crimes de corrupção acaba desmoralizando as
instituições e estimulando o desprezo pela democracia."
"No horizonte,
nada indica que a elite política tenha consciência da real situação do
país. A crise não frequenta os salões de Brasília (meu o grifo). É necessário desatar o nó górdio. Mais uma vez, este será o papel
das ruas. (...) Hoje, a grande tarefa é derrotar politicamente a Praça dos Três
Poderes. O Brasil é melhor do que o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e
o Supremo Tribunal Federal. E esta tarefa é da sociedade civil. Não será fácil.
Mas é indispensável."
( Fonte: O Globo, artigo de Marco Antonio Villa )
Nenhum comentário:
Postar um comentário