De início, semelha importante frisar
que a questão dos transgêneros tem uma repercussão - e, por conseguinte,
importância - nos Estados Unidos que supera de muito o seu eventual peso no
Brasil.
Assim, a questão do rapaz transgênero
Gavin Grimm vai ser discutida na Corte Suprema nesta semana. Gavin Grimm processou
a Junta da Escola do condado de Gloucester, na Virgínia, há dois anos
atrás, depois que a Junta se negou a
permitir que Gavin usasse o banheiro dos
rapazes.
Comunicou-lhe a respeito que ele
poderia usar banheiro separado, num aposento reservado aos porteiros. A
Administração Obama rejeitara esse tipo de acomodação, como inaceitável e
discriminatória.
Tal
questão já aponta para a grande influência que deverá ter o Procurador-Geral
Jeff Sessions na Administração Trump, em
especial na política interna. O
controverso Sessions se opõe, como se sabe, a alargar as proteções federais
para muitas questões de seu interesse ex-officio,
entre outras, imigração, direitos de voto e direitos da comunidade gay. Não
surpreende que ele já se empenhe para colocar
o Departamento de Justiça em direção bastante diversa daquela tomada por
seus antecessores, na Administração Obama.
O Presidente Trump, dentro de sua
obnóxia linha de ser contrário às proteções antidiscriminatórias que hoje os
países mais avançados concedem às minorias, já se prepararia para expedir novas
diretrizes que rescindem tais proteções para estudantes transgêneros.
Nesse sentido, concordando totalmente
com o seu Ministro da Justiça (Attorney-General)
Jeff Sessions, determinou à Secretária de Educação, Betsy DeVos que se
alinhasse na posição de Sessions, e não mais tentasse manter as proteções para
estudantes transgêneros, que hoje estão de pé, por força da Administração
Obama.
Em boa parte, as dificuldades
encontradas pelo candidato de Trump para Attorney-General,
Jeff Sessions, decorrem de sua atitude preconceituosa e com viés repressor, que
Mr Sessions demonstra no tratamento das questões de seu Departamento. Pelo
visto, o Presidente Trump tem a intenção de apoiá-lo muito além de o que a
comunidade americana já está habituada em termos de respeito aos direitos das
minorias.
Pelo visto, os obstáculos encontrados na confirmação de
sua designação para Attorney-General
tinham muita razão de existirem. Com ministro da vocação repressiva de Jeff
Sessions, o governo Trump deverá enfrentar dificuldades muito maiores se
prosseguir dentro das linhas autoritárias, muito similares às do velho Fascio[1],
e em geral contrárias ao ethos da
modernidade, seja em termos de afro-americanos, gays, transgêneros, seja em
todas as demais questões ditas progressistas, que não são do agrado de Mr Jeff
Sessions. Tudo indica que Trump deva dar-lhe apoio irrestrito.
( Fonte: The New York Times )
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