Atento, caro leitor, porque na
Capital não se fala de brisas ou aragens, mas sim de ventos em termos de
corrupção.
Há inúmeros sinais de que a corrupção
- que em última análise deter-minara não só a queda do regime do PT, mas também
a presidência de Dilma Rousseff - reponta com força renovada em Brasília.
Se não, vejamos. O juiz Eduardo Rocha Penteado, da 14ª
Vara Federal de Brasília, suspendeu ontem, dia dez de fevereiro, por decisão
liminar, a nomeação de Moreira Franco para o cargo de
Ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República.
Ele tinha sido nomeado, na última
sexta-feira, dia três de fevereiro, pelo Presidente Michel Temer.
Ao decidir, o magistrado ressaltou que Moreira foi mencionado na
delação premiada da Odebrecht,
homologada três dias antes da nomeação.
Outrossim, para o Juiz, a posse de
Moreira Franco ocorreu apenas para dar foro privilegiado a um possível
investigado, já que se houver pedido de
abertura de inquérito contra o ministro, ele não seria investigado na primeira
instância do Judiciário, mas no Supremo Tribunal Federal.
Nesse contexto, o juiz Rocha
Penteado citou decisão de 2016, do ministro
Gilmar Mendes, do STF, que suspendera a validade da nomeação de Luiz Inácio
Lula da Silva para o cargo de Ministro da Casa Civil. Para o Ministro Gilmar
Mendes, o ato servira apenas para dar foro privilegiado a Lula, que é
investigado na Lava-Jato.
Assinale-se, a propósito, a conversa telefônica gravada entre a então Presidente Dilma Rousseff e o seu chefe e mentor, Lula da Silva, a respeito do assunto
É de notar-se que o Planalto está
preocupado em evitar o chamado "efeito Lula" em razão da liminar,
fazendo que ações se espalhem por todo o país, como ocorrera na tentativa de
Dilma em salvar o próprio chefe.
No entanto, segundo análise de Paulo Celso Pereira, estampada também em
O Globo, estamos diante de outra
ousadia do Presidente:
"desde terça-feira, no entanto, Temer decidiu caminhar velozmente pelos
bastidores rumo a um salto mais ousado: nomear alguém publicamente crítico à Operação Lava-Jato para o Ministério da
Justiça, que comanda os trabalhos da Polícia Federal."
Tanto a Alexandre de Moraes, quanto
a Antonio
Claudio Mariz, não falta currículo juridico. Pois também a Mariz é
difícil não incluí-lo em lista dos maiores criminalistas do país. O problema é
outro, e é daqueles que não admite escanteamentos. "O problema do advogado
é sua militância pública contra a operação que representa uma mudança de rumos
no histórico de impunidade de poderosos. No
início de 2016, Mariz assinou um manifesto que qualificava a operação
(Lava-Jato) como "uma espécie de inquisição" que aplicaria "uma
tentativa de justiçamento, como não se via
nem mesmo na época da ditadura".
E Paulo Celso Pereira conclui a
sua análise em O Globo: "Um dos
maiores amigos de Temer há décadas, Mariz foi cotado para a pasta antes mesmo
de o impeachment ser aprovado. O peemedebista desistiu da indicação depois
de o advogado reiterar suas posições.
Naquela ocasião, a opinião pública mostrou a Temer que ali havia um muro e ele
recuou. Resta saber se desta vez ele vai arriscar."
Se Temer acaso pensa que os ventos
mudaram, e que a nova sazão permite o que até agora não fora possível, precisa
urgente recarregar as respectivas baterias. Não se trata aqui de ter aval deste
ou daquele partido, mas sim de atentar para o querer da Nação, que não admite
duas coisas: que se retrocedesse na
independência concedida à Polícia Federal (como o finado Márcio Thomaz Bastos
obteve do Presidente Lula), assim como no apoio ao Ministério Público em
continuar na limpeza das Cavalariças de Áugeas. Tudo que cheirar a contrário, não
é decerto do interesse da Nação.
( Fonte: O Globo )
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