quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Ventos de corrupção em Brasília ?

                              

         Atento, caro leitor, porque na Capital não se fala de brisas ou aragens, mas sim de ventos em termos de corrupção.
          Há inúmeros sinais de que a corrupção - que em última análise deter-minara não só a queda do regime do PT, mas também a presidência de Dilma Rousseff - reponta com força renovada em Brasília.

          Se não, vejamos. O juiz Eduardo Rocha Penteado, da 14ª Vara Federal de Brasília, suspendeu ontem, dia dez de fevereiro, por decisão liminar, a nomeação de Moreira Franco para o cargo de Ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República.
          Ele tinha sido nomeado, na última sexta-feira, dia três de fevereiro, pelo Presidente Michel Temer.
           Ao decidir, o magistrado  ressaltou que Moreira foi mencionado na delação premiada da Odebrecht, homologada três dias antes da nomeação.

           Outrossim, para o Juiz, a posse de Moreira Franco ocorreu apenas para dar foro privilegiado a um possível investigado, já  que se houver pedido de abertura de inquérito contra o ministro, ele não seria investigado na primeira instância do Judiciário, mas no Supremo Tribunal Federal.
            Nesse contexto, o juiz Rocha Penteado citou decisão de 2016, do ministro Gilmar Mendes, do STF, que suspendera a validade da nomeação de Luiz Inácio Lula da Silva para o cargo de Ministro da Casa Civil. Para o Ministro Gilmar Mendes, o ato servira apenas para dar foro privilegiado a Lula, que é investigado na Lava-Jato. Assinale-se, a propósito, a conversa telefônica gravada entre a então Presidente Dilma Rousseff e o seu chefe e mentor, Lula da Silva, a respeito do assunto
             É de notar-se que o Planalto está preocupado em evitar o chamado "efeito Lula" em razão da liminar, fazendo que ações se espalhem por todo o país, como ocorrera na tentativa de Dilma em salvar o próprio chefe.
            No entanto, segundo análise de Paulo Celso Pereira, estampada também em O Globo, estamos diante de outra ousadia do Presidente:
"desde terça-feira, no entanto, Temer decidiu caminhar velozmente pelos bastidores rumo a um salto mais ousado: nomear alguém publicamente crítico  à Operação Lava-Jato para o Ministério da Justiça, que comanda os trabalhos da Polícia Federal."

           Tanto a Alexandre de Moraes, quanto a Antonio Claudio Mariz, não falta currículo juridico. Pois também a Mariz é difícil não incluí-lo em lista dos maiores criminalistas do país. O problema é outro, e é daqueles que não admite escanteamentos. "O problema do advogado é sua militância pública contra a operação que representa uma mudança de rumos no histórico de impunidade de poderosos. No início de 2016, Mariz assinou um manifesto que qualificava a operação (Lava-Jato) como "uma espécie de inquisição" que aplicaria "uma tentativa de justiçamento, como não se via nem mesmo na época da ditadura".
             E Paulo Celso Pereira conclui a sua análise em O Globo: "Um dos maiores amigos de Temer há décadas, Mariz foi cotado para a pasta antes mesmo de o impeachment ser aprovado. O peemedebista desistiu da indicação depois de o advogado reiterar  suas posições. Naquela ocasião, a opinião pública mostrou a Temer que ali havia um muro e ele recuou. Resta saber se desta vez ele vai arriscar."

             Se Temer acaso pensa que os ventos mudaram, e que a nova sazão permite o que até agora não fora possível, precisa urgente recarregar as respectivas baterias. Não se trata aqui de ter aval deste ou daquele partido, mas sim de atentar para o querer da Nação, que não admite duas coisas: que se retrocedesse na independência concedida à Polícia Federal (como o finado Márcio Thomaz Bastos obteve do Presidente Lula), assim como no apoio ao Ministério Público em continuar na limpeza das Cavalariças de Áugeas. Tudo que cheirar a contrário, não é decerto do interesse da Nação.


( Fonte:  O Globo ) 

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