O que
é o carnaval hoje no Brasil? Para quem
assiste da janela, a festa mudou muito.
Isto
é coisa séria, e mais do que parece. O que são, na verdade, as festas
populares? Ora, pode parecer superficial ou fora da realidade, mas o carnaval será
sempre a festa do Povo.
Hoje
em dia, o Carnaval continua o mesmo, embora mude sempre. Será sempre o espelho
do momento em que se vive. Nos anos da Cidade Maravilhosa, aquele hino
romântico de André Filho, que é conservado na internet, como se ainda os anos trinta do século
passado fossem a norma e o cenário desta cidade, ele refletia o temperamento, a
visão e os costumes dos foliões daquele tempo, que hoje, ou viraram, ou estão
virando o pó que o vento leva, como no livro de Margaret Mitchell (1936). O romance imortalizou Scarlett O'Hara (Vivian
Leigh) e Rhett Butler (Clark Gable) para
mais de uma geração, no filmão dirigido por Victor Fleming.
Assim, tudo continua igual ao que diz a canção. Só que os ingênuos
versos de André Filho, falam e enaltecem cenário e mundo que já se foi, e há
muito, para o beleléu.
Cada época tem a sua cartilha e o seu catecismo. Vista à distância -
melhor até se escutarmos o hino através de uma vitrola - temos a impressão de
havermos mergulhado no inatingível passado, e por instantes, dispomos do
privilégio de viajar na máquina do tempo.
É
um sonho recorrente esse de passear no passado. Parece aliteração e o é, na
verdade. Porque entramos nos domínios
proibidos de nossos antepassados, a que visitamos como crianças, pé ante pé, na
suposição de fazermos um mergulho no tempo, que, como todo o mergulho, tem de
ser rápido e com a respiração presa.
Senão, nos acontece como com o mergulhador de Paestum - que os meus leitores já conhecem - eis que a sua prometida viagem pode ser mais
completa do que ele pensa.
O
meu conselho - de quem nas rugas leva a marca de muitos carnavais - é de não
esquecer que esta festa, como todas elas, passa depressa, não convive bem com
quem pensa vir de outras galáxias - como o atual Prefeito do Rio, cuja postura
de menosprezar o Carnaval bem mostra o quanto ele precisa aprender para
entender a cidade que se diz Mara-vilhosa - e é, por conseguinte, a desatinada
festança da mocidade, justamente daquela que costuma passar como a brisa, e
partir sem deixar bilhete ou confetes de outros carnavais.
Como
dizem os antigos: curte o momento, enquanto ele signifique algo.
Quando vira velharia que requer remexer em retalhos, recortes e restos
mil, será melhor voltar correndo para o Brasil ... da quarta-feira.
Este existirá sempre, pelo menos para aqueles que sobreviverem a mais
este Tríduo Momesco, com o seu velho
enredo de cantorias, cantadas, e encantos mil.
Até a próxima, minha estranha conhecida, se vivos estivermos nessa
Cidade Maravilhosa, de surpresas mil.
(
Fonte: internet )
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