sábado, 25 de fevereiro de 2017

O país do Carnaval

                              

         O que é o carnaval hoje no Brasil?  Para quem assiste da janela, a festa mudou muito.
          Isto é coisa séria, e mais do que parece. O que são, na verdade, as festas populares? Ora, pode parecer superficial ou fora da realidade, mas o carnaval será sempre  a festa do Povo.
          Hoje em dia, o Carnaval continua o mesmo, embora mude sempre. Será sempre o espelho do momento em que se vive. Nos anos da Cidade Maravilhosa, aquele hino romântico de André Filho, que é conservado na internet, como se ainda os anos trinta do século passado fossem a norma e o cenário desta cidade, ele refletia o temperamento, a visão e os costumes dos foliões daquele tempo, que hoje, ou viraram, ou estão virando o pó que o vento leva, como no livro de Margaret Mitchell (1936).  O romance imortalizou Scarlett O'Hara (Vivian Leigh) e Rhett Butler (Clark Gable)  para mais de uma geração, no filmão dirigido por Victor Fleming.
           Assim, tudo continua igual ao que diz a canção. Só que os ingênuos versos de André Filho, falam e enaltecem cenário e mundo que já se foi, e há muito, para o beleléu.
           Cada época tem a sua cartilha e o seu catecismo. Vista à distância - melhor até se escutarmos o hino através de uma vitrola - temos a impressão de havermos mergulhado no inatingível passado, e por  instantes, dispomos do privilégio de viajar na máquina do tempo.
           É um sonho recorrente esse de passear no passado. Parece aliteração e o é, na verdade.  Porque entramos nos domínios proibidos de nossos antepassados, a que visitamos como crianças, pé ante pé, na suposição de fazermos um mergulho no tempo, que, como todo o mergulho, tem de ser rápido e com a respiração presa.
           Senão, nos acontece como com o mergulhador de Paestum - que os meus leitores já conhecem -  eis que a sua prometida viagem pode ser mais completa do que ele pensa.
           O meu conselho - de quem nas rugas leva a marca de muitos carnavais - é de não esquecer que esta festa, como todas elas, passa depressa, não convive bem com quem pensa vir de outras galáxias - como o atual Prefeito do Rio, cuja postura de menosprezar o Carnaval bem mostra o quanto ele precisa aprender para entender a cidade que se diz Mara-vilhosa - e é, por conseguinte, a desatinada festança da mocidade, justamente daquela que costuma passar como a brisa, e partir sem deixar bilhete ou confetes de outros carnavais.
          Como dizem os antigos: curte o momento, enquanto ele signifique algo.
          Quando vira velharia que requer remexer em retalhos, recortes e restos mil, será melhor voltar correndo para o Brasil ... da quarta-feira.
          Este existirá sempre, pelo menos para aqueles que sobreviverem a mais este  Tríduo Momesco, com o seu velho enredo de cantorias, cantadas, e encantos mil. 
          Até a próxima, minha estranha conhecida, se vivos estivermos nessa Cidade Maravilhosa, de surpresas mil.


( Fonte: internet )

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