O artificialismo
da crise EUA-México poderia rotular os seus meses iniciais, mas não creio que
se possa denominá-la dessa forma, sob o eco das declarações de Donald Trump - que
a criou do nada - nas presentes circunstâncias.
Não se deve esquecer que o primeiro
grito do então quase desconhecido Trump se reporta à necessidade dita imperiosa
de construir um muro entre os dois países, para 'proteger' a comunidade
americana dos insidiosos ataques dos estupradores mexicanos.
Como o leitor do blog há de verificar nunca uma mentira rasgou com tal força os
anteriores panos cinzas que encobriam um candidato virtualmente desconhecido.
Projetou-o na mídia, a princípio com o acento do deboche, mas em seguida o
coloca em um lugar diverso dos demais ignotos que com ele batalhavam pela ribalta
da fama.
Muito depressa desaparecia o dito
candidato do verão, e surgia o bicho-papão, criado pela mídia americana, com
toda a tonitruância e arrogância que pautaria as suas representações
posteriores.
Pois não se deve esquecer que, enquanto
os demais candidatos formavam um todo amorfo no grupo republicano, repontava
como virtual vencedor - muito antes dos selos da convenção - Mr Trump vinha com o seu
corpanzil de empáfia, arrogância extrema, e direcionada vontade.
No México, teria ainda a fortuna de
encontrar um Presidente inseguro e sem a necessária coragem e determinação para
rasgar-lhe a postura arrogante que o mexicano, por tantas vezes, deparou no
vizinho americano. Enrique Peña Nieto não o enfrentou como devera.
É uma crise artificial esta que
pulou, pelos pés de Mr Trump, no território mexicano. De repente, temos um
turbilhão de crises artificialmente criadas, pela mão pesada e untuosa de Mr
Trump.
Depois de pintar o diabo, Trump
continua falando grosso: "Temos que ser tratados de forma justa. Com o
México, teremos uma boa relação... ou se não, não."
À distância, o Secretário de
Estado, Rex Tillerson, e o de Segurança Interna John Kelly, foram recebidos em
clima glacial por seus homólogos mexicanos.
Mesmo nos hirtos personagens
das fotografias, o mal-estar é visível. De longe, Trump cuidou de dar declarações
não de paz, mas da não tão velada ameaça, que ele pespega em tudo - ou quase
tudo - que ao México se refira.
Para um país que tanto sofreu
com os desmandos e as invasões da Superpotência ao norte, o tratamento
dispensado por Mr Trump se aproxima da provocação, eis que vai além de o que os
seus ministros agitam em declarações de composição.
( Fonte: O Globo )
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