sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Uma crise artificial ?

                                            

         O artificialismo da crise EUA-México poderia rotular os seus meses iniciais, mas não creio que se possa denominá-la dessa forma, sob o eco das declarações de Donald Trump - que a criou do nada - nas presentes circunstâncias.
          Não se deve esquecer que o primeiro grito do então quase desconhecido Trump se reporta à necessidade dita imperiosa de construir um muro entre os dois países, para 'proteger' a comunidade americana dos insidiosos ataques dos estupradores mexicanos.
          Como o leitor do blog há de verificar nunca uma mentira rasgou com tal força os anteriores panos cinzas que encobriam um candidato virtualmente desconhecido. Projetou-o na mídia, a princípio com o acento do deboche, mas em seguida o coloca em um lugar diverso dos demais ignotos que com ele batalhavam pela ribalta da fama.
          Muito depressa desaparecia o dito candidato do verão, e surgia o bicho-papão, criado pela mídia americana, com toda a tonitruância e arrogância que pautaria as suas representações posteriores.
          Pois não se deve esquecer que, enquanto os demais candidatos formavam um todo amorfo no grupo republicano, repontava como virtual vencedor - muito antes dos selos da convenção - Mr Trump vinha com o seu corpanzil de empáfia, arrogância  extrema, e direcionada vontade. 
           No México, teria ainda a fortuna de encontrar um Presidente inseguro e sem a necessária coragem e determinação para rasgar-lhe a postura arrogante que o mexicano, por tantas vezes, deparou no vizinho americano. Enrique Peña Nieto não o enfrentou como devera.
            É uma crise artificial esta que pulou, pelos pés de Mr Trump, no território mexicano. De repente, temos um turbilhão de crises artificialmente criadas, pela mão pesada e untuosa de Mr Trump.      
            Depois de pintar o diabo, Trump continua falando grosso: "Temos que ser tratados de forma justa. Com o México, teremos uma boa relação... ou se não, não."
                 À distância, o Secretário de Estado, Rex Tillerson, e o de Segurança Interna John Kelly, foram recebidos em clima glacial por seus homólogos mexicanos.
                 Mesmo nos hirtos personagens das fotografias, o mal-estar é visível. De longe, Trump cuidou de dar declarações não de paz, mas da não tão velada ameaça, que ele pespega em tudo - ou quase tudo - que ao México se refira.
                  Para um país que tanto sofreu com os desmandos e as invasões da Superpotência ao norte, o tratamento dispensado por Mr Trump se aproxima da provocação, eis que vai além de o que os seus ministros agitam em declarações de composição.



( Fonte: O Globo )

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